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O rosto do velho iluminou-se. - Ah! É para um suicídio? Caro senhor, se o senhor deseja se suprimir, isso não nos diz respeito de modo algum. Destruir-se é um dos raros privilégios de que um indivíduo pode ainda se gabar num mundo onde os direitos são cada vez mais restritos. Quanto ao preço, quatro créditos. - Só? Era uma soma irrisória e Fara estava assombrado. Ordin, nem mais nem menos... E a arma era fina, artisticamente cinzelada. Fara teria achado barato vinte e cinco créditos. O mistério das Casas de Armas pareceu-lhe de repente ter também uma importância igual à sua própria sorte. - Se quiser tirar o casaco para fixar o coldre... Fara obedeceu. Dentro de alguns segundos, quando deixasse a loja, não teria mais problemas. Nada impediria sua morte. Sentiu-se curiosamente decepcionado. Contrariamente ao esperado, um débil luzir de esperança, que bruxuleava em algum lugar dentro dele, vinha de se apagar. A esperança de que os Fabricantes de Armas pudessem... pudessem... - É preferível que saia pelos fundos, onde o risco é menor de se fazer notar. Fara não resistiu quando o negociante o empurrou suavemente pelo cotovelo para o fundo da loja. Houve um clique e a porta se materializou. Atrás, havia flores. Fara caminhou como um autômato.
CAPITULO DÉCIMO SÉTIMO Fara imobilizou-se no meio da aléia cuidadosamente traçada. Havia chegado o momento decisivo. Estava tentando se concentrar nessa idéia mas não conseguia disciplinar seus pensamentos. Qualquer coisa estava errada. Continuou a andar, para contornar a loja e, progressivamente, o vago mal-estar que o envolvia transformouse num sentimento de estupefação. A evidência o dominou, cortando-lhe a respiração: não estava mais em Glay. A loja não estava mais em seu lugar. Alguns homens passaram-lhe à frente, tomando lugar numa fila de espera, mas Fara não reparou, fascinado que estava pela máquina que se erguia no lugar onde deveria se encontrar a loja. Em seu lugar, um imenso bloco de metal destacava-se contra o azul-mediterrâneo de um céu sem nuvens. Cinco terraços, de cerca de trinta metros cada um, subiam, em direção ao céu, terminando por uma ogiva de luz, por uma flecha audaciosa cujo brilho rivalizava com o do sol. E não era um edifício, era uma máquina. Todo o andar inferior palpitava de luzes cambiantes. Verdes, na maioria, mas que, às vezes, tornavam-se vermelhas, azuis ou amarelas. O segundo terraço só comportava dois fogos: branco e vermelho; o terceiro: azul e amarelo; quanto ao quarto, liam-se as palavras: BRANCO Nascimentos VERMELHO Mortes VERDE População ativa AZUL Imigração AMARELO Emigração No último terraço, outras palavras ainda. E números: POPULAÇÃO SISTEMA SOLAR.. . 11. 474. 463. 747 TERRA.. .. .. .. .. 11. 193. 247. 361 MARTE.. .. .. .. .. .. .. 97. 298. 604 VÊNUS.. .. .. .. .. .. .. 141. 053. 811 LUAS.. .. .. .. .. .. .. 42. 863. 971 Os números mudavam incessantemente. Pessoas morriam, nasciam, trocavam Marte por Vênus, as Luas por Júpiter ou pela Lua da Terra; outras tornavam a pousar em dezenas e dezenas de espaçodromos. A imagem que Fara tinha sob os olhos era o reflexo da imensa pulsação da vida. - Será melhor o senhor entrar na sua vez - disse, perto dele, uma voz cheia de cordialidade. - Os casos individuais são difíceis de regularizar. Fara encarou o homem que acabava de falar. Não percebeu o que ele quis dizer.
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O rosto do velho iluminou-se.<br />
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Era uma soma irrisória e Fara estava assombrado. Ordin, n<strong>em</strong> mais n<strong>em</strong> menos...<br />
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