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lugar, surgiu a preocupação quanto à sua capacidade de lidar com uma situação<br />
como esta. Veio-lhe a desagradável sensação de que ela não seria suficiente. Bastoulhe,<br />
porém, olhar o hom<strong>em</strong> sentado atrás da grande escrivaninha, num dos cantos<br />
do grande salão, para que se evaporasse o receio de ser jogado fisicamente para<br />
fora do 19. ° Distrito.<br />
Era o mesmo hom<strong>em</strong> da nave porém, de algum modo, mais magro. Seu rosto, que<br />
parecera inchado enquanto estava bêbado, agora parecia menor. Seus olhos eram<br />
pensativos e ele tamborilava nervosamente sobre o tampo da mesa.<br />
Disse para o capitão, com voz baixa e autoritária:<br />
- Pode deixar-nos a sós, capitão.<br />
O Capitão retirou-se com um olhar fixo <strong>em</strong> seu rosto. Cayle sentou-se.<br />
O coronel disse:<br />
- Creio que me l<strong>em</strong>bro agora de sua fisionomia. Sinto muito; acho que andei<br />
bebendo um pouco. Medlon sorriu, constrangido.<br />
Cayle pensou que o que o outro havia dito a respeito da Imperatriz devia ser<br />
extr<strong>em</strong>amente perigoso para alguém <strong>em</strong> sua posição. Em voz alta disse:<br />
- Não percebi nada de anormal, senhor. Hesitou um instante.<br />
- Ainda que, pensando a respeito, creio que o senhor foi bastante liberal <strong>em</strong> suas<br />
confidencias.<br />
Cayle parou por um instante. Depois continuou:<br />
- Acredito que tenha sido a sua posição que lhe tenha permitido falar de modo tão<br />
franco e livre.<br />
Houve um silêncio. Cayle teve t<strong>em</strong>po para, cautelosamente, congratular-se por<br />
suas próprias palavras, mas não se deixou iludir. Aquele hom<strong>em</strong> não tinha chegado à<br />
sua atual posição por falta de inteligência ou de corag<strong>em</strong>.<br />
O Coronel Medlon disse finalmente:<br />
- B<strong>em</strong>. O que foi que... eh... combinamos? Cayle respondeu:<br />
- Entre outras coisas, coronel, o senhor me disse que o Governo estava precisando<br />
de oficiais e me ofereceu uma patente.<br />
O Coronel falou com voz dura:<br />
- Não me recordo dessa oferta. De qualquer modo, se eu consegui ficar tão<br />
inconsciente a ponto de fazê-la, tenho, infelizmente, que informá-lo de que não<br />
tenho autoridade para fazer de você um oficial. Existe um procedimento legal a ser<br />
observado com respeito à obtenção de patentes, que se encontra totalmente fora de<br />
minhas mãos. E uma vez que há uma tão grande estima pela carreira militar, há<br />
muito que o governo a encara como uma fonte de renda. Por ex<strong>em</strong>plo, o posto de<br />
tenente lhe custaria cinco mil créditos, mesmo com o apoio de minha influência. O<br />
de capitão o faria despender a enormidade de quinze mil créditos, o que é uma<br />
fortuna para um rapaz de sua idade e...<br />
Cayle estivera ouvindo com um crescente desconforto. Revendo suas próprias<br />
palavras, pareceu-lhe ter feito o possível com o material à sua disposição. Ele<br />
simplesmente não estava <strong>em</strong> condições de tirar partido das indiscrições de Medlon.<br />
Sorrindo forçadamente perguntou:<br />
- E quanto custa a de Coronel?<br />
O oficial deu uma gargalhada. Depois disse muito jovialmente:<br />
- Meu rapaz. Esta não se paga com dinheiro, e sim com a própria alma: uma<br />
mancha negra de cada vez.<br />
Interrompeu-se, sério. Depois disse:<br />
- Veja b<strong>em</strong>, sinto muito se ont<strong>em</strong> fui um tanto liberal com as patentes de Sua<br />
Majestade, mas você deve compreender como são essas coisas. E para provar-lhe