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Reforma Política - Cebrap

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Alexandre Cardoso*<br />

<strong>Reforma</strong> política:<br />

prioridade da democracia<br />

A raiz da maioria dos problemas políticos brasileiros está na ineficiência histórica da<br />

educação no país. Sem conhecimentos necessários para distinguir as funções e interdependências<br />

de cada poder constitutivo de nossa democracia, o cidadão confunde atribuições e<br />

“compra gato por lebre”. Prova disso é que, três meses após a eleição, um terço dos eleitores<br />

não lembra mais em quem votou para deputado. Por oportunismo ou ignorância, os candidatos<br />

a parlamentar reforçam o modelo “toma lá, dá cá”, prometendo benefícios que não<br />

podem ou não deveriam cumprir. Recente levantamento sobre o perfil da nova composição<br />

da Câmara dos Deputados aponta que dois terços dos parlamentares foram eleitos, direta<br />

ou indiretamente, graças ao assistencialismo.<br />

O atual e exaurido modelo Centros sociais ou religiosos, apesar de necessários diante da omissão<br />

político-eleitoral é o do Estado, oferecem assistência médica, odontológica e alimentícia como<br />

principal ingrediente do instrumento de realização de projetos políticos individuais, desvirtuando o<br />

desprestígio e da corrupção objetivo filantrópico. Poucos se apresentam ao eleitor com idéias, ideais ou<br />

do parlamento brasileiro propostas de debate sobre, por exemplo, o papel do Mercosul, da reforma<br />

em todas as esferas tributária ou do marco regulatório do saneamento básico.<br />

O atual e exaurido modelo político-eleitoral é o principal ingrediente<br />

do desprestígio e da corrupção do parlamento brasileiro em todas as esferas. Um modelo em<br />

que o voto no candidato “A” elege o candidato “B”. Somente seis por cento dos candidatos<br />

atingem o quociente eleitoral, enquanto o restante se beneficia de votos alheios. Esse tipo<br />

de política, aliado à manipulação da assistência social, é a responsável pela eleição de “simpatizantes”<br />

do narcotráfico, do roubo de cargas e do tráfico de armas.<br />

Além do óbvio investimento em educação, acredito ser necessária a redivisão geográfica<br />

do país e, conseqüentemente, a revisão dos conceitos de município dentro do mapa<br />

político-eleitoral do Brasil. O princípio de igualdade entre as unidades da Federação está<br />

resguardado pela distribuição equânime de vagas no Senado Federal. No entanto, é preciso<br />

rever os critérios das eleições proporcionais. Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, concentra<br />

mais eleitores que todo o Estado do Amapá. O ex-território e seus cerca de quinhentos mil<br />

habitantes elegem tantos deputados federais quanto o Distrito Federal, que tem população<br />

na casa dos dois milhões. Ou seja, um voto amapaense vale cinco vezes mais que o voto<br />

brasiliense.<br />

*Alexandre Cardoso, deputado federal, PSB/RJ, é atualmente secretário estadual de Ciência e Tecnologia do Rio de<br />

Janeiro. Presidiu a Comissão Especial da <strong>Reforma</strong> <strong>Política</strong> na 52ª legislatura (2003-2007).

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