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Era um jogo pequeno, de apostas baixas. E durante todo o jogo dois dos<br />

participantes nunca foram chamados pelo nome. O terceiro chamava-se Seal. Cayle<br />

achou o nome muito pouco comum. E o hom<strong>em</strong> era tão pouco comum quanto o<br />

nome. Parecia ter trinta anos. Tinha os olhos amarelos como os de um gato. Seu<br />

cabelo era ondulado e estava displicent<strong>em</strong>ente despenteado. O rosto era pálido,<br />

ainda que não parecesse doentio. Vários anéis dardejavam fogos coloridos de seus<br />

dedos. Quando falava, ele o fazia com tranqila segurança. E foi ele qu<strong>em</strong> finalmente<br />

se dirigiu a Cayle, dizendo:<br />

- Vejo que está nos observando. Quer jogar conosco ?<br />

Cayle havia estado atento, percebendo automaticamente <strong>em</strong> Seal o jogador<br />

profissional, mas ainda não se havia decidido quanto aos outros dois. O probl<strong>em</strong>a<br />

era saber qual deles era o "pato".<br />

- O jogo ficaria mais interessante - acrescentou Seal.<br />

Cayle <strong>em</strong>palideceu repentinamente. Compreendeu, agora, que os três formavam<br />

uma equipe. E que ele havia sido escolhido como vítima. Instintivamente, olhou <strong>em</strong><br />

torno para ver se alguém havia notado sua reação. Para seu alívio, ninguém estava<br />

olhando. Não viu mais o hom<strong>em</strong> que antes estava sentado a uns três metros de<br />

distância e uma mulher corpulenta e b<strong>em</strong> vestida que parará na entrada da seção<br />

virou-se e foi <strong>em</strong>bora. Gradualmente, as cores voltaram ao rosto de Cayle. Então<br />

eles estão pensando que encontraram uma presa fácil, não é? <strong>Le</strong>vantou-se sorrindo.<br />

- Não se importam se eu entrar? - perguntou. Sentou-se na cadeira vazia <strong>em</strong><br />

frente ao hom<strong>em</strong> de olhos amarelos. Coube a ele dar as primeiras cartas. Em rápida<br />

sucessão, e honestamente, deu a si próprio um rei fechado e dois abertos. Jogou<br />

com aquela mão até o fim, e ainda que as apostas foss<strong>em</strong> baixas, eventualmente<br />

acabou <strong>em</strong>pilhando quatro créditos, <strong>em</strong> moedas.<br />

Das próximas oito rodadas, Cayle ganhou três, o que estava abaixo de sua média.<br />

Ele era um calistênico, <strong>em</strong>bora nunca tivesse ouvido aquela palavra, com t<strong>em</strong>porária<br />

habilidade com as cartas. Certa vez, há uns cinco anos, ele tinha, naquela época,<br />

dezessete anos, jogando com um grupo de quatro rapazes à base de vinte partidas<br />

por crédito, ele ganhara dezenove das vinte. Depois disso, sua sorte no jogo, que<br />

poderia ter-lhe dado os meios para sair de Glay, foi tão grande que ninguém mais da<br />

cidade queria jogar com ele.<br />

A despeito de sua série de êxitos agora, não sentiu qualquer sensação de<br />

superioridade. Seal dominava o jogo. Havia um ar de comando que <strong>em</strong>anava dele,<br />

uma impressão de força incomum, não física. Cayle começou a ficar fascinado.<br />

- Espero não ofendê-lo - disse finalmente - mas o senhor é um tipo de pessoa que<br />

me interessa.<br />

Os olhos amarelos do hom<strong>em</strong> o observavam atentamente, mas não disse nada.<br />

- Deve ter rodado um bocado por aí, suponho - disse Cayle.<br />

Sentiu-se pouco satisfeito com a pergunta. Não era assim que ele a queria. Tinha<br />

soado pouco madura. Seal, ainda que fosse um mero jogador, encarou com altivez<br />

uma abertura de diálogo tão primária. Mas desta vez respondeu.<br />

- Um pouco - disse.<br />

Seus companheiros pareciam achar aquilo muito divertido. Ambos caíram na<br />

gargalhada. Cayle corou, mas tinha um desejo muito grande de saber as coisas.<br />

- Esteve <strong>em</strong> algum planeta? - perguntou. Nenhuma resposta. Seal estudou<br />

cuidadosamente as cartas descobertas, e apostou um quarto de crédito. Cayle lutou<br />

contra a sensação de estar-se fazendo de idiota. Então disse:<br />

- Nós todos ouvimos muita coisa, e às vezes é difícil saber-se o que é verdade e o<br />

que não é. Vale a pena ir até algum dos planetas?

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