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Reforma Política - Cebrap

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Ronaldo Caiado<br />

O eleitor não votará em quem quiser, mas apenas em alguém que integre um partido e que<br />

tenha sido por ele selecionado em convenção, e muitas vezes seu voto serve para eleger outro<br />

candidato com o perfil oposto daquele em quem votou.<br />

Votar em nomes, na escala de um estado, e não em partidos, tem um custo elevado e<br />

inúmeras desvantagens. O parlamentar eleito em sistema de lista aberta não está compromissado<br />

por qualquer modo com o eleitor que o elegeu, e sua atividade não se sujeita a qualquer<br />

controle a não ser o seu próprio interesse pessoal. Ele não atua por força de princípios<br />

ou programas, mas no âmbito de conveniências, pessoais ou grupais. Por outro lado, pela<br />

inexistência de fidelidade partidária, acompanhada de sanções efetivas, a ação parlamentar<br />

é marcada por aguda incoerência e total imprevisibilidade pela possibilidade de que vereadores<br />

e deputados migrem à vontade entre as legendas partidárias. Esse quadro predispõe<br />

os parlamentos a “mensalões”, subornos e negociatas, tanto de governantes<br />

Votar em nomes, na quanto da iniciativa privada, e viola, na prática, a vontade do eleitor. Mais<br />

escala de um estado, e que isso, impede qualquer tipo de estabilidade institucional e compromete<br />

não em partidos, tem o prestígio e a legitimidade das instituições políticas perante a sociedade.<br />

um custo elevado e Com o voto em lista fechada, assegura-se, de imediato, a estabilidade<br />

inúmeras desvantagens<br />

do quadro partidário. Assim, o debate eleitoral se modifica, pois as legendas<br />

serão forçadas a discutir com o eleitorado as questões importantes em<br />

jogo na sociedade e as propostas de cada grupo para lidar com elas. Vale lembrar que, diferentemente<br />

do que existe hoje, somente partidos organizados e estabilizados em torno de<br />

plataformas são capazes de fazer compromissos e cumpri-los, de interagir responsavelmente<br />

uns com os outros nas negociações políticas e na composição dos governos de coalizão, que<br />

em nosso país são a forma habitual de exercício do Poder Executivo.<br />

Mas não é suficiente legitimar e tornar reais os partidos políticos. É igualmente fundamental<br />

minimizar o custo das eleições e, simultaneamente, impedir a corrupção eleitoral,<br />

seja por interferência direta do poder econômico no financiamento das campanhas, seja ela<br />

por influência indireta de governantes, mediante obras e favores com recursos públicos. A<br />

situação é ainda mais grave do que aparentava, pois, paradoxalmente, mesmo com a proibição<br />

de gastos em showmícios e distribuição de brindes, com o objetivo de reduzir os custos<br />

e a prática de “caixa dois”, os candidatos gastaram muito mais com a campanha de 2006 do<br />

que haviam feito com a de 2002.<br />

Na raiz do problema está também o atual sistema eleitoral, que, tanto por força da mudança<br />

dos meios de comunicação e difusão quanto pela pulverização individual nas eleições<br />

proporcionais, demanda recursos cada vez maiores, em especial nestas últimas. Como cada<br />

candidato teve que cuidar individualmente de sua campanha, todas as campanhas, majoritárias<br />

ou proporcionais, se tornaram proibitivas, exigindo abundantes recursos financeiros,<br />

em geral não disponíveis para partidos e candidatos.<br />

A necessidade de recursos é suprida seja pelas contribuições privadas, de cidadãos e,<br />

sobretudo, de grandes empresas, seja pelo uso da máquina administrativa. Em ambos os<br />

casos, acabam maculadas e severamente comprometidas a normalidade e a legitimidade das<br />

eleições. Na primeira situação, a força do dinheiro substitui a das idéias; além disso, gera-se<br />

dependência da representação parlamentar com respeito aos seus financiadores, o que não é

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