o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
<strong>de</strong>v<strong>em</strong> viver para ti... Muito engraçado! De forma que eu (agora digo<br />
"eu" também) não tenho direito <strong>de</strong> me sacrificar, <strong>de</strong> provar a minha<br />
amiza<strong>de</strong>, <strong>de</strong> ter na minha vida um traço superior? É interessante!<br />
Não sou nada, nada! Sou alguma coisa como um móvel, um adorno,<br />
não tenho relações, não tenho amiza<strong>de</strong>s, não tenho caráter? Ora!...<br />
(BARRETO, 2001, p. 181)<br />
O personag<strong>em</strong> do marechal e presi<strong>de</strong>nte Floriano Peixoto, que conforme já<br />
diss<strong>em</strong>os, sai da realida<strong>de</strong> para a ficção, t<strong>em</strong> sua importância principalmente por<br />
representar o po<strong>de</strong>r. Alvo <strong>de</strong> violentas críticas nas intervenções do autor/narrador,<br />
que nestas ocasiões o i<strong>de</strong>ntifica como o Floriano do mundo real e não como<br />
personag<strong>em</strong> <strong>de</strong> ficção. O marechal é <strong>de</strong>scrito como um ditador, intelectualmente<br />
limitado e politicamente <strong>de</strong>spreparado.<br />
3.4 Análise discursiva da Obra<br />
Composta por três partes, cada uma dividida <strong>em</strong> cinco capítulos, Triste Fim<br />
<strong>de</strong> Policarpo Quaresma narra a história do Major quaresma, um nacionalista b<strong>em</strong><br />
intencionado mas ingênuo que preten<strong>de</strong> reformar o país, tanto na proposta da troca<br />
do idioma oficial como no setor agrícola. A narração é organizada por um narrador<br />
heterodiegético <strong>em</strong> terceira pessoa, que às vezes assume a posição <strong>de</strong><br />
autor/comentarista, apontando e selecionando i<strong>de</strong>ias e fatos relevantes,<br />
principalmente quando se trata <strong>de</strong> fornecer el<strong>em</strong>entos que possibilit<strong>em</strong> <strong>em</strong>a análise<br />
política do período histórico no contexto <strong>em</strong> que se <strong>de</strong>senrola a história do<br />
protagonista. A trama se passa no Rio <strong>de</strong> Janeiro e seus subúrbios após à<br />
proclamação da República, mais especificamente durante o governo do marechal<br />
Floriano Peixoto.<br />
O crítico Alfredo Bosi afirma que Lima Barreto “conseguiu criar uma<br />
personag<strong>em</strong> que não fosse mera projeção das amarguras pessoais [...] suas<br />
reações revelam o entusiasmo do hom<strong>em</strong> ingênuo, a distanciá-lo do conformismo<br />
<strong>em</strong> que se arrastam os d<strong>em</strong>ais burocratas e militares reformados[...].”(1988, p. 361)<br />
A fim <strong>de</strong> analisarmos o <strong>discurso</strong> do major Quaresma, reproduzimos na íntegra<br />
o famoso requerimento <strong>em</strong> que solicitava a mudança da língua portuguesa para o<br />
tupi-guarani. É interessante <strong>de</strong>stacar o tom paródico do narrador na construção<br />
<strong>de</strong>ste <strong>discurso</strong>. O requerimento foi encaminhado às autorida<strong>de</strong>s, e se tornou motivo<br />
<strong>de</strong> chacota, Por conseqüência, o major foi consi<strong>de</strong>rado louco e internado <strong>em</strong> um<br />
manicômio.<br />
33