17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

PARCIALMENTE REFORMADA.<br />

1. Trata-se de Recursos Inominados interpostos pelo INSS, ora primeiro recorrente, e pela parte autora, ora segunda<br />

recorrente, em face da sentença de fls. 108/111, que julgou parcialmente procedente o pedido autoral, condenando o INSS<br />

a implantar o benefício auxílio-doença com DIB em 15/05/2009 (data da realização do exame pericial) e sua conversão em<br />

aposentadoria por invalidez na data da sentença (02/09/2011). Em razõ<strong>es</strong> de recurso, a autarquia previdenciária (primeiro<br />

recorrente) sustenta que o perito do juízo constatou que a incapacidade da autora era meramente temporária, com previsão<br />

de recuperação em 12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong>, não podendo, portanto, ser concedida aposentadoria por invalidez, mas apenas<br />

auxílio-doença. Ademais, alega que não houve inicio de prova material suficiente a comprovar o exercício de atividade rural,<br />

<strong>es</strong>pecialmente porque o <strong>es</strong>poso da autora sempre <strong>tr</strong>abalhou em empr<strong>es</strong>as urbanas. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 122/124.<br />

2. Por sua vez, a parte autora (segunda recorrente) requer que seja modificada a sentença monocrática no que tange à data<br />

inicial do benefício, devendo ser fixada a DIB na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo (26/12/2007), tendo em vista que a<br />

doença incapacitante apontada pela perícia médica seria a m<strong>es</strong>ma encon<strong>tr</strong>ada na <strong>es</strong>fera adminis<strong>tr</strong>ativa. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às<br />

fls.125/130.<br />

3. Inicialmente, cabe d<strong>es</strong>tacar que o auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei 8.213/91, será devido ao<br />

segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou<br />

para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. De seu turno, a aposentadoria por invalidez, por<br />

força do disposto no artigo 42, do m<strong>es</strong>mo diploma legal, uma vez cumprido, quando for o caso, a carência exigida, será<br />

devida ao segurado que, <strong>es</strong>tando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e insusceptível de reabilitação<br />

para o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer n<strong>es</strong>ta condição.<br />

4. Os benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez no que concerne ao segurado <strong>es</strong>pecial - rural - é<br />

concedido mediante a comprovação do efetivo exercício de atividade rural, por meio de prova material indiciária<br />

devidamente referendada pela prova t<strong>es</strong>temunhal, pelo prazo corr<strong>es</strong>pondente à carência exigida, nos termos do art. 39,<br />

inciso I, c/c art. 25, inciso I, da Lei nº 8.213/91, quando for o caso, aliada à demons<strong>tr</strong>ação da incapacidade para o exercício<br />

do labor camp<strong>es</strong>ino. É pacífico o entendimento dos <strong>tr</strong>ibunais pá<strong>tr</strong>ios no sentido de que para o reconhecimento de tempo de<br />

serviço, seja na condição de <strong>tr</strong>abalhador urbano ou rural, é exigido o início razoável de prova material, sendo inadmissível a<br />

prova exclusivamente t<strong>es</strong>temunhal, r<strong>es</strong>salvada a ocorrência de força maior ou caso fortuito, previstos pelo § 3ª do art. 55 da<br />

Lei nº 8.213/91.<br />

5. No pr<strong>es</strong>ente caso, para a comprovação da atividade rural, a parte autora apr<strong>es</strong>entou os seguint<strong>es</strong> documentos: i) carteira<br />

do Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Castelo, com data de admissão em 07/03/2007 (fl. 12); ii) certidão de casamento,<br />

datada em 13/11/1976, onde consta como profissão de seu <strong>es</strong>poso a de lavrador (fl. 16); iii) declaração de exercício de<br />

atividade rural emitido pelo Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Castelo, em 21/12/2007 (fl. 17); iv) con<strong>tr</strong>ato de parceria<br />

agrícola firmado com o Sr. Antonio Zuim, tendo como parceiros outorgados a autora e seu <strong>es</strong>poso, com vigência de <strong>tr</strong>ês<br />

anos, iniciando-se em 14/02/2006 (fl. 21/22); v) anotação na CTPS onde consta que a autora é segurada <strong>es</strong>pecial, em<br />

16/02/2005 (fl. 24). Em complementação à prova material, a t<strong>es</strong>temunha Antonio Zuim afirmou que a autora sempre<br />

exerceu labor rural, tendo, inclusive, laborado em suas terras por <strong>tr</strong>ês anos, salientando que, quando ela saiu de sua<br />

propriedade, já <strong>es</strong>tava com problemas de saúde.<br />

6. D<strong>es</strong>taque-se que o d<strong>es</strong>empenho de atividade urbana por um membro do grupo familiar não constitui, por si só, óbice à<br />

demons<strong>tr</strong>ação da condição de segurado <strong>es</strong>pecial por ou<strong>tr</strong>o componente da família, d<strong>es</strong>de que, a renda advinda da<br />

agricultura seja indispensável ao sustento do lar. O INSS, porém, não se d<strong>es</strong>imcumbiu de seu ônus de demons<strong>tr</strong>ar que os<br />

rendimentos do marido da autora eram suficient<strong>es</strong> para o sustento do grupo familiar, não carreando aos autos sequer o<br />

demons<strong>tr</strong>ativo de salários do m<strong>es</strong>mo. Por ou<strong>tr</strong>o lado, os indícios da indispensabilidade do labor rural são fort<strong>es</strong>, tendo em<br />

vista que a autora, m<strong>es</strong>mo portadora de enfermidad<strong>es</strong>, permaneceu, ao máximo, na lida da roça.<br />

7. Quanto à incapacidade, a perícia médica produzida nos autos (fls. 48/49) constatou que autora é portadora de ob<strong>es</strong>idade<br />

mórbida, hipertensão arterial e ar<strong>tr</strong>ose de coluna dorso-lombar, doenças que a incapacitam para o exercício de sua<br />

atividade habitual como lavradora, de forma total e temporária.<br />

8. N<strong>es</strong>se sentido, entendo que r<strong>es</strong>tou incon<strong>tr</strong>oversa a condição de segurada <strong>es</strong>pecial da parte autora e sua incapacidade<br />

para o exercício de suas atividad<strong>es</strong> habituais. Assim, o MM. Juízo a quo julgou parcialmente procedente o pedido autoral<br />

com base no seguinte entendimento, que a seguir <strong>tr</strong>anscrevo: “não obstante o perito judicial informar que a incapacidade da<br />

autora é temporária, diante da gravidade dos fatos <strong>tr</strong>azidos a juízo pelo perito, notadamente sua dificuldade de locomoção<br />

em razão de sua ob<strong>es</strong>idade, aliado a sua idade, mitigo a prova pericial produzida, nos termos do art.436 do CPC e<br />

considero a autora incapacitada de forma total e definitiva para o exercício de sua atividade laborativa habitual de lavradora<br />

e para qualquer ou<strong>tr</strong>a atividade laboral.”<br />

9. A insurgência do INSS não merece prosperar, pois em consonância com o entendimento do Juízo de origem, entendo<br />

que as enfermidad<strong>es</strong> que acometem a parte autora, aliadas à sua idade, a incapacitam total e definitivamente para o<br />

exercício de suas atividad<strong>es</strong> habituais. D<strong>es</strong>ta feita, havendo a comprovação do exercício de atividad<strong>es</strong> rurais e da<br />

incapacidade total e definitiva, r<strong>es</strong>ta concluir que a autora possui direito à aposentadoria por invalidez.<br />

10. No que tange ao recurso da autora, entendo que a sentença merece ser reformada em parte. Isso porque comungo do<br />

entendimento de que a DIB deve sempre ser a data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo, salvo se não houver requerimento

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!