17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ealizadas duas perícias médicas, uma com médico do <strong>tr</strong>abalho e ou<strong>tr</strong>a com médico ortopedista, sendo que ambos<br />

at<strong>es</strong>taram a capacidade da parte recorrente.<br />

5. O laudo pericial de fls. 25/26 at<strong>es</strong>ta que a recorrente possui deformidade no pé direito (pé varo cavo), decorrente de<br />

sequela de acidente (queda da <strong>es</strong>cada). Contudo, o expert afastou a alegação de incapacidade, r<strong>es</strong>saltando que, ao exame<br />

físico, não se verificou edema nos membros inferior<strong>es</strong>, nem con<strong>tr</strong>atura muscular. Por sua vez, o exame pericial de fls.<br />

94/98, procedido por médico ortopedista, diagnosticou ar<strong>tr</strong>ose leve de coluna lombar, sem comprometimento neurológico,<br />

d<strong>es</strong>cartando, da m<strong>es</strong>ma forma, a existência de incapacidade laborativa. Frisou o douto perito, d<strong>es</strong>ta feita, que, ao exame<br />

físico, a autora não apr<strong>es</strong>entou nenhuma característica da doença com boa mobilidade de coluna e membros. Em r<strong>es</strong>posta<br />

aos qu<strong>es</strong>itos complementar<strong>es</strong> (fl. 116), o perito <strong>es</strong>clareceu, sobre a deformidade no pé, que a autora aden<strong>tr</strong>ou a sala de<br />

exam<strong>es</strong> andando bem, sem claudicação (sem mancar), não tendo se queixado do pé, aduzindo inexistir incapacidade por<br />

<strong>es</strong>ta razão. Asseverou, ainda, que, quando da queda da <strong>es</strong>cada, devido à imobilização do pé houve incapacidade<br />

temporária, mas que <strong>es</strong>ta não ul<strong>tr</strong>apassou o período de 15 (quinze) dias.<br />

5. Os poucos documentos particular<strong>es</strong> juntados pela recorrente não são suficient<strong>es</strong> para afastar a conclusão das perícias<br />

oficiais. O laudo de fl. 10 refere-se a diabet<strong>es</strong> mellitus, o que refoge à causa de pedir dos autos, sendo que o laudo,<br />

inclusive, at<strong>es</strong>ta que a doença se encon<strong>tr</strong>ava con<strong>tr</strong>olada. Já os laudos de fls. 08/09 são contemporâneos da época da<br />

queda da <strong>es</strong>cada. Não há dúvidas que houve incapacidade naquela época. Contudo, não há indícios de que ela tenha se<br />

<strong>es</strong>tendido por mais de 15 (quinze) dias, não havendo, portanto, direito ao auxílio-doença. Além d<strong>es</strong>s<strong>es</strong> laudos, somente<br />

consta dos autos um exame radiológico, datado de 30//08/2007, o qual, isoladamente, não é suficiente para at<strong>es</strong>tar o<br />

<strong>es</strong>tado de incapacidade, mormente ao se considerar a orientação da Súmula nº 08 da Turma Recursal do Espírito Santo “O<br />

laudo médico particular é prova unilateral, enquanto o laudo médico pericial produzido pelo juízo é, em princípio, imparcial.<br />

O laudo pericial, sendo conclusivo a r<strong>es</strong>peito da plena capacidade laborativa, há de prevalecer sobre o particular”. Assim,<br />

não há provas suficient<strong>es</strong> para comprovar que a recorrente se encon<strong>tr</strong>a incapacitada ou que <strong>es</strong>teve incapacitada por<br />

período superior a 15 (quinze) dias. R<strong>es</strong>salte-se que não se pode confundir os conceitos de enfermidade e incapacidade, já<br />

que o indivíduo pode <strong>es</strong>tar acometido por doença, sem, contudo, apr<strong>es</strong>entar incapacidade laborativa.<br />

6. Vale r<strong>es</strong>saltar que, a d<strong>es</strong>peito da regra pr<strong>es</strong>crita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de ex<strong>tr</strong>ema importância para<br />

auxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,<br />

eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia na lide. D<strong>es</strong>tarte, havendo laudos divergent<strong>es</strong>, não há como<br />

considerar os documentos apr<strong>es</strong>entados pela autora em de<strong>tr</strong>imento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos<br />

particular<strong>es</strong> se mos<strong>tr</strong>em suficient<strong>es</strong> à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no<br />

laudo oficial, hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> que não ocorreram no caso vertente, excluindo-se, d<strong>es</strong>se modo, a nec<strong>es</strong>sidade de realização de<br />

nova prova técnica ou até m<strong>es</strong>mo de complementação do parecer apr<strong>es</strong>entado.<br />

7. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em <strong>tr</strong>azer aos autos provas robustas, que pud<strong>es</strong>sem se sobrepor<br />

aos laudos periciais, que gozam de pr<strong>es</strong>unção de veracidade.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />

9. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante a assistência judiciária gratuita<br />

deferida à fl. 45, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,<br />

NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA<br />

Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />

4 - 0000617-60.2008.4.02.5052/01 (2008.50.52.000617-9/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

(PROCDOR: RODRIGO STEPHAN DE ALMEIDA.) x MARLENE NASCIMENTO (ADVOGADO: PAULA GHIDETTI NERY<br />

LOPES, ADENILSON VIANA NERY.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA Nº. 0000617-60.2008.4.02.5052/01<br />

RECORRENTES: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS E MARLENE NASCIMENTO<br />

RECORRIDO: OS MESMOS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSOS INOMINADOS – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA – INCAPACIDADE<br />

PARCIAL E TEMPORÁRIA PARA O DESEMPENHO DAS ATIVIDADES HABITUAIS – INAPTIDÃO LABORATIVA<br />

DECORRENTE DE AGRAVAMENTO DA DOENÇA – BENEFÍCIO DEVIDO – RECURSOS CONHECIDOS E IMPROVIDOS

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!