o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
o discurso político-satírico em “dom quixote” de cervantes - Fafibe
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
1. Análise do Discurso: Fundamentos<br />
A Análise do Discurso, que chamar<strong>em</strong>os <strong>de</strong> AD, é uma disciplina da área da<br />
linguística que nos permite analisar a parte mais abstrata do texto: o <strong>discurso</strong>,<br />
englobando aspectos sociológicos, antropológicos, psicológicos, linguísticos, entre<br />
outros.<br />
Na década <strong>de</strong> 20 o lingüista Mikhail Bakhtin, já estudava “a língua como fato<br />
social” consi<strong>de</strong>rando-a como algo concreto manifestado individualmente por cada<br />
falante, atribuindo assim, lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque a enunciação, que correspon<strong>de</strong> ao<br />
contexto e “dá à situação <strong>de</strong> enunciação o papel <strong>de</strong> componente necessário para a<br />
compreensão e explicação da estrutura s<strong>em</strong>ântica <strong>de</strong> qualquer ato <strong>de</strong> comunicação<br />
verbal”. (BRANDÃO, 1995, p.9 -10)<br />
A proposta <strong>de</strong> estudo do <strong>discurso</strong> surgiu na França, por volta <strong>de</strong> 1969 com<br />
Michel Pêcheux, que propunha uma reflexão acerca das ciências humanas da<br />
época, através do confronto entre história, psicanálise e linguística, uma releitura <strong>de</strong><br />
Marx, Freud e Saussure, respectivamente. Essas três áreas correspond<strong>em</strong> ao objeto<br />
<strong>de</strong> estudo da AD francesa.<br />
Focault, filósofo, psicólogo e estudioso da linguag<strong>em</strong>, foi outro teórico<br />
bastante respeitado pelas suas teorias sobre enunciado e enunciação:<br />
O <strong>discurso</strong> é o caminho <strong>de</strong> uma contradição a outra: se dá lugar às<br />
que v<strong>em</strong>os, é que obe<strong>de</strong>c<strong>em</strong> à que oculta. Analisar o <strong>discurso</strong> é<br />
fazer com que <strong>de</strong>sapareçam e reapareçam as contradições, é<br />
mostrar o jogo que nele elas <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penham; é manifestar como ele<br />
po<strong>de</strong> exprimi-las, dar-lhes corpo, ou <strong>em</strong>prestar-lhes uma fugidia<br />
aparência. (FOUCAULT, 2005, p. 171)<br />
Portanto, <strong>de</strong> acordo com esses estudiosos, o <strong>discurso</strong> é algo que rompe com<br />
a estrutura da fala. Para a AD, o <strong>discurso</strong> é a prática, a ação do sujeito sobre o<br />
mundo, e o enunciado, num contexto mais amplo “revelando as relações intrínsecas<br />
entre o linguístico e o social” (BRANDÃO, 1995, p.10). Também é necessário<br />
ressaltar que, neste processo, o outro <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penha uma função fundamental para se<br />
constituir um significado, pois, através da enunciação se busca adaptar o contexto<br />
para cada momento levando <strong>em</strong> conta pessoa, t<strong>em</strong>po e espaço.<br />
9