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créditos, mas o dinheiro foi aceito sem comentários, sem bem que tivesse de registrar suas impressões digitais. Cayle deixou o banco mais tranqilo que em qualquer outro momento desde que fora assaltado. Tinha agora uma conta no banco. Estava razoavelmente vestido. Restava ainda uma coisa a fazer, antes de começar a terceira fase de sua carreira de jogador. De um dos aerônibus ele tinha avistado o anúncio multidirecional de uma loja de armas, instalada em seu parque particular, perto do banco. Caminhou animadamente pela alameda florida e já estava muito próximo da entrada quando percebeu um aviso que nunca tinha visto antes numa loja de armas: TODAS AS CASAS DE ARMAS METROPOLITANAS ESTÃO TEMPORARIAMENTE FECHADAS AS DA ZONA RURAL, ANTIGAS OU NOVAS, CONTINUAM FUNCIONANDO NORMALMENTE Cayle recuou contrariado. Era uma possibilidade que ele não havia levado em conta, essa da fabulosa loja de armas estar fechada. Voltou-se, pensativo. Não havia, porém, nenhuma indicação sobre quando a loja reabriria, nenhuma data, nada a não ser aquele único aviso simples. Parou mal-humorado, com uma sensação de perda e incomodado pelo silêncio. Achou, entretanto, que esse último não deveria aborrecê-lo, uma vez que em Glay sempre havia aquele silêncio em volta da loja de armas. A sensação de haver perdido alguma coisa e a confusão quanto ao que fazer depois cresciam dentro dele. Num impulso, experimentou a porta, porém esta permaneceu sólida e imóvel. Bateu em retirada pela segunda vez e atravessou a rua. Parou num refúgio para pedestres, indeciso quanto ao botão que devia apertar agora. Pensou novamente nas duas horas e meia que passara com Lucy e elas pareceram-lhe um período curioso naquele espaço de tempo. Empalideceu ao lembrar-se quão pouco interessante ele havia conseguido ser. Mas, mesmo ela, a não ser por seu estilo um tanto direto e por seu espírito bastante prático, não lhe deixara recordações muito deslumbrantes. "É isso", pensou, "quando uma garota consegue suportar um sujeito maçante por uma tarde inteira, é por que está sentindo alguma coisa. " As pressões em seu interior cresceram ainda mais, a vontade de ação delineando seus planos e ele sentiu-se compelido a agir rapidamente. Pensara em visitar, durante o período de uma semana, a loja de armas, o salão de jogo novamente, e o Quartel General do Distrito Militar, comandado pelo Coronel Medlon. A loja de armas vinha em primeiro lugar, porque aos agentes imperiais era proibido entrar nelas, mesmo que fossem soldados ou simples empregados do Governo. Mas ele não podia esperar por isso agora, e apertou o botão de chamada para o primeiro aerônibus que o levasse ao Distrito Número 19.

CAPITULO SÉTIMO O Quartel-General do Distrito Número 19 era um edifício no estilo antigo, desenhado em forma de cascata. O modelo era exagerado, renovando-se a cada instante. Torrentes de mármore sucediam-se jorrando para frente a partir de aberturas ocultas, e terminando por fundir-se umas às outras. Não era um grande edifício, mas era suficientemente imponente para fazer com que Cayle estacasse. Seus quinze andares e seus grandes escritórios, cheios de máquinas e de funcionários eram impressionantes. Não havia imaginado que o homem bêbado que encontrou na nave tivesse uma tão vasta autoridade. Um quadro, com uma lista de nomes na entrada do edifício, assinalava tanto as funções civis quanto as militares. Cayle presumiu que encontraria o Coronel Medlon em algum lugar indicado pela inscrição: Salas do Estado-Maior – Terraço. Uma nota no fim do quadro de avisos dizia: Passes de segurança para o elevador para o terraço no balcão de recepção do 15. ° andar. O departamento de recepção anotou seu nome, mas foi necessário fazer uma consulta antes que o homem acoplasse a ficha a um transmissor a fim de submetê-la ao exame de uma autoridade. Por fim, veio um homem de meia idade, em uniforme de capitão. Ao divisar Cayle fez uma carranca e disse: - O Coronel não gosta de rapazes. Quem é você? O tom de sua pergunta não soava nada promissor. Mas Cayle sentiu a teimosia crescer dentro de si. A longa experiência que tinha em desafiar seu pai deu-lhe forças para dizer com voz firme: - Conheci o Coronel Medlon na viagem para a Cidade Imperial, ontem, e ele insistiu para que eu viesse vê-lo. Se o senhor fizer o favor de informá-lo de que estou aqui... O Capitão o olhou durante meio minuto. Então, sem dizer uma palavra, tornou a entrar no escritório particular. Voltou a aparecer, balançando a cabeça, mas agora já com um ar mais amistoso. - O Coronel disse que não se lembra de você, mas lhe concederá um minuto. O homem baixou o tom de voz e perguntou: - Ele estava, hum, alto? Cayle fez que sim com a cabeça. Não se sentiu seguro para fazê-lo com palavras. O Capitão disse em voz baixa, denotando urgência: - Entre e faça-o pagar, ele merece. Uma pessoa muito importante procurou-o duas vezes hoje e ele não a recebeu. Agora você o deixou nervoso. Ele está com medo do que possa ter dito quando estava sob a influência do álcool. Você sabe, ele não ousa tocar numa gota quando está na cidade. Cayle seguiu o desleal capitão, possuindo agora uma imagem a mais do mundo de Isher. Ali estava um oficial inferior aparentemente manobrando para conseguir o cargo de seu superior. Mas esta idéia desapareceu no momento em que ele saiu do elevador. Em seu

créditos, mas o dinheiro foi aceito s<strong>em</strong> comentários, s<strong>em</strong> b<strong>em</strong> que tivesse de<br />

registrar suas impressões digitais.<br />

Cayle deixou o banco mais tranqilo que <strong>em</strong> qualquer outro momento desde que<br />

fora assaltado. Tinha agora uma conta no banco. Estava razoavelmente vestido.<br />

Restava ainda uma coisa a fazer, antes de começar a terceira fase de sua carreira de<br />

jogador.<br />

De um dos aerônibus ele tinha avistado o anúncio multidirecional de uma loja de<br />

armas, instalada <strong>em</strong> seu parque particular, perto do banco. Caminhou animadamente<br />

pela alameda florida e já estava muito próximo da entrada quando percebeu um<br />

aviso que nunca tinha visto antes numa loja de armas:<br />

TODAS AS CASAS DE ARMAS METROPOLITANAS<br />

ESTÃO TEMPORARIAMENTE FECHADAS<br />

AS DA ZONA RURAL, ANTIGAS OU NOVAS,<br />

CONTINUAM FUNCIONANDO NORMALMENTE<br />

Cayle recuou contrariado. Era uma possibilidade que ele não havia levado <strong>em</strong><br />

conta, essa da fabulosa loja de armas estar fechada. Voltou-se, pensativo. Não<br />

havia, porém, nenhuma indicação sobre quando a loja reabriria, nenhuma data, nada<br />

a não ser aquele único aviso simples. Parou mal-humorado, com uma sensação de<br />

perda e incomodado pelo silêncio. Achou, entretanto, que esse último não deveria<br />

aborrecê-lo, uma vez que <strong>em</strong> Glay s<strong>em</strong>pre havia aquele silêncio <strong>em</strong> volta da loja de<br />

armas.<br />

A sensação de haver perdido alguma coisa e a confusão quanto ao que fazer<br />

depois cresciam dentro dele. Num impulso, experimentou a porta, porém esta<br />

permaneceu sólida e imóvel. Bateu <strong>em</strong> retirada pela segunda vez e atravessou a rua.<br />

Parou num refúgio para pedestres, indeciso quanto ao botão que devia apertar<br />

agora. Pensou novamente nas duas horas e meia que passara com Lucy e elas<br />

pareceram-lhe um período curioso naquele espaço de t<strong>em</strong>po. Empalideceu ao<br />

l<strong>em</strong>brar-se quão pouco interessante ele havia conseguido ser. Mas, mesmo ela, a<br />

não ser por seu estilo um tanto direto e por seu espírito bastante prático, não lhe<br />

deixara recordações muito deslumbrantes.<br />

"É isso", pensou, "quando uma garota consegue suportar um sujeito maçante por<br />

uma tarde inteira, é por que está sentindo alguma coisa. "<br />

As pressões <strong>em</strong> seu interior cresceram ainda mais, a vontade de ação delineando<br />

seus planos e ele sentiu-se compelido a agir rapidamente. Pensara <strong>em</strong> visitar,<br />

durante o período de uma s<strong>em</strong>ana, a loja de armas, o salão de jogo novamente, e o<br />

Quartel General do Distrito Militar, comandado pelo Coronel Medlon. A loja de armas<br />

vinha <strong>em</strong> primeiro lugar, porque aos agentes imperiais era proibido entrar nelas,<br />

mesmo que foss<strong>em</strong> soldados ou simples <strong>em</strong>pregados do Governo.<br />

Mas ele não podia esperar por isso agora, e apertou o botão de chamada para o<br />

primeiro aerônibus que o levasse ao Distrito Número 19.

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