17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

GUSTAVO CABRAL VIEIRA.).<br />

RECURSO DE SENTENÇA N.º 0003856-10.2010.4.02.5050/01<br />

RECORRENTE: FRANCISCA CANDIDA DA SILVA<br />

RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />

RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />

EMENTA<br />

RECURSO INOMINADO. PREVIDENCIÁRIO. AUXÍLIO-DOENÇA. NÃO CONSTATAÇÃO DE INCAPACIDADE<br />

LABORATIVA EM EXAME PERICIAL REGULAR. ANÁLISE SISTEMÁTICA DOS ELEMENTOS DE PROVA. BENEFÍCIO<br />

INDEVIDO. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.<br />

1. Trata-se de recurso inominado interposto pela parte autora, ora recorrente, em face da sentença de fls. 45/48, que julgou<br />

improcedente o pleito inicial de r<strong>es</strong>tabelecimento do benefício de auxílio-doença, com base na conclusão técnica apurada<br />

pelo perito do juízo no laudo de fls. 22/23. Em razõ<strong>es</strong> de recurso, a autora (45 anos) reafirma que é portadora de<br />

“Transtorno Psiquiá<strong>tr</strong>ico Depr<strong>es</strong>sivo e Hipertensão Artéria Sistêmica” e que não detém capacidade para o d<strong>es</strong>empenho da<br />

atividade habitual de ajudante de cozinha. Ao final, pugna pela nulidade da sentença, para realização de nova perícia, ou,<br />

ainda, por sua reforma, com o acolhimento do pleito exordial. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 60/65.<br />

2. Inicialmente, cabe d<strong>es</strong>tacar que o auxílio-doença, como se ex<strong>tr</strong>ai do artigo 59, caput, da Lei n.º 8.213/91, será devido ao<br />

segurado que, tendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido, ficar incapacitado para o seu <strong>tr</strong>abalho ou<br />

para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.<br />

3. No caso sob apreço, a perícia do juízo (laudo de fls. 22/23) - conduzida por médico “Psiquia<strong>tr</strong>a Geral e Psiquia<strong>tr</strong>a da<br />

Infância e da Adol<strong>es</strong>cência” – apurou que a autora não é acometida de doença psiquiá<strong>tr</strong>ica (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito n.º 01),<br />

concluindo que “não há incapacidade laborativa do ponto de vista psíquico” (r<strong>es</strong>posta ao qu<strong>es</strong>ito n.º 06 e seguint<strong>es</strong>).<br />

4. De sua parte, a autora colacionou aos autos: at<strong>es</strong>tado emitido por médico cardiologista com o regis<strong>tr</strong>o de que a paciente<br />

é portadora de <strong>tr</strong>anstorno depr<strong>es</strong>sivo maior, hipertensão arterial leve e <strong>tr</strong>anstorno de ansiedade generalizada e encon<strong>tr</strong>a-se<br />

incapacitada para o <strong>tr</strong>abalho (fls. 10, 30 e 32); laudo médico at<strong>es</strong>tando a ocorrência de anemia (fl. 11); receituário médico<br />

com a pr<strong>es</strong>crição dos medicamentos (fls. 12 e 31); formulário de atendimento médico ambulatorial/hospitalar (fl. 13); e<br />

at<strong>es</strong>tado de médico clínico geral em que declara que a paciente é acometida de HAS, <strong>tr</strong>anstorno depr<strong>es</strong>sivo maior e<br />

ansiedade.<br />

5. Preliminarmente, afasta-se a alegação de nulidade da sentença para produção de nova perícia médica. Com efeito, em<br />

impugnação ao parecer oficial (fls. 28/29), a parte autora pugnou pela realização de novo exame “com ou<strong>tr</strong>o profissional<br />

<strong>es</strong>pecializado na área de psiquia<strong>tr</strong>ia, para que <strong>es</strong>te sim possa fundamentar melhor o real <strong>es</strong>tado clínico mental da parte”<br />

(<strong>tr</strong>echo à fl. 29). Contudo, o exame pericial foi realizado, justamente, por médico <strong>es</strong>pecialista em psiquia<strong>tr</strong>ia, o que afasta<br />

qualquer alegação de prejuízo à def<strong>es</strong>a n<strong>es</strong>se tocante. Ademais, reputo que os elementos de prova produzidos nos autos<br />

revelaram-se suficient<strong>es</strong> à conformação da convicção do juízo acerca do <strong>es</strong>tado de saúde da autora, sendo certo que os<br />

pontos con<strong>tr</strong>overtidos relativos à (in)capacidade laborativa da parte periciada, embora de maneira direta e objetiva, foram<br />

eficazmente <strong>es</strong>clarecidos no laudo técnico acostado às fls. 22/23, não subsistindo qu<strong>es</strong>tõ<strong>es</strong> determinant<strong>es</strong> não enfrentadas<br />

no exame técnico. Nulidade rejeitada.<br />

6. No mérito, tenho que, diante da conclusão da perícia oficial, em cotejo com os documentos médicos apr<strong>es</strong>entados pela<br />

parte, inexistem, nos autos, elementos técnicos capaz<strong>es</strong> de balizarem a caracterização do alegado <strong>es</strong>tado de incapacidade<br />

para o labor, sendo certo que a existência de eventual patologia não implica, nec<strong>es</strong>sariamente, inaptidão funcional.<br />

7. N<strong>es</strong>se diapasão, vale r<strong>es</strong>saltar que, a d<strong>es</strong>peito da regra pr<strong>es</strong>crita no art. 436 do CPC, a perícia judicial revela-se de<br />

ex<strong>tr</strong>ema importância na formação da convicção do julgador, quando os documentos médicos da parte requerente não<br />

puderem, eficientemente, comprovar aquilo que é motivo de con<strong>tr</strong>ovérsia na lide.<br />

8. Por todo o exposto, reputo não demons<strong>tr</strong>ada hipót<strong>es</strong>e de incapacidade laborativa, não havendo, portanto, fundamento a<br />

autorizar o deferimento do benefício de auxílio-doença em favor da parte autora/recorrente.<br />

9. Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos (art. 46 da Lei 9.099/95).<br />

10. Condenação da recorrente vencida ao pagamento de custas proc<strong>es</strong>suais e de honorários advocatícios, cujo valor,<br />

considerada a complexidade da causa, arbi<strong>tr</strong>o em R$ 100,00 (cem reais). Contudo, ante o deferimento de assistência<br />

judiciária gratuita à fl. 16, suspendo a exigibilidade de tais verbas sucumbenciais, nos termos do art. 12 da Lei n.º 1.060/50.<br />

ACÓRDÃO<br />

Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, em que são part<strong>es</strong> as acima indicadas, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal<br />

dos Juizados Especiais Federais da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e,<br />

no mérito, NEGAR-LHE PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!