17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – RESTABELECIMENTO DE AUXÍLIO-DOENÇA E POSTERIOR<br />

CONVERSÃO EM APOSENTADORIA POR INVALIDEZ – AUSÊNCIA DE CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE PELA<br />

PERÍCIA JUDICIAL – RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 61/62, que<br />

julgou improcedente o pedido autoral de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício auxílio-doença, bem como de posterior conversão<br />

em aposentadoria por invalidez. Em suas razõ<strong>es</strong> de recurso (fls. 65/72), sustenta o recorrente <strong>es</strong>tar incapacitado para o<br />

exercício de suas atividad<strong>es</strong> habituais, requerendo que o juiz não fique ads<strong>tr</strong>ito à conclusão do laudo pericial. Ademais,<br />

aduz que a incapacidade não pode ser fixada apenas sob o ponto de vista médico, devendo ser analisados, também, os<br />

demais elementos sociais da parte. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 76/79.<br />

2. Inicialmente, cabe d<strong>es</strong>tacar que o auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao<br />

segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou<br />

para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, por<br />

força do disposto no artigo 42, do m<strong>es</strong>mo diploma legal, uma vez cumprida, quando for o caso, a carência exigida, será<br />

devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação<br />

para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

3. O autor, ora recorrente, motorista socorrista, atualmente com 56 (cinqüenta e seis) anos, alega não possuir aptidão para<br />

<strong>tr</strong>abalhar em razão de lombociatalgia (CID M 54.4) e hérnia discal ex<strong>tr</strong>usa em dois discos (L4, L5 e S1). O laudo pericial de<br />

fls. 40/41, formalizado por médico ortopedista, <strong>es</strong>pecialista na enfermidade apontada na inicial, indica que o autor é portador<br />

de ar<strong>tr</strong>ose e discopatia degenerativa na coluna lombar (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 01). Contudo, segundo o perito, tais patologias<br />

não induzem incapacidade atual para o d<strong>es</strong>empenho da atividade habitual do autor (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito 09).<br />

4. Vale r<strong>es</strong>saltar que, a d<strong>es</strong>peito da regra pr<strong>es</strong>crita no art. 436 do CPC, a perícia judicial é de ex<strong>tr</strong>ema importância para<br />

auxiliar o julgador em seu convencimento, quando os documentos médicos da parte requerente não puderem,<br />

eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia na lide. D<strong>es</strong>tarte, havendo laudos divergent<strong>es</strong>, não há como<br />

considerar os documentos apr<strong>es</strong>entados pela autora em de<strong>tr</strong>imento da conclusão do perito oficial, a menos que os laudos<br />

particular<strong>es</strong> se mos<strong>tr</strong>em suficient<strong>es</strong> à comprovação da incapacidade alegada ou em caso de comprovada e grave falha no<br />

laudo oficial, hipót<strong>es</strong><strong>es</strong> que não ocorreram no caso vertente.<br />

5. Assim, a parte autora, ora recorrente, não logrou êxito em <strong>tr</strong>azer aos autos provas robustas, que pud<strong>es</strong>sem se sobrepor<br />

ao laudo pericial, o qual goza de pr<strong>es</strong>unção de veracidade. Há que se r<strong>es</strong>saltar que o autor <strong>es</strong>teve em gozo de<br />

auxílio-doença até 31/01/2011. Assim, deveria comprovar que a incapacidade permanecia após <strong>es</strong>ta data, a d<strong>es</strong>peito da<br />

c<strong>es</strong>sação do benefício. Contudo, conforme se verifica pelos documentos de fls. 24/32, o autor não <strong>tr</strong>az aos autos sequer um<br />

laudo com data posterior à c<strong>es</strong>sação do benefício, de modo que não há como ser afastada a conclusão do INSS,<br />

coadunada pela perícia realizada na <strong>es</strong>fera judicial.<br />

6. Quadra salientar que, a d<strong>es</strong>peito da constatação de moléstias qualificadas como degenerativas, tal diagnóstico não induz<br />

à ilação nec<strong>es</strong>sária de que a parte não pode ter ou recuperar a capacidade para o labor. Entendimento con<strong>tr</strong>ário significaria<br />

equiparar os conceitos de doença e incapacidade, uma vez que o indivíduo pode padecer de patologia e, ainda assim, deter<br />

plena capacidade para a execução de atividad<strong>es</strong> laborativas, ainda que para funçõ<strong>es</strong> não equivalent<strong>es</strong> às suas habituais.<br />

D<strong>es</strong>ta forma, r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrente não faz jus ao r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença nem tampouco<br />

aposentadoria por invalidez.<br />

7. Em que p<strong>es</strong>e a eventual relevância das condiçõ<strong>es</strong> p<strong>es</strong>soais da parte autora, ante a sustentada alegação de<br />

incapacidade, entendo que <strong>es</strong>tas devem ser analisadas de maneira a complementar o diagnóstico do perito, e não de modo<br />

a d<strong>es</strong>considerá-lo. Assim, in casu, concluo que a ausência de incapacidade constatada por meio de perícia judicial realizada<br />

de maneira regular, sem falhas ou vícios capaz<strong>es</strong> de torná-la nula, impede a conc<strong>es</strong>são do benefício.<br />

8. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46, da Lei n.º 9.099/95)<br />

9. Condenação do recorrente vencido ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a situação financeira da parte, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante assistência judiciária gratuita<br />

deferida à fl. 34, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, decide a Turma Recursal do Juizado<br />

Especial <strong>Federal</strong> da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito,<br />

NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que fica fazendo parte integrante do pr<strong>es</strong>ente<br />

julgado.<br />

BRUNO DUTRA

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!