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o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe

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Por último, Don Quixote fala da cavalaria andante, atribuindo a ela a missão<br />

<strong>de</strong> instituir a segurança, pois só os cavaleiros pod<strong>em</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r os mais oprimidos.<br />

Desta forma eles não tinham mais com qu<strong>em</strong> contar, além <strong>de</strong>le, numa crítica direta à<br />

monarquia, e que toda a hospitalida<strong>de</strong> dos cabreiros <strong>em</strong> recebê-los, é uma “ley<br />

natural”, uma vez que estão recebendo seus b<strong>em</strong> feitores.<br />

Segundo Cruz (2009, p. 155-156) para tornar mais persuasiva a sua fala,<br />

Dom Quixote faz uso da sinestesia, <strong>em</strong> que estimula as sensações corporais dos<br />

ouvintes com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproximá-los mais <strong>de</strong> seu <strong>discurso</strong>, tornando-o assim<br />

mais <strong>de</strong>leitoso, quando fala <strong>de</strong> seus aspectos naturais e suas agradáveis sensações<br />

como “dulce fruto”, “Claras fuentes”, “corrientes ríos”, entre outros. Outro recurso<br />

utilizado é da hipotipose, com a intenção <strong>de</strong> que o ouvinte torne real o belíssimo<br />

quadro <strong>em</strong> que <strong>de</strong>screve a paisag<strong>em</strong> da Ida<strong>de</strong> Dourada, como se o interlocutor<br />

realmente estivesse vendo o que está sendo <strong>de</strong>scrito pelo orador.<br />

Com relação à loucura <strong>de</strong> Dom Quixote, Cruz (2009, p.151) afirma que “se<br />

manifesta quando ele vê a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imitar a atitu<strong>de</strong> dos lendários cavaleiros”,<br />

neste caso foi a simples recepção dos cabreiros o motivo para fazer o <strong>discurso</strong>, para<br />

um público, que conforme já diss<strong>em</strong>os, o enunciado estava fora do contexto social<br />

<strong>de</strong>les, o que tornou a comunicação s<strong>em</strong> sentido. Porém se consi<strong>de</strong>rarmos a<br />

construção do <strong>discurso</strong>, está extr<strong>em</strong>amente b<strong>em</strong> elaborada, o que não condiz a<br />

condição <strong>de</strong> louco, como era taxado Dom Quixote.<br />

No segundo texto selecionado, don Quixote estava sentado à mesa com os<br />

duques e o eclesiástico que era um religioso, quando a duquesa lhe perguntou se<br />

tinha notícias <strong>de</strong> Dulcinea, ele disse que suas <strong>de</strong>sgraças nunca tinham fim, que<br />

tivera que enfrentar gigantes, ladrões que apareceram no seu caminho e como se<br />

não bastasse, os encantadores haviam transformado Dulcinea <strong>em</strong> uma lavradora<br />

feia. Ouvindo isto o eclesiástico se revoltou e disse para o duque:<br />

-Vuestras excelencia, señor mío, tiene que pedir perdón a Nuestro<br />

Señor <strong>de</strong> lo que hace este buen hombre, y no permitir que este don<br />

Quijote, o don Tonto, pueda tener ocasiones <strong>de</strong> ejercer sus tonterías<br />

y locuras.<br />

Y volviéndose a don Quijote, le dijo:<br />

-Y a usted, ¿quién le ha puesto en el cerebro que es caballero<br />

andante y que vence gigantes? An<strong>de</strong>, vuelva a su casa y <strong>de</strong>je <strong>de</strong><br />

andar vagando por el mundo, haciendo reír a cuantos le conocen y<br />

no conocen. ¿En dón<strong>de</strong> ha hallado usted que hubo ni hay caballeros<br />

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