boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
boletim tr/es 2012.165 - Justiça Federal
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A C Ó R D Ã O<br />
Vistos, relatados e discutidos <strong>es</strong>t<strong>es</strong> autos, acordam os Juíz<strong>es</strong> da Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais da<br />
Seção Judiciária do Espírito Santo, por unanimidade, DENEGAR A SEGURANÇA, na forma da ementa constante dos<br />
autos, que passa a integrar o pr<strong>es</strong>ente julgado.<br />
BRUNO DUTRA<br />
Juiz <strong>Federal</strong> Relator<br />
98 - 0000190-55.2011.4.02.5053/01 (2011.50.53.000190-6/01) (PROCESSO ELETRÔNICO) MARCELO MATEDI ALVES E<br />
OUTROS x JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE LINHARES x UNIÃO FEDERAL.<br />
MANDADO DE SEGURANÇA N.º 0000190-55.2011.4.02.5053/01<br />
IMPETRANTES: MARCELO MATEDI ALVES, LEONARDO PIZZOL VINHA E MATEDI & VINHA ADVOGADOS<br />
ASSOCIADOS<br />
IMPETRADO: JUIZ FEDERAL DA 1ª VARA FEDERAL DE LINHARES<br />
LISTISCONSORTE PASSIVO: UNIÃO FEDERAL<br />
RELATOR: JUIZ FEDERAL BRUNO DUTRA<br />
VOTO<br />
Trata-se de mandado de segurança impe<strong>tr</strong>ado por Marcelo Matedi Alv<strong>es</strong>, Leonardo Pizzol Vinha e Matedi & Vinha<br />
Advogados Associados em face de decisão tido por coatora praticado pelo Juíz <strong>Federal</strong> da 1ª Vara <strong>Federal</strong> de Linhar<strong>es</strong>, Dr.<br />
Pablo Coelho Charl<strong>es</strong> Gom<strong>es</strong>, que, nos autos da ação originária (Proc<strong>es</strong>so n.º 0000190-55.2011.4.02.5053), indeferiu o<br />
pedido de r<strong>es</strong>erva de honorários con<strong>tr</strong>atuais da quantia a ser recebida pela autora daquela ação por meio de Requisição de<br />
Pequeno Valor.<br />
Em sua decisão, a autoridade impe<strong>tr</strong>ada considerou inconstitucional a r<strong>es</strong>erva de honorários prevista no § 4º do art. 22 da<br />
Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB), por entender que tal dispositivo configuraria nítida medida executiva de um con<strong>tr</strong>ato<br />
particular, celebrado en<strong>tr</strong>e advogado e uma das part<strong>es</strong> da ação, con<strong>tr</strong>ato <strong>es</strong>te distinto do objeto da ação, o que<br />
repr<strong>es</strong>entaria expropriação sem prévio proc<strong>es</strong>so, em afronta ao disposto no artigo 5º, LIV da Constituição.<br />
Em face d<strong>es</strong>sa decisão, insurgem-se os impe<strong>tr</strong>ant<strong>es</strong> por meio do pr<strong>es</strong>ente mandado de segurança, no qual requerem,<br />
liminarmente, o d<strong>es</strong>tacamento da verba honorária, na proporção de 5% (cinco por cento) do valor a ser pago à parte autora<br />
quando da expedição do r<strong>es</strong>pectivo requisitório, confirmando-se em sede definitiva o provimento liminar.<br />
Sustentam os impe<strong>tr</strong>ant<strong>es</strong> a possibilidade de d<strong>es</strong>tacamento da verba honorária com fundamento do art. 22 do Estatuto da<br />
OAB, bem como na R<strong>es</strong>olução nº 122/10 do Conselho da <strong>Justiça</strong> <strong>Federal</strong>, d<strong>es</strong>tacando-se <strong>tr</strong>atar-se de direito subjetivo do<br />
causídico d<strong>es</strong>de que haja a juntada do con<strong>tr</strong>ato particular em momento anterior à expedição do requisitório, o que deve ser<br />
observado pelo juiz da execução. Ademais, defendem a legalidade e a constitucionalidade dos referidos dispositivos legais<br />
e normativos, não havendo que se falar em violação ao art. 5º, inciso LV, da Constituição <strong>Federal</strong>. Por fim, levantam a t<strong>es</strong>e<br />
de que o juiz não poderia decretar de ofício a inconstitucionalidade de dispositivo legal.<br />
À fl. 111, consta decisão que postergou a análise do pleito liminar.<br />
Notificada, a autoridade coatora pr<strong>es</strong>tou informaçõ<strong>es</strong> às fls. 113/115.<br />
À fl. 120, o Ministério Público <strong>Federal</strong> manif<strong>es</strong>tou-se pela d<strong>es</strong>nec<strong>es</strong>sidade de sua pr<strong>es</strong>ença no feito.<br />
É o sucinto relatório. Passo a proferir voto.<br />
O mandado de segurança tem por finalidade proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas<br />
data, quando o r<strong>es</strong>ponsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de p<strong>es</strong>soa jurídica no<br />
exercício de a<strong>tr</strong>ibuiçõ<strong>es</strong> do Poder Público.<br />
Sua previsão se encon<strong>tr</strong>a no art. 5º, LXIX, da Constituição <strong>Federal</strong> de 1988, inserindo-se no núcleo dos direitos e garantias<br />
individuais de índole proc<strong>es</strong>sual d<strong>es</strong>tinados a serem manejados con<strong>tr</strong>a abuso de poder derivado da atuação dos<br />
repr<strong>es</strong>entant<strong>es</strong> da adminis<strong>tr</strong>ação pública em sentido amplo, en<strong>tr</strong>e os quais se inclui o juiz.<br />
Dito isto, passo à análise do mérito do writ.<br />
Cinge-se o pr<strong>es</strong>ente mandamus em discutir se é legítimo o d<strong>es</strong>tacamento dos honorários con<strong>tr</strong>atuais do valor a ser<br />
recebido pela parte autora mediante requisição de pagamento.<br />
Conforme relatado, a autoridade tida por coatora indeferiu o pedido dos ora impe<strong>tr</strong>ant<strong>es</strong> sob o fundamento de o § 4º do art.<br />
22 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da OAB) seria inconstitucional, por configurar nítida medida executiva de um con<strong>tr</strong>ato