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CAPÍTULO TRIGÉSIMO PRIMEIRO<br />
- De Senhor De Lany?<br />
Hedrock inclinou-se. Havia modificado ligeiramente sua aparência e ressuscitado<br />
uma de suas antigas identidades a fim de não ser, mais tarde, reconhecido pela<br />
soberana.<br />
- O senhor solicitou audiência?<br />
- Como vê, Majestade.<br />
Ela brincava com o cartão de visita. A brancura de seu vestido imaculado<br />
acentuava o moreno de sua pele. A sala l<strong>em</strong>brava um atol dos mares do Sul. Por<br />
todos os lados, palmeiras e bosquezinhos verdejantes, cercados por uma praia<br />
lambida por um mar tão verdadeiro quanto os naturais, um mar eternamente<br />
ondulado por uma brisa suave.<br />
Ela olhou seu visitante com atenção. Um hom<strong>em</strong> de fisionomia grave, com ar<br />
autoritário. Mas eram os olhos do desconhecido que a cativavam. Lia-se neles a<br />
força, a bondade, a bravura - uma bravura s<strong>em</strong> limites. Ela não esperara que aquele<br />
misterioso Sr. De Lany tivesse tal personalidade. Teve a sensação de que aquela<br />
entrevista tinha uma enorme importância. Tornou a olhar o cartão.<br />
- Walter de Lany - repetiu, pensativa. Parecia se <strong>em</strong>balar com a sonoridade<br />
daquele nome. Como se ele tivesse um sentido oculto.<br />
Finalmente, ergue a cabeça.<br />
- Como chegou até aqui?<br />
Hedrock não respondeu. Como muitos imperiais, o mordomo não fizera<br />
treinamento psicodefensivo. E a Imperatriz, <strong>em</strong>bora tivesse feito, ignorava que a liga<br />
dispunha de métodos seguros para arrancar um consentimento imediato dos que não<br />
tinham o espírito protegido.<br />
- É muito estranho.<br />
- Descanse, senhora. Vim aqui apenas para solicitar-lhe que tenha a bondade de<br />
pôr fim aos sofrimentos de um infeliz.<br />
Innelda levantou as sobrancelhas. A muito custo enfrentava o olhar intenso do<br />
interlocutor.<br />
- A senhora pode, Majestade, realizar um ato de caridade s<strong>em</strong> igual <strong>em</strong> benefício<br />
de um hom<strong>em</strong> perdido há cinco milhões de anos daqui, um hom<strong>em</strong> que oscila entre<br />
o passado e o futuro, e que as forças libertadas pela sua geradora faz<strong>em</strong> derivar<br />
s<strong>em</strong>pre mais longe no t<strong>em</strong>po.<br />
Fora preciso que Robert Hedrock pronunciasse essas palavras. Mas só os íntimos<br />
da soberana e seus inimigos conheciam certos detalhes relativos ao edifício<br />
evanescente da Avenida Capital. Como previra, Innelda, instantaneamente,<br />
apreendeu todas as implicações de suas palavras. Viu-a <strong>em</strong>palidecer.<br />
- O senhor é um agente dos Armeiros, não é? <strong>Le</strong>vantou-se.<br />
- Saia daqui! Saia imediatamente.<br />
- Mantenha o sangue-frio, senhora. A senhora não corre o menor perigo.<br />
Ele b<strong>em</strong> sabia que esta advertência agiria como uma chicotada. Depois de alguns