boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Finalmente, alega o INSS que o fato de o <strong>es</strong>poso da autora ter sido aposentado na condição de con<strong>tr</strong>ibuinte individual do<br />
ramo de <strong>tr</strong>ansport<strong>es</strong> e carga d<strong>es</strong>caracteriza a condição de segurado <strong>es</strong>pecial, tendo em vista que a renda proveniente de<br />
atividade diversa daquela praticada na lavoura faz com que o labor rural deixe de ser indispensável à subsistência da<br />
família. N<strong>es</strong>se diapasão, entendo não assistir razão a Autarquia <strong>Federal</strong>, pois segundo entendimento da TNU a<br />
circunstância de um dos integrant<strong>es</strong> do núcleo familiar d<strong>es</strong>empenhar atividade urbana não implica, por si só, a<br />
d<strong>es</strong>caracterização do <strong>tr</strong>abalhador rural como segurado <strong>es</strong>pecial (súmula 41 da TNU). Ademais o regime de economia<br />
familiar somente r<strong>es</strong>tará d<strong>es</strong>caracterizado se a renda obtida com a atividade urbana ou com o benefício urbano for<br />
suficiente para a manutenção da família, de modo a tornar dispensável a atividade rural, o que não ocorre in casu, tendo em<br />
vista que, atualmente, a parte autora, juntamente com seu <strong>es</strong>poso e filhos ainda <strong>tr</strong>abalham na roça, sendo, portanto,<br />
indispensável o labor rural para a renda familiar.<br />
Preenchido o requisito da idade (60 anos – fl. 11) e comprovado tempo de exercício de atividade rural pelo período exigido<br />
em lei (art. 142 da Lei n.º 8.213/91), r<strong>es</strong>ta concluir que a recorrida faz jus ao benefício de aposentadoria por idade.<br />
Recurso conhecido e improvido. Sentença mantida.<br />
Sem custas, na forma da lei. Condenação do INSS ao pagamento de honorários advocatícios no montante de 10 % (dez<br />
por cento) sobre o valor da condenação, conforme o artigo 20, § 3º do CPC.<br />
ACÓRDÃO<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais<br />
da Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, CONHECER DO RECURSO e, no mérito, NEGAR-LHE<br />
PROVIMENTO, na forma da ementa constante dos autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
BRUNO DUTRA<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
22 - 0000299-80.2008.4.02.5051/01 (2008.50.51.000299-2/01) INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
(PROCDOR: Vinícius de Lacerda Aleodim Campos.) x JOSE BENTO DA SILVA E OUTROS (ADVOGADO: JOAO PEDRO<br />
DE OLIVEIRA COSTA, WANESSA SOARES DE SOUZA.).<br />
RECURSO DE SENTENÇA N.º 0000299-80.2008.4.02.5051/01<br />
RECORRENTE: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS<br />
RECORRIDO: JOSE BENTO DA SILVA E OUTROS<br />
RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />
EMENTA<br />
RECURSO INOMINADO – PREVIDENCIÁRIO – APOSENTADORIA RURAL POR IDADE – SEGURADO ESPECIAL –<br />
COMPROVAÇÃO DO PERÍODO DE CARÊNCIA EXIGIDO – PRESENÇA DE INÍCIO RAZOÁVEL DE PROVA MATERIAL<br />
CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL – LABOR RURAL EXERCIDO INDIVIDUALMENTE – SUBSTITUIÇÃO<br />
PROCESSUAL NOS TERMOS DO ART. 43 DO CPC - RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO – SENTENÇA MANTIDA.<br />
1. Trata-se de Recurso Inominado interposto pela parte ré, ora recorrente, em face da sentença de fls. 40/43, que julgou<br />
procedente o pedido da exordial e concedeu à autora a aposentadoria rural por idade. Sustenta o recorrente, em suas<br />
razõ<strong>es</strong>, que a autora não comprovou o efetivo exercício de atividade rural, não preenchendo, assim, o período de carência<br />
exigido por lei. Ademais, alega que o cônjuge exercia atividade urbana, d<strong>es</strong>caracterizando, portanto o regime de economia<br />
familiar. Con<strong>tr</strong>arrazõ<strong>es</strong> às fls. 52/55.<br />
2. Em primeiro lugar, deve-se r<strong>es</strong>saltar que, nos termos do art. 39, I, da Lei nº 8.213/91, para fins de recebimento de<br />
aposentadoria rural por idade, o segurado <strong>es</strong>pecial do inciso VII do artigo 11 d<strong>es</strong>ta lei, além de comprovar a idade mínima<br />
(55 anos/mulher; 60 anos/homem), nos mold<strong>es</strong> do artigo 48, § 1º do m<strong>es</strong>mo diploma normativo, deve comprovar o efetivo<br />
exercício de atividade rural, ainda que de forma d<strong>es</strong>contínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do<br />
benefício, por tempo igual ao número de m<strong>es</strong><strong>es</strong> de con<strong>tr</strong>ibuição corr<strong>es</strong>pondente à carência do benefício postulado. Vale<br />
mencionar que o inciso VII, do artigo 11, da supracitada lei, permite que a atividade rural seja exercida individualmente.<br />
3. Vale r<strong>es</strong>saltar que, conforme orientação sedimentada no enunciado da Súmula nº 6 da Turma Nacional de<br />
Uniformização, a comprovação da condição de rurícola pode ser feita por certidão de casamento ou ou<strong>tr</strong>o documento que<br />
evidencie a condição de <strong>tr</strong>abalhador rural do cônjuge, uma vez que tais documentos constituem início razoável de prova<br />
material. É exatamente o que ocorre in casu. A recorrida apr<strong>es</strong>entou os seguint<strong>es</strong> documentos: i) certidão de casamento,<br />
realizado em 03/09/1983, com o regis<strong>tr</strong>o da profissão do marido como lavrador (fl. 18); ii) con<strong>tr</strong>ato de parceria agrícola,<br />
realizado em 11/12/2006, constando a parte como parceira outorgada (fls. 16/17); iii) carteira do Sindicato dos<br />
Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Muniz Freire, com admissão em 23/09/2003 (fl. 19); iv) recibo de pagamento de mensalidad<strong>es</strong> do<br />
Sindicato de Trabalhador<strong>es</strong> Rurais de Muniz Freire, datado no ano de 2004 (fl. 20); v) ex<strong>tr</strong>ato do INFBEN de conc<strong>es</strong>são de<br />
auxílio-doença à parte autora, na qualidade de segurada <strong>es</strong>pecial (fl. 57).