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ua. O que estranhou mais do que não encontrar ninguém na rua, foi a ausência de<br />
lojas de armas.<br />
Apesar disso, a esperança não o abandonava. Breve seria de manhã. Homens<br />
sairiam dessas casas estranhas e luminosas. Grandes cientistas, sábios de outras<br />
eras, o examinariam, não às pressas e com medo, mas calmamente, <strong>em</strong><br />
superlaboratórios.<br />
O pensamento terminou. Sentiu a mudança.<br />
Agora estava no centro de uma t<strong>em</strong>pestade de neve. Cambaleou, golpeado pela<br />
violência do vento. Lutava por manter a calma física e mental.<br />
A cidade maravilhosa havia desaparecido. Também desaparecera a avenida<br />
luminosa. Tudo transformado naquele mundo selvag<strong>em</strong> e mortal. Era de dia. Através<br />
da nevasca, podia distinguir algumas árvores a uma pequena distância.<br />
Instintivamente, procurou caminhar na direção delas, <strong>em</strong> busca de abrigo. Pensava:<br />
"Um minuto no futuro distante; o próximo - onde?"<br />
Não havia nenhuma cidade. Só árvores, uma floresta hostil e o rigoroso inverno.<br />
Não sabia quanto t<strong>em</strong>po ficara ali enquanto rugia a t<strong>em</strong>pestade. Teve t<strong>em</strong>po para<br />
alguns pensamentos; por ex<strong>em</strong>plo, que a roupa invisível o protegia do frio, que não<br />
estava sentindo o frio; e depois...<br />
Desaparecera a t<strong>em</strong>pestade. E as árvores. Estava numa praia, de pé na areia e à<br />
sua frente via o mar azul iluminado de sol, encrespando-se entre edifícios brancos,<br />
destruídos. Por toda parte, dentro do mar, na praia, nas encostas das colinas,<br />
estavam, as ruínas de uma cidade enorme. Sobre tudo isso estendia-se uma aura de<br />
idade incrível, e o silêncio milenar só era quebrado pelo marulhar das ondas.<br />
De novo a transposição instantânea. Mais preparado desta vez, mesmo assim<br />
afundou duas vezes nas águas do caudaloso rio que o carregava. Era difícil nadar,<br />
mas a roupa invisível estava cheia do ar que fabricava, a cada minuto que passava.<br />
Depois de um momento, resolveu nadar <strong>em</strong> direção da marg<strong>em</strong> à sua direita.<br />
Ocorreu-lhe um pensamento e parou de nadar. "Para quê?" A verdade era tão<br />
simples quanto terrível. Ele estava sendo jogado do passado para o futuro. Ele era o<br />
"peso" na extr<strong>em</strong>idade mais longa de uma alavanca energética; e de certa forma<br />
estava sendo arr<strong>em</strong>essado cada vez mais longe no t<strong>em</strong>po. Só isso podia explicar as<br />
catastróficas mudanças que já havia presenciado. Dentro de uma hora haveria outra<br />
mudança.<br />
E veio. Estava deitado num gramado verde. Quando olhou <strong>em</strong> volta, viu meia<br />
dúzia de casas baixas no horizonte. Pareciam estranhas, pouco humanas. Uma<br />
pergunta o consumia: Gostaria de saber quanto t<strong>em</strong>po ficaria <strong>em</strong> cada uma dessas<br />
épocas.<br />
Passou a controlar no relógio. A d<strong>em</strong>ora era de duas horas e quarenta minutos.<br />
Parou de se perguntar. Período após período, a gangorra o fazia dançar no t<strong>em</strong>po,<br />
porém ele mantinha uma só posição, na água ou <strong>em</strong> terra firme, era-lhe indiferente.<br />
Não lutava mais. Não andava, corria, nadava ou mesmo se sentava... Passado -<br />
futuro - passado - futuro...<br />
Sua mente estava voltada para dentro. Tinha a sensação vaga de que devia fazer<br />
alguma coisa, dentro de si, não fora. Como uma decisão que devesse tomar.<br />
Estranho, não conseguia l<strong>em</strong>brar qual era.<br />
S<strong>em</strong> dúvida, os Fabricantes de Armas conseguiram a prorrogação de que<br />
necessitavam. Porque na outra extr<strong>em</strong>idade desta alavanca, estava a máquina usada<br />
pelos soldados de Isher como força ativadora. Também ela dançava no passado, no<br />
futuro, nesta gangorra infernal.<br />
Mas havia a decisão. Tinha que tentar, tinha que se l<strong>em</strong>brar...