o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe

Um outro fator importante relacionado ao contexto histórico da obra barretiana
é o fato do marechal Floriano Peixoto sair da realidade para a ficção, atuando no
próprio papel de presidente.
3.3 O Major Quaresma
O Major Policarpo é um militar patriota, funcionário público que toma para si
a incumbência de endireitar o país. Conforme a descrição do narrador, “um homem
pequeno, magro, que usava pince-nez, olhava sempre baixo, mas, quando fixava
alguém ou alguma coisa, os seus olhos tomavam, por detrás das lentes, um forte
brilho de penetração, e era como se ele quisesse ir à alma da pessoa.” (BARRETO,
2001, p. 20) Na sua pretensão se acha com conhecimentos suficientes para
modificar as estruturas culturais, agrárias e políticas da nação. Suas atitudes
excêntricas são sempre extremadas e incompreendidas por todos, o que não
demora muito para tornar-se chacota pública com a idéia de adotar o tupi como
língua oficial no lugar da língua portuguesa. É excluído da comunidade, acaba por
se internar em um manicômio. Posteriormente, tenta uma reforma pela agricultura, e,
como sempre, age de forma desatinada, e acaba com um prejuízo enorme, por
acreditar que as terras brasileiras não necessitavam de adubos e também pela
exploração sofrida pelo pequeno agricultor, que não consegue vender seus produtos
por um preço justo, ficando nas mãos dos atravessadores. Quando tenta uma
reforma pela política, ironicamente, acaba preso e condenado à morte pelo governo
que sempre defendera.
Osman Lins considera a obra de Lima Barreto um documento histórico e
político que permite uma análise sociológica, para ele “Policarpo Quaresma é um
romance sobre o desajuste entre o imaginário e o real, entre a idealização e a
verdade, entre a idéia que o personagem título faz de seu país e o que seu país
realmente é”. (1976, p. 110)
Destaca também o contraste entre a austeridade do Major Quaresma e a
futilidade dos demais cidadãos do seu ambiente, ressaltando assim, o conflito do
homem com o meio.
Desta forma, Quaresma aparece como frágil e solitário porque sua confiança
nas instituições políticas nada mais é do que um grande equívoco, conforme o
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