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chegava a intervalos, aumentava à medida <strong>em</strong> que ele progredia. O corredor<br />

terminava numa porta. Quando a <strong>em</strong>purrou, o barulho assaltou-o brutalmente, como<br />

um soco <strong>em</strong> pleno rosto. Um barulho monstruoso, titânico, que o pregou na soleira.<br />

E o espetáculo oferecido ao seu olhar era também tão incrível, tão surpreendente<br />

quanto aquele maelström.<br />

Era um anfiteatro colossal, onde formigavam milhares de homens, amontoados <strong>em</strong><br />

bancos, de pé, andando de um lado para outro, com uma febril impaciência. E todos<br />

pregavam o olhar no quadro dividido <strong>em</strong> casas que ocupava todo o fundo do<br />

auditório. Cada casa levava uma letra do alfabeto. Fara sentou-se depois de ter<br />

achado a casa dos C. Tinha a impressão de se ter metido num jogo de pôquer s<strong>em</strong><br />

limite. Era vertiginoso, fascinante, esgotante. Era terrível.<br />

As casas se iluminavam, uma a uma, compondo nomes. Pessoas berravam, outras<br />

se sentiam mal. O berreiro fazia tr<strong>em</strong>er as paredes incessant<strong>em</strong>ente, s<strong>em</strong> descanso,<br />

indescritivelmente. De minuto a minuto, um aviso brilhava <strong>em</strong> letras de fogo: VIGIE<br />

SUAS INICIAIS.<br />

Fara não tirava os olhos do painel. Não agentaria muito t<strong>em</strong>po. A cada segundo<br />

era mais intolerável. Tinha vontade de gritar pedindo silêncio, levantar, caminhar<br />

como um urso na jaula, ele também. Mas os que cediam a esse impulso eram<br />

atacados por insultos histéricos.<br />

Bruscamente, aquela loucura o apavorou. "Não vou bancar o idiota, eu... "<br />

Clark, Fara... Clark, Fara.<br />

Seu nome. Era seu nome, o nome dele que piscava no painel.<br />

- Sou eu - urrou. Mas ninguém se virou. Ninguém prestou-lhe a menor atenção.<br />

Envergonhado, atravessou o anfiteatro furtivamente para atingir um novo<br />

corredor, onde incorporou-se a uma interminável fila de pessoas. Ali, tudo era<br />

silêncio. Um silêncio quase tão insuportável quanto o sabá de há pouco.<br />

474. Era difícil concentrar a atenção <strong>em</strong> um número! 474. Iria enfrentar o quê,<br />

quando <strong>em</strong>purrasse a porta do número 474?<br />

Era um escritório exíguo, sumariamente mobiliado com um par de cadeiras e uma<br />

mesa sobre a qual folhas de papel estavam regularmente dispostas <strong>em</strong> pilhas e no<br />

meio da qual imperava um globo feito de uma substância opalina e luminosa.<br />

Uma voz ergueu-se.<br />

"Fara Clark?"<br />

- Sou eu.<br />

"Antes de ser dado o veredito, queira apanhar uma folha azul. "<br />

Era apenas a lista de todas as sociedades dependentes do Banco Interplanetário<br />

n° 5. Cerca de quinhentos nomes, colocados por ord<strong>em</strong> alfabética, s<strong>em</strong> um<br />

comentário. Fara colocou a folha no bolso.<br />

"Todas as explicações lhe serão dadas <strong>em</strong> t<strong>em</strong>po útil", continuou a voz. "Foi<br />

constatado que o Banco Interplanetário n.° 5 cometeu uma patifaria indiscutível com<br />

o senhor. Além disso, é culpado de fraude, de violência, de chantag<strong>em</strong> e,<br />

paralelamente, de conspiração criminosa. Um agente do banco, cujo papel é entrar<br />

<strong>em</strong> contato com rapazes e moças de boas famílias <strong>em</strong> dificuldades financeiras,<br />

travou conhecimento com seu filho. O cúmplice recebe 8 por cento do <strong>em</strong>préstimo<br />

concedido e a comissão é paga pelo solicitante. O banco declarou que seu filho<br />

recebeu dez mil créditos, quando lhe entregou apenas mil, e isso depois que o<br />

senhor assinou o reconhecimento de dívida. Disseram-lhe que seu filho corria o risco<br />

de ser preso por ter fraudulentamente pedido um <strong>em</strong>préstimo <strong>em</strong> seu nome e a<br />

ameaça foi feita antes que o dinheiro tenha mudado de mão. A transferência do seu<br />

crédito ao seu concorrente constitui, enfim, um delito de conspiração. Em

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