17.04.2013 Views

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

É o relatório. Passo a proferir voto.<br />

O salário-maternidade é benefício previdenciário previsto no artigo 39, parágrafo único da Lei nº 8.213/91, o qual dispõe que<br />

“Para a segurada <strong>es</strong>pecial fica garantida a conc<strong>es</strong>são do salário-maternidade no valor de 1 (um) salário mínimo, d<strong>es</strong>de que<br />

comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, nos 12 (doze) m<strong>es</strong><strong>es</strong> imediatamente anterior<strong>es</strong><br />

ao do início do benefício.”.<br />

Regulamentando <strong>es</strong>te dispositivo, o Decreto nº 3.048/99, em seu artigo 93, § 2º, dispõe que “Será devido o<br />

salário-maternidade à segurada <strong>es</strong>pecial, d<strong>es</strong>de que comprove o exercício de atividade rural nos últimos dez m<strong>es</strong><strong>es</strong><br />

imediatamente anterior<strong>es</strong> à data do parto ou do requerimento do benefício, quando requerido ant<strong>es</strong> do parto, m<strong>es</strong>mo que<br />

de forma d<strong>es</strong>contínua [...].”. Trazendo a norma regulamentadora prazo menor de carência, <strong>es</strong>te é o que deve ser cumprido<br />

pela segurada <strong>es</strong>pecial, por ser mais benéfico, sendo <strong>es</strong>te também o entendimento da autarquia previdenciária, por conta<br />

do disposto no artigo 25, III, da Lei nº 8.213/91.<br />

Em se <strong>tr</strong>atando de <strong>tr</strong>abalhadora rural, para fins de reconhecimento do exercício de atividade rural, o serviço deve ser<br />

comprovado ao menos por início de razoável prova material contemporânea à época dos fatos, nos termos do art. 55, § 3º<br />

da Lei 8.213/91 e, para que tal atividade se enquadre no regime de economia familiar, faz-se nec<strong>es</strong>sário que o <strong>tr</strong>abalho dos<br />

membros da família seja indispensável à própria subsistência e ao d<strong>es</strong>envolvimento socioeconômico do núcleo familiar e<br />

que seja exercido em condiçõ<strong>es</strong> de mútua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados, conforme dispõe o<br />

§ 1º do artigo 11 da referida legislação. Vale, ainda, mencionar que o legislador admite que a atividade rural seja exercida<br />

individualmente, nos termos do inciso VII do artigo 11 da Lei 8.213/91.<br />

Na hipót<strong>es</strong>e, como foi acima vislumbrado, aduz a recorrente que há nos autos prova acerca do efetivo exercício de<br />

atividade rural pelo tempo de carência exigido, argumento que, pedindo vênias à douta MM. Juíza <strong>Federal</strong> de origem, hei<br />

por bem acolher.<br />

O exercício de labor rural foi comprovado pela recorrente por meio de prova documental mínima, qual seja: i) cadas<strong>tr</strong>o no<br />

Sindicato dos Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Iconha/ES, com data de admissão em 02/04/2011 (fl. 17); ii) declaração de exercício<br />

de atividade rural (fl. 19); iii) con<strong>tr</strong>ato de comodato (fl. 20); iv) certidão de nascimento da filha da autora, onde <strong>es</strong>ta é<br />

qualificada como lavradora (fl. 21); v) fichas de cadas<strong>tr</strong>o de client<strong>es</strong> (fls. 33/34), datadas de 2001, nas quais a recorrente é<br />

considerada lavradora.<br />

A prova documental foi corroborada pela prova t<strong>es</strong>temunhal colhida em audiência, conforme CD-R de áudio (fl. 51). Não<br />

houve con<strong>tr</strong>adição ou imprecisão en<strong>tr</strong>e o depoimento da parte autora, do informante (pai da autora) e da t<strong>es</strong>temunha, sendo<br />

que <strong>es</strong>ta confirmou o labor rural indicado pela autora, afirmando que ela sempre <strong>tr</strong>abalhou na roça, juntamente com seu<br />

marido. Ao con<strong>tr</strong>ário da magis<strong>tr</strong>ada sentenciante, não verifiquei con<strong>tr</strong>adiçõ<strong>es</strong> que me levassem a d<strong>es</strong>acreditar a autora.<br />

Assim, r<strong>es</strong>ta comprovado a existência de labor rural em regime de economia familiar.<br />

Consoante jurisprudência consolidada no Superior Tribunal de <strong>Justiça</strong> e na Turma Nacional de Uniformização de<br />

Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais , o <strong>tr</strong>abalho urbano d<strong>es</strong>empenhado pelo cônjuge, por si só, não<br />

d<strong>es</strong>caracteriza o exercício de atividade rural em regime de economia familiar pelo segurado <strong>es</strong>pecial.<br />

N<strong>es</strong>s<strong>es</strong> termos, compulsando os autos, concluo que o <strong>tr</strong>abalho rural da autora sempre foi impr<strong>es</strong>cindível para o sustento da<br />

família. O labor urbano do marido da recorrente (fls. 52/54) não afasta <strong>es</strong>sa conclusão, mormente porque equivale a valor<br />

pouco superior ao mínimo legal. Assim, o INSS não logrou êxito em comprovar que, devido ao <strong>tr</strong>abalho urbano do marido<br />

da autora, a atividade rural era dispensável, de modo que não há que se falar em d<strong>es</strong>caracterização da condição de<br />

rurícola.<br />

Por fim, regis<strong>tr</strong>o que o vínculo urbano da autora não ul<strong>tr</strong>apassa o período de dois m<strong>es</strong><strong>es</strong>, conforme CTPS de fl. 16 e CNIS<br />

de fl. 46, não acarretando a perda da qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial da autora. Ademais, ele remonta a 1998, período<br />

muito anterior à carência que aqui se pretende comprovar (2005)<br />

Por conclusão, comprovado o exercício de atividade rural pelo período equivalente à carência e demons<strong>tr</strong>ado o nascimento<br />

de prole (certidão de nascimento de fl. 21), faz jus a parte ao benefício de salário-maternidade.<br />

Ante o exposto, CONHEÇO DO RECURSO e, no mérito, DOU-LHE PROVIMENTO, para determinar a conc<strong>es</strong>são do<br />

benefício previdenciário de salário-maternidade à parte recorrente, com DIB na data do requerimento adminis<strong>tr</strong>ativo<br />

(02/02/2006 - fl. 18).<br />

As parcelas a<strong>tr</strong>asadas deverão ser acr<strong>es</strong>cidas de correção monetária d<strong>es</strong>de a data em que deveriam ter sido pagas e de<br />

juros de mora a contar da citação, observada a nova regra prevista no 1º-F da Lei nº. 9.494/97 (redação conferida pela Lei<br />

nº. 11.960/09), r<strong>es</strong>salvado o entendimento p<strong>es</strong>soal d<strong>es</strong>te magis<strong>tr</strong>ado.<br />

Deverá o INSS informar a <strong>es</strong>te Juízo os valor<strong>es</strong> a serem requisitados por RPV, no prazo de 30 (<strong>tr</strong>inta) dias, contados do<br />

<strong>tr</strong>ânsito em julgado da pr<strong>es</strong>ente decisão. Quanto à não liquidez do julgado, r<strong>es</strong>salto o fato de que o INSS detém maior<strong>es</strong><br />

condiçõ<strong>es</strong> de elaborar os cálculos dos valor<strong>es</strong> em a<strong>tr</strong>aso, e que tal posicionamento coaduna-se com a orientação<br />

consolidada no Enunciado nº 04 da Turma Recursal do Espírito Santo. Após a apuração adminis<strong>tr</strong>ativa dos valor<strong>es</strong> em

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!