o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
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próprio marechal Floriano lhe disse: “Você, Quaresma, é um visionário...”<br />
(BARRETO, 2001, p. 150) Um visionário não porque seja louco ou porque seus<br />
projetos sejam absurdos <strong>em</strong> si, mas por não se a<strong>de</strong>quar<strong>em</strong> e até ser<strong>em</strong> contrários<br />
aos interesses dos grupos que <strong>de</strong>têm o po<strong>de</strong>r.<br />
Ao final, como ao longo <strong>de</strong> toda a obra, Quaresma, mais uma vez, percebe os<br />
fatos com realismo, porém, não enten<strong>de</strong> por que sua aventura termina <strong>em</strong> tragédia.<br />
Entre os personagens secundários mais importantes da obra, <strong>de</strong>stacamos<br />
Ricardo Coração dos Outros, que era um cantor, compositor e tocava violão, era um<br />
personag<strong>em</strong> complexo, só menos importante que o major, era a personificação do<br />
artista nacional na visão <strong>de</strong> major Quaresma, que fazia aulas <strong>de</strong> violão para<br />
apren<strong>de</strong>r tocar as modinhas, que consi<strong>de</strong>rava legitimamente nacionais, representam<br />
a cultura popular das classes menos favorecidas, já que para a pequena burguesia,<br />
que era o habitat <strong>de</strong> Policarpo Quaresma, um violeiro não era b<strong>em</strong> visto. Foi amigo<br />
incondicional do major, buscava através do seu trabalho a ascensão social.<br />
Outra personag<strong>em</strong> importante da história foi a afilhada do major Quaresma,<br />
Olga filha <strong>de</strong> Coleoni, imigrante italiano, era a única que compreendia as ações <strong>de</strong><br />
seu padrinho e ao contrário da maioria admirava sua ousadia (FIGUEIREDO, 1997,<br />
p. 388) “tinha pieda<strong>de</strong> simpática por ver mal compreendido o ato daquele hom<strong>em</strong><br />
que ela conhecia a tantos anos, seguindo o seu sonho isolado, obscuro e tenaz.”<br />
(BARRETO, 2001, p. 90). Por último tenta livrar o padrinho da con<strong>de</strong>nação indo<br />
conversar com o presi<strong>de</strong>nte; não tendo conseguido seu intento, reflete sobre a<br />
situação e conclui que é melhor ele morrer heroicamente do que ferir o orgulho do<br />
padrinho com o pedido <strong>de</strong> cl<strong>em</strong>ência.<br />
Olga representa a mulher consciente que age por vonta<strong>de</strong> própria, rebela-se<br />
contra o marido que só pensa na própria carreira, se revolta contra o sist<strong>em</strong>a<br />
quando da prisão do padrinho e é o tipo <strong>de</strong> mulher que não aceita o papel submisso<br />
e secundário como <strong>de</strong> Maricota, esposa <strong>de</strong> Albenaz, ou <strong>de</strong> A<strong>de</strong>lai<strong>de</strong>, irmã <strong>de</strong><br />
Policarpo.<br />
Neste diálogo com o marido que não queria permitir que ela fosse intervir a<br />
favor do major Quaresma, v<strong>em</strong>os claramente o perfil <strong>de</strong> uma mulher que quer ter<br />
seu espaço na socieda<strong>de</strong>:<br />
– É isto! "Eu", porque "eu", porque "eu", é só "eu", para aqui, "eu"<br />
para ali... Não pensas noutra coisa... A vida é feita para ti, todos só<br />
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