Download em PDF - Le Livros
Download em PDF - Le Livros
Download em PDF - Le Livros
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
vezes me repetiste que sou responsável por ele ser como é? Aliás, sabes por que ele<br />
precisa de dinheiro?<br />
- No espaço de uma hora ele liquidou as nossas economias. Friamente. Porque<br />
sabia que nós não podíamos fazer outra coisa, grandes imbecis que somos.<br />
- Só sei de uma coisa: a honra do nosso nome está salva.<br />
Seu sentimento de ter agido de acordo com seu dever durou até o meio da tarde.<br />
Exatamente até o momento <strong>em</strong> que um oficial de justiça da Ferd apresentou-se no<br />
ateliê para interditá-lo.<br />
- A Sociedade de Reparação e Manutenção de Motores Atômicos pagou ao banco o<br />
seu <strong>em</strong>préstimo e ficou com seus títulos. Por ord<strong>em</strong> dela, suas instalações ficam sob<br />
seqestro.<br />
- O quê? Mas é a vigarice mais deslavada! Vou imediatamente me queixar! Ah! Se<br />
a Imperatriz souber... ela... ela...<br />
Perdido nos cinzentos corredores do Palácio da Justiça, Fara sentia-se enregelado<br />
até os ossos. Tinha preferido não chamar um hom<strong>em</strong> da lei. Essa decisão, quando a<br />
tomara na aldeia, lhe havia parecido a mais prudente. Mas agora, perdido no meio<br />
daquelas salas colossais, tinha a impressão de ter agido como o último dos imbecis.<br />
Todavia, fez o que pôde para explicar seu caso à corte, denunciando o complô<br />
criminoso do banco e a ligação deste com seu principal concorrente.<br />
- Estou convencido de que a Imperatriz desaprovaria essas manobras contra<br />
cidadãos honestos - disse, encerrando sua exposição.<br />
- Como se atreve a cobrir a defesa de seus sórdidos interesses com o nome de Sua<br />
Graciosa Majestade? - exclamou uma voz seca e fustigante.<br />
Fara estr<strong>em</strong>eceu. Havia <strong>em</strong> Isher milhares de tribunais impessoais, s<strong>em</strong>elhantes<br />
àquele, milhões de patifes, milhões de homens s<strong>em</strong> entranhas, postados entre a<br />
Imperatriz e seu bom povo. Se ela soubesse o que se passava, se ela fosse avisada<br />
da injustiça de que ele, Fara, era vítima, ela... ela...<br />
Bom, que faria mesmo ela?<br />
Des<strong>em</strong>baraçou-se da horrível dúvida que assolou seu espírito e estr<strong>em</strong>eceu<br />
quando o escrivão pronunciou o veredicto:<br />
- A queixa foi recusada e o queixoso condenado a pagar as custas. Não poderá<br />
deixar o recinto antes de pagar sua dívida para com a justiça, ou seja, quinhentos<br />
créditos para a corte e duzentos para o advogado da parte contrária. Caso seguinte.<br />
Na manhã seguinte, Fara foi ao Restaurante do Granjeiro, de propriedade de sua<br />
sogra.<br />
A sala já estava meio cheia, <strong>em</strong>bora ainda não fosse meio-dia. Um bom negócio...<br />
A mãe de Creel estava na despensa, vigiando a pesag<strong>em</strong> dos sacos de trigo. Em<br />
silêncio, ouviu o genro.<br />
- Não posso, Fara - disse secamente. - Eu mesmo tenho ido ao banco<br />
freqent<strong>em</strong>ente pedir dinheiro e, se ajudar vocês, breve terei a Sociedade de<br />
Manutenção nas minhas costas. Aliás, era preciso ser muito inocente para <strong>em</strong>prestar<br />
dinheiro a um hom<strong>em</strong> que se deixou enganar pelo próprio filho! Isso prova que você<br />
não sabe defender seus interesses. E não lhe darei trabalho: tenho por princípio não<br />
<strong>em</strong>pregar parentes. Gostaria muito que Creel viesse morar aqui. Mas n<strong>em</strong> penso <strong>em</strong><br />
sustentar um hom<strong>em</strong>.<br />
Ao deixar a despensa, virou-se bruscamente:<br />
- Por que não vai à loja de armas? Você nada t<strong>em</strong> a perder e não pode continuar