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COMO PRODUZIR LEITE DE QUALIDADE - Seag

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<strong>COMO</strong><br />

<strong>PRODUZIR</strong><br />

<strong>LEITE</strong> <strong>DE</strong><br />

QUALIDA<strong>DE</strong>


<strong>COMO</strong> <strong>PRODUZIR</strong> <strong>LEITE</strong><br />

<strong>DE</strong> QUALIDA<strong>DE</strong><br />

Pedro Carlos Cani<br />

Engenheiro Agrônomo<br />

Rosane Freitas Frangilo<br />

Zootecnista<br />

Vitória-ES<br />

2008


Copyright© - Todos os direitos reservados.<br />

ACPGLES - Associação de Criadores e Produtores de Gado de Leite do Espírito Santo<br />

Ladeira Virgílio Lambert, 144 - Centro - Santa Teresa - ES - Cep 29650-000<br />

Tel.: 27 3259-1383 - e-mail: acpglesnst@hotmail.com<br />

Documento nº 01<br />

Janeiro 2008<br />

Coordenação Editorai:<br />

Liliâm Maria Ventorim Ferrão<br />

Colaboradores:<br />

Antônio Wanderley Basoni Júnior<br />

Robertson Valladão de Azeredo<br />

Bevaldo Martins Pacheco<br />

Projeto Gráfico e Editoração Eletrônica:<br />

Oficina de Letras Comunicação - (27) 3222-6955<br />

Revisão de Português:<br />

Raquel Vaccari de Lima Loureiro<br />

Fotos:<br />

Augusto Carlos Barraque<br />

Rosane Freitas Frangilo<br />

Impressão:<br />

Tiragem: 10 mil exemplares<br />

Ficha Catalográfica: Cleuza Zanetti Monjardim<br />

637-127 Cani, Pedro Carlos<br />

c 223 C Como produzir leite de qualidade/ Pedro<br />

Carlos Cani, Rosane Freitas Frangilo. Vitória,<br />

ES: ACPLES/<strong>Seag</strong>-ES, 2008.<br />

36p. il.(ACPGLES. Documentos, 1)<br />

Inclui bibliografia<br />

1- Leite - Qualidade – Produção I Cani, Pedro<br />

Cani. II Frangilo, Rosane Freitas. III Título


S u m á r i o<br />

Apresentação .......................................................................................................................................................... 7<br />

1. O que é leite de qualidade? .......................................................................................................................... 9<br />

1.1 Como é feito o controle de qualidade do leite?..........................................................................10<br />

2. Como obter leite de qualidade? ...............................................................................................................13<br />

2.1 Higienização no processo de obtenção do leite ........................................................................15<br />

2.1.1 Características de um bom ordenhador .............................................................................16<br />

2.1.2 Higienização da sala de ordenha ...........................................................................................17<br />

2.1.3 Higienização dos latões e utensílios .....................................................................................18<br />

2.1.4 Higienização da ordenhadeira ................................................................................................19<br />

2.1.5 Manutenção dos equipamentos ............................................................................................20<br />

2.1.6 Higiene da ordenha ....................................................................................................................21<br />

2.2 Destino do leite depois da ordenha ...............................................................................................26<br />

2.3 Resfriamento do leite............................................................................................................................27<br />

2.3.1 Higienização do resfriador de leite ........................................................................................28<br />

3. Mamite ...............................................................................................................................................................30<br />

3.1 O que é mamite? ...................................................................................................................................30<br />

3.2 Prejuízos causados pela mamite .....................................................................................................33<br />

3.3 Como a mamite é transmitida ..........................................................................................................33<br />

3.4 Controle da mamite .............................................................................................................................36


A p r e S e n t A ç ã o<br />

A sociedade, cada vez mais exigente, anseia e busca por alimentos<br />

de qualidade.<br />

Atenta a esta realidade, a pecuária de leite vem sendo marcada por<br />

intenso processo de especialização da produção exigida, na mesma<br />

intensidade, pelas indústrias de laticínios, quanto à qualidade do lei-<br />

te produzido nas unidades de produção.<br />

O Governo, percebendo essa nova demanda de produção e de con-<br />

sumo editou, em 2002, a Instrução Normativa nº 51, com vistas ao<br />

aperfeiçoamento e a modernização da legislação sanitária, objeti-<br />

vando a obtenção de leite de qualidade para ser ofertado ao mer-<br />

cado consumidor. Melhorar a qualidade do leite é uma obrigação<br />

de quem produz e não uma opção, pois o consumidor tem o direito<br />

de adquirir produtos de confiança, tanto do ponto de vista sanitário<br />

quanto nutricional.<br />

Sentindo a ausência de trabalhos sobre a obtenção de leite de qua-<br />

lidade no Estado do Espírito Santo, a Associação de Criadores e Pro-<br />

dutores de Gado de Leite do Espírito Santo, juntamente com a Or-<br />

ganização das Cooperativas do Brasil – OCB, decidiram publicar o<br />

presente trabalho.


É um trabalho extremamente oportuno, pois as informações nele<br />

contidas visam capacitar os produtores e trabalhadores para produ-<br />

zirem leite de qualidade e, assim, atender as exigências do cidadão<br />

consumidor e das indústrias.<br />

É um trabalho abrangente, pois aborda os cuidados com a matéria-<br />

prima, que vão desde a fonte de produção, passam pelos caminhos<br />

por ela percorridos indo até a plataforma de recepção da indústria e<br />

tem como foco dominante a segurança alimentar do consumidor.<br />

É fruto de intensa consulta a técnicos do setor e a publicações espe-<br />

cializadas, na busca de produzir um documento amplo para atender<br />

todos os elos da cadeia produtiva relacionados com a obtenção de<br />

leite de qualidade. Foi redigida em linguagem simples e reforçada<br />

com inúmeras imagens fotográficas para permitir fácil entendimento<br />

do seu conteúdo.<br />

Um bom trabalho, sem dúvida, de qualidade.<br />

Boa leitura.<br />

César Colnago<br />

Secretário de Estado da Agricultura,<br />

Abastecimento, Aqüicultura e Pesca


1. O QUE É <strong>LEITE</strong> <strong>DE</strong> QUALIDA<strong>DE</strong>?<br />

Leite de qualidade é aquele produzido por vacas sadias e bem alimentadas, que conserva as<br />

qualidades nutritivas ao longo de todas as etapas de sua obtenção e não apresenta riscos para<br />

a saúde humana quando consumido.<br />

Os principais fatores que alteram a qualidade do leite são:<br />

• presença de colostro;<br />

• falta de higiene na ordenha e nos equipamentos<br />

usados;<br />

• leite de vaca com mamite;<br />

• demora no processo de resfriamento do leite;<br />

• alimentação da vaca em produção.<br />

Colostro – É o leite grosso, amarelado e cremoso, obtido na primeira ordenha após o parto.<br />

Apenas o leite da primeira ordenha é denominado colostro. O leite obtido da segunda até<br />

a oitava ordenha (quinto dia de lactação) é considerado leite de transição, devido a sua<br />

composição ir se assemelhando gradualmente ao leite integral. O colostro é muito rico em<br />

substâncias de defesa (anticorpos), as quais permitem ao bezerro recém-nascido defender-<br />

se do ataque de doenças.


1.1 COmO É fEITO O COnTrOLE <strong>DE</strong> QUALIDA<strong>DE</strong> DO <strong>LEITE</strong>?<br />

O controle de qualidade do leite começa na propriedade, pois a Instrução Normativa Nº 51 do<br />

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) determina que, pelo menos uma<br />

vez por mês, amostras do leite de cada propriedade devem ser enviadas pela indústria para<br />

serem analisadas na Rede Brasileira de Laboratórios de Controle de Qualidade do Leite (RBQL).<br />

Os resultados das análises são entregues a cada produtor, assim ele fica sabendo o que deve<br />

fazer para eliminar o problema encontrado. As análises realizadas no leite são:<br />

• Contagem Bacteriana Total (CBT);<br />

• Contagem de Células Somáticas (CCS);<br />

• Determinação dos teores de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos desengordurados;<br />

• Pesquisa de resíduos de antibióticos;<br />

• Pesquisa de indicadores de fraudes e adulterações.<br />

Contagem Bacteriana Total: indica a contaminação do leite por bactérias. Quanto menor a<br />

contagem, maior rigor higiênico existiu nas etapas de obtenção do leite.<br />

10<br />

Bactérias são micróbios!<br />

Os micróbios não podem ser vistos a olho nu. Para ver os micróbios presentes no leite é preciso<br />

usar um aparelho chamado microscópio. As bactérias estão presentes na água, no ar, na terra,<br />

no capim, nos pêlos e nos tetos da vaca, nas fezes, na urina, na roupa e nas mãos do ordenhador,<br />

nos insetos e nos equipamentos de ordenha sujos. A maioria das bactérias não causa proble-<br />

ma. Algumas trazem benefícios para o homem. Outras causam doenças. Algumas estragam os<br />

alimentos, é o caso das que se alimentam do leite. O leite atacado pelas bactérias fica com sua<br />

qualidade ruim.


Contagem de Células Somáticas: é a quantidade de células presentes no leite, sendo uma<br />

parte proveniente do tecido interno do úbere e outra, de células de defesa do animal. Quando<br />

as bactérias causadoras da mamite atacam o úbere, as células de defesa passam do sangue<br />

para o úbere para combater essas bactérias. Quanto mais intenso for o ataque das bactérias,<br />

maior será a contagem de células somáticas no leite.<br />

A Instrução Normativa Nº 51 do MAPA define que a Contagem Bacteriana Total e a Contagem<br />

de Células Somáticas no leite cru refrigerado devem passar por uma redução gradual ao longo<br />

dos anos, conforme mostra a Tabela 1.<br />

Tabela 1 – Contagem Bacteriana Total (CBT) máxima e Contagem de Células Somáticas (CCS)<br />

Índice medido (por<br />

propriedade ou por<br />

tanque comunitário)<br />

Contagem Bacteriana<br />

Total (UFC/ml)<br />

máxima admitidas no leite cru refrigerado, na Região Sudeste do Brasil<br />

Contagem de Células<br />

Somáticas (CCS/ml)<br />

Observações:<br />

Até 1º/07/2008<br />

A partir de<br />

1º/07/2008<br />

A partir de<br />

1º/07/2011<br />

1.000.000 750.000 100.000<br />

1.000.000 750.000 400.000<br />

UFC/ml: significa Unidades Formadoras de Colônias por mililitro de leite. Mede a contamina-<br />

ção que ocorreu durante a ordenha, o armazenamento e no transporte do leite.<br />

Determinação da quantidade de gordura, lactose, proteína, sólidos totais e sólidos desen-<br />

gordurados: a análise destes componentes é feita porque eles são responsáveis pelo valor nutriti-<br />

vo do leite. Quanto maior a quantidade destes componentes, maior será o rendimento na fabrica-<br />

ção dos derivados de leite. Vacas mal alimentadas, vacas com mamite, falta de higiene na ordenha<br />

e refrigeração mal feita são fatores que provocam alteração na quantidade desses componentes.<br />

11


12<br />

IMPORTANTE:<br />

Para produzir leite com qualidade, as vacas devem consumir pastos bem manejados, que<br />

crescem em solos não degradados. Se as pastagens são boas, somente as vacas que produ-<br />

zem acima de 12 quilos de leite por dia devem receber complementação alimentar. Logica-<br />

mente, isso depende de uma avaliação técnica feita para cada caso.<br />

Pesquisa de resíduos de antibióticos: antibióticos são medicamentos usados para tratar do-<br />

enças infecciosas causadas por bactérias. A infecção mais comum tratada com antibiótico em<br />

vacas é a mamite. Quando se aplica antibiótico em uma vaca, o leite que ela produz passa a<br />

conter resíduos desse antibiótico durante um determinado tempo. Durante esse tempo, o<br />

leite não deve ser aproveitado ou vendido. É muito importante seguir as informações do fabri-<br />

cante quanto ao período de carência do produto.<br />

Vale lembrar que outros produtos utilizados nos animais e na limpeza de equipamentos<br />

podem estar presentes no leite. É o caso dos vermífugos, carrapaticidas, inseticidas, desin-<br />

fetantes e detergentes. O produtor deve estar atento, de modo a evitar os resíduos desses<br />

produtos no leite.<br />

Atenção!<br />

O leite com antibiótico não deve ser aproveitado, porque pode:<br />

• causar alergias em quem beber o leite;<br />

• desenvolver resistência em bactérias causadoras de doenças;<br />

• prejudicar o crescimento dos fermentos usados na fabricação de queijos e iogurtes, trazen-<br />

do prejuízos às indústrias e ao produtor.


Para evitar a presença de antibióticos no leite, é necessário identificar a vaca tratada, anotar o dia e<br />

a hora do tratamento, o antibiótico usado e o prazo de eliminação deste antibiótico pelo animal.<br />

Pesquisa de indicadores de fraudes e adulterações: este tipo de pesquisa é realizado pelo<br />

menos duas vezes ao mês. Visa identificar fraudes e adulterações realizadas por alguns produ-<br />

tores que ainda insistem em praticar essas irregularidades. Uma vez identificada a fraude ou<br />

adulteração, o leite é descartado.<br />

2. COmO OBTEr <strong>LEITE</strong> <strong>DE</strong> QUALIDA<strong>DE</strong>?<br />

A obtenção do leite de qualidade começa ordenhando-se apenas vacas sadias. A seguir, três<br />

procedimentos fundamentais devem ser adotados: higienização no processo de obtenção do<br />

leite, resfriamento do leite e controle da mamite.<br />

Leite resfriado paralisa<br />

a multiplicação dos<br />

micróbios, assim a<br />

qualidade do leite é<br />

mantida<br />

13


14<br />

Equipamentos,<br />

mãos do ordenhador<br />

e úbere da vaca<br />

devem receber<br />

limpeza rigorosa<br />

Somente úbere<br />

sadio produz leite<br />

de qualidade


2.1 HIGIEnIZAÇÃO nO PrOCESSO <strong>DE</strong> OBTEnÇÃO DO <strong>LEITE</strong><br />

A higienização envolve limpeza e desinfecção.<br />

Limpeza: é a remoção da sujeira dos equipamentos, dos tetos das vacas e das mãos do orde-<br />

nhador. Para realizar esta tarefa, é preciso ter água de qualidade disponível.<br />

Água de qualidade: é água potável que deve existir em quantidade suficiente para atender<br />

ao trabalho diário de limpeza e higienização dos animais, dos equipamentos e das instala-<br />

ções. Água potável é livre de micróbios, matéria orgânica e outros contaminantes. A qua-<br />

lidade da água deve ser comprovada em análise de laboratório. Os reservatórios de água<br />

devem ser mantidos tampados e isolados.<br />

Desinfecção: é a eliminação de micróbios causadores de doenças ou<br />

que promovem fermentações indesejáveis no leite e nos derivados.<br />

A limpeza e desinfecção de todos os utensílios e equipamentos<br />

usados na produção de leite, bem como a higiene pessoal do<br />

ordenhador, deverão ser realizadas criteriosamente. Os equipa-<br />

mentos devem ser limpos e desinfetados imediatamente depois<br />

de terminada a ordenha. Quanto mais tempo demorar, mais difí-<br />

cil fica remover os restos de leite.<br />

A água deve ser captada em fonte segura,<br />

livre de contaminantes e o depósito deve ser<br />

protegido contra a entrada de animais<br />

15


2.1.1 Características de um bom ordenhador<br />

O comportamento do ordenhador durante a ordenha exerce significativa influência na produ-<br />

ção de leite das vacas. Portanto, é preciso que haja bom entrosamento entre o ordenhador e<br />

as vacas. Assim, o ordenhador deve ser cauteloso no manejo com as vacas e realizar a mesma<br />

rotina durante todas as ordenhas.<br />

Além disso, um bom ordenhador deve adotar alguns procedimentos importantes para ajudar<br />

obter leite de qualidade, dentre eles:<br />

• apresentar bons hábitos de higiene (roupa limpa, botas de borracha, cabelos e unhas cor-<br />

tadas);<br />

• lavar as mãos antes e durante a ordenha;<br />

• apresentar bom nível de conhecimento técnico.<br />

16<br />

O ordenhador deve<br />

lavar as mãos antes<br />

de iniciar a ordenha<br />

e sempre que sujar<br />

as mãos


2.1.2 Higienização da sala de ordenha<br />

A sala de ordenha deve ser um local tranqüilo, limpo e que ofereça conforto às vacas. Latões,<br />

detergente, soluções desinfetantes, papel toalha, caneca telada de fundo preto, frasco para<br />

imersão dos tetos e escova devem estar na sala de ordenha e disponíveis para uso.<br />

A sala de ordenha deve ser organizada e higienizada para receber as vacas.<br />

Todos os equipamentos<br />

devem estar limpos e<br />

disponíveis na hora<br />

da ordenha<br />

1


2.1.3 Higienização dos latões e utensílios<br />

• Lave os latões e suas tampas com água morna a 45ºC.<br />

• Em seguida, utilize um detergente alcalino clorado na dosagem indicada pelo fabricante do<br />

1<br />

produto, em água morna, promovendo esfregação completa em toda a superfície interna<br />

do latão, enxágüe com água limpa por três vezes seguida.<br />

• Após limpeza com detergente alcalino, passe uma solução de detergente ácido diluído, em<br />

água em torno de 60ºC, enxaguar muito bem.<br />

• Deixe os latões emborcados em estrados próprios para facilitar a secagem.<br />

• Lave os filtros e demais utensílios com água morna, e a seguir desinfete-os com detergentes<br />

e coloque-os em locais secos, arejados, limpos e protegidos contra moscas e outros insetos.<br />

Lavagem dos<br />

equipamentos<br />

com água limpa e<br />

corrente


2.1.4 Higienização da ordenhadeira<br />

Todos os dias, antes de começar a ordenha:<br />

• Circule uma solução clorada de 200 ppm de cloro aproximadamente dois mililitros de cloro<br />

em 10 litros de água, durante 5 minutos. Drene completamente a solução para não ficar<br />

resíduo. Isso deve ser feito 30 minutos antes de começar ordenha. Não reutilize a água que<br />

passou pela ordenhadeira.<br />

Todos os dias, após a ordenha:<br />

• Enxágüe a ordenhadeira com água morna de 35º a 45ºC durante 5 minutos, sem recircular a água.<br />

• Circule uma solução de detergente alcalino clorado em temperatura de 65º a 70 ºC na con-<br />

centração indicada pelo fabricante do produto, durante 10 minutos.<br />

• Enxágüe com água à temperatura ambiente, por 5 minutos.<br />

• Após enxaguar o detergente alcalino,<br />

circule uma solução de detergente áci-<br />

do em água morna, na concentração<br />

indicada pelo fabricante do produto,<br />

por 10 minutos.<br />

O produtor pode preparar suas<br />

próprias soluções desinfetantes,<br />

tomando o cuidado com as dosagens<br />

dos produtos utilizados, ou senão,<br />

comprá-las prontas<br />

1


2.1.5 Manutenção dos equipamentos<br />

• Após a ordenha, cheque o filtro de linha e os coadores. Caso apresentem sujidade, reveja<br />

as operações de limpeza dos tetos, dos equipamentos e dos procedimentos da ordenha. É<br />

muito importante fazer a manutenção rotineira da ordenhadeira. Verifique com freqüência<br />

se há rachaduras nas borrachas e mangueiras.<br />

• Dê uma atenção especial ao funcionamento adequado do equipamento de ordenha. A regu-<br />

lagem correta dos pulsadores evita lesões no úbere.<br />

• O nível de vácuo varia de acordo com o tipo de ordenhadeira e é controlado pelo regulador<br />

de vácuo, chamado vacuômetro, conforme mostra o quadro a seguir.<br />

Tipo de ordenhadeira Nível de vácuo recomendado<br />

Balde ao pé 44 a 46 KPa<br />

Circuito fechado - Linha baixa 44 a 46 Kpa<br />

Circuito fechado - Linha alta 47 a 51 KPa<br />

Linha alta com garrafão central 46 a 49 KPa<br />

20<br />

Regulador de vácuo<br />

mostrando nível correto de<br />

vácuo para ordenhadeira<br />

de balde ao pé


• Cheque a regulagem dos pulsadores mecânicos e eletrônicos. A taxa de pulsação deve ser de<br />

60 batidas por minuto.<br />

• Inspecione o orifício de entrada de ar dos coletores. Se estiver obstruído, limpe-o.<br />

• Troque os insufladores a cada 2.500 vacas ordenhadas e as mangueiras do leite anualmente.<br />

As demais peças de borracha devem ser trocadas a cada dois anos.<br />

• Substitua os componentes que entram em contato com o leite a cada seis meses, ou de acor-<br />

do com a recomendação do fabricante da ordenhadeira.<br />

2.1.6 Higiene da Ordenha<br />

As vacas devem ser manejadas com calma. O<br />

horário e a ordem de entrada na sala de or-<br />

denha deverão ser os mesmos, todos os dias.<br />

Após preparar a vaca, retire os primeiros jatos<br />

de leite na caneca telada de fundo preto. Caso<br />

o leite apresente grumos (leite talhado) ou<br />

qualquer outro componente diferente, signi-<br />

fica que a vaca está com mamite clínica.<br />

Uso de caneca telada<br />

de fundo preto identifica<br />

úbere com mamite<br />

21


Se a vaca estiver com mamite, ela deverá ser separada e ordenhada depois das outras. O seu<br />

leite deve ser descartado em fossa, inclusive o leite da caneca telada de fundo preto.<br />

Depois de realizar esses procedimentos, caso o úbere esteja sujo de barro ou esterco, limpe o<br />

úbere e lave somente os tetos.<br />

22<br />

Limpe o úbere e lave<br />

apenas os tetos


Coloque solução clorada (hipoclorito de sódio a 2%), espere 30 segundos e seque os tetos<br />

com papel toalha descartável, utilizando um para cada teto.<br />

Nunca utilize toalha de pano para secar os tetos.<br />

Maneira correta<br />

de passar solução<br />

clorada no teto<br />

Secando os tetos<br />

com papel toalha<br />

descartável<br />

23


Imediatamente após a secagem dos tetos, coloque as teteiras nos tetos da vaca. As teteiras<br />

devem ser colocadas no máximo 1 minuto e 30 segundos após a retirada dos primeiros<br />

jatos. Observe o posicionamento correto e evite a entrada de ar durante a colocação do<br />

conjunto das teteiras.<br />

Após o término da ordenha, corte o vácuo da ordenhadeira antes de retirar as teteiras.<br />

Logo após a retirada das teteiras, faça a desinfecção dos tetos com solução de iodo glicerinado.<br />

Depois da ordenha, o canal do teto pode levar até duas horas para se fechar completamente. O<br />

uso do iodo glicerinado forma uma barreira contra a entrada de micróbios causadores da mami-<br />

te. Se os bezerros mamam após a ordenha, não precisa usar a solução de iodo glicerinado.<br />

24<br />

Úbere com o<br />

conjunto de teteiras


Maneira correta de<br />

fazer o tratamento dos<br />

tetos com solução de<br />

iodo glicerinado<br />

Todos os tetos<br />

devem ser tratados<br />

com solução de<br />

iodo glicerinado<br />

25


26<br />

Solução de iodo glicerinado<br />

Iodo metálico 50 gramas<br />

Iodeto de potássio 50 gramas<br />

Glicerina 800 mililitros<br />

Água destilada 5 litros<br />

2.2 <strong>DE</strong>STInO DO <strong>LEITE</strong> <strong>DE</strong>POIS DA Or<strong>DE</strong>nHA<br />

Existindo resfriador na propriedade, o leite ordenhado deve ser imediatamente depositado<br />

no resfriador.<br />

Caso não exista resfriador na propriedade, o leite deve ser colocado em latões, que devem<br />

ficar em local fresco, limpo e sombreado. Terminada a ordenha, os latões deverão ser leva-<br />

dos ao resfriador comunitário, devendo chegar antes de completar 2 horas após o término<br />

da ordenha.<br />

Leite sendo levado<br />

ao resfriador


2.3 rESfrIAmEnTO DO <strong>LEITE</strong><br />

Mesmo que o produtor pratique máxima higiene no processo de ordenha, sempre ocorre al-<br />

guma contaminação, por isso o leite deve ser depositado no resfriador imediatamente após ser<br />

ordenhado. A temperatura do leite deve atingir 4ºC em, no máximo, 3 horas após ter sido colo-<br />

cado no resfriador. Nessa temperatura, o leite não se estraga porque as bactérias param de se<br />

multiplicar. O leite assim resfriado pode ser conservado na propriedade por até 48 horas.<br />

Entrega do leite no<br />

resfriador comunitário<br />

o mais rápido possível<br />

após a ordenha<br />

Quando o leite de uma ordenha for misturado ao leite que já está no resfriador, a temperatura<br />

não deve passar dos 10ºC e, num prazo máximo de 2 horas, deve voltar a 4ºC.<br />

O tanque de resfriamento deve ficar próximo da sala de ordenha e em local coberto, areja-<br />

do, pavimentado, com instalação elétrica, água de boa qualidade e de fácil acesso ao carro<br />

tanque. Deve possuir, ainda, um bom isolamento térmico, a fim de evitar o aquecimento<br />

2


do leite. A instalação do tanque deve ser feita perfeitamente em nível para facilitar o escoa-<br />

mento do leite e da água de lavagem, aproveitando-se o desnível que já existe no fundo do<br />

tanque. A potência do resfriador deve ser suficiente para permitir rápido abaixamento da<br />

temperatura do leite.<br />

Ao ser depositado no resfriador, o leite deve ser passado por um filtro de plástico ou de aço<br />

inoxidável, para reter possíveis sujeiras existentes.<br />

2<br />

Atenção!<br />

Não mande para o laticínio:<br />

1. leite de vacas com mamite;<br />

2. leite de vacas tratadas com medicamentos que possam ser eliminados pelo leite;<br />

3. leite que fica na caneca telada de fundo preto;<br />

4. colostro.<br />

Normalmente, o leite de vaca recém-parida só deve ser enviado ao laticínio 5 dias depois<br />

do parto, entretanto existem variações individuais. O produtor deve então estar atento à<br />

transformação que vai sofrendo o colostro até atingir a consistência de leite normal. Esse<br />

leite pode ser fornecido para os bezerros.<br />

2.3.1 Higienização do resfriador de leite<br />

• Diariamente, antes de colocar o leite no resfriador, faça a desinfecção do tanque com uma so-<br />

lução clorada de 130 ppm de cloro, aproximadamente dois mililitros de cloro em 15 litros de<br />

água. Em seguida, enxágüe muito bem para escorrer toda a água e eliminar completamente<br />

o resíduo da solução clorada. O tanque deve estar completamente seco antes de receber<br />

novo carregamento de leite.


• Imediatamente após a saída do leite para o laticínio, enxágüe com água morna a 45 ºc toda<br />

a superfície interna do resfriador, até que a água esteja saindo limpa, sem resíduos de leite.<br />

Não se deve recircular a água.<br />

• Em balde com água com temperatura entre 60º a 70ºC, prepare uma solução de detergente<br />

alcalino clorado na concentração de 130 ppm de cloro, aproximadamente dois mililitros de<br />

cloro em 15 litros de água, ou siga a indicação do fabricante do produto que estiver sendo<br />

utilizado. Jogue essa solução no tanque resfriador. Em seguida, promova esfregação uni-<br />

forme com escovas plásticas em toda a superfície do resfriador, nas tampas, na hélice do<br />

agitador e na válvula de saída do leite. Enxágüe por completo, até a água sair limpa. Tenha<br />

cuidado para não ficar resíduo do produto utilizado.<br />

• Após limpeza com detergente alcalino, é necessário utilizar uma solução de detergente áci-<br />

do, com água à temperatura acima de 35ºC e abaixo de 60ºC, seguindo as indicações do<br />

fabricante do produto. Enxágüe muito bem o detergente ácido para não ficar resíduo.<br />

Limpeza manual do<br />

resfriador de leite<br />

2


3. mAmITE<br />

3.1 O QUE É mAmITE?<br />

Mamite ou mastite é a inflamação do úbere pro-<br />

vocada por micróbios ou pancadas. Leite com alta<br />

contagem de células somáticas pode indicar que a<br />

vaca está com mamite. Existem duas formas de ma-<br />

nifestação da mamite, a clínica e a subclínica.<br />

Mamite clínica: é aquela possível de ser observada a olho<br />

nu, pois quando se retiram os primeiros jatos na caneca te-<br />

lada de fundo preto, verifica-se a presença de grumos, pus,<br />

ou aspecto aquoso do leite. Observa-se também inchaço e<br />

aumento de temperatura do quarto do úbere afetado.<br />

Como o úbere é formado por quatro glândulas com saídas inde-<br />

pendentes em cada teto, a mamite pode atacar apenas um dos<br />

tetos. Por isso, é preciso tirar jatos de leite de todos os tetos.<br />

30<br />

Mamite clínica: facilmente<br />

identificada no teste da caneca<br />

telada de fundo preto<br />

Úbere inchado.<br />

Sintoma típico de mamite


Mamite subclínica: é aquela que não pode ser observada a olho nu. Para identificar a mamite<br />

subclínica, usa-se, principalmente, o teste conhecido como Califórnia Mastitis Test (CMT)<br />

por ser simples, barato e amplamente utilizado em campo. Este teste deve ser realizado men-<br />

salmente. Caso haja ocorrência freqüente de mamite clínica, o CMT deve ser realizado de 15<br />

em 15 dias.<br />

Diariamente, deve-se dar atenção especial às vacas que mudaram seu comportamento, anali-<br />

sando com rigor os sintomas apresentados e relacionando-os com a mamite.<br />

Atenção!<br />

Para cada caso de mamite clínica, estima-se a existência de 40 casos de mamite subclínica.<br />

1<br />

2<br />

Identificando mamite<br />

subclínica com teste<br />

CMT<br />

31


32<br />

3<br />

6<br />

A seqüência de fotos<br />

mostra o que acontece<br />

com o leite tirado de vaca<br />

que está com mamite,<br />

quando se usa o CMT<br />

5<br />

4


3.2 PrEJUÍZOS CAUSADOS PELA mAmITE<br />

Vaca com mamite chega a produzir até 25% menos leite do que quando ela está sadia. Por<br />

exemplo, uma vaca que produz dez litros de leite ao dia, se estiver com mamite poderá deixar<br />

de produzir até dois litros e meio de leite ao dia.<br />

Ocorrem perdas também com desclassificação e descarte de leite, gastos com antibióticos e<br />

serviços veterinários, perdas de tetos e descartes e mortes de animais.<br />

A mudança na composição do leite causada pela mamite afeta sua qualidade e interfere nos<br />

processos industriais.<br />

Considerando esses prejuízos, torna-se obrigatório, todos os dias, realizar o teste da caneca<br />

telada de fundo preto em cada teto.<br />

3.3 COmO A mAmITE É TrAnSmITIDA<br />

A mamite é transmitida, principalmente, de uma vaca doente (com mamite) para as vacas<br />

sadias. O momento de maior transmissão é durante a ordenha. As bactérias de uma vaca con-<br />

taminada podem passar para uma sadia através das mãos do ordenhador, de procedimentos<br />

incorretos da ordenha ou de equipamentos de ordenha operados de forma incorreta.<br />

Outra forma de transmissão é do ambiente para a vaca. Neste caso, os micróbios são transmitidos<br />

diretamente do ambiente para o interior do úbere. Isto acontece no intervalo entre as ordenhas.<br />

Os principais focos de transmissão são: locais sujos de barro e esterco, camas molhadas e água<br />

contaminada. Pode também ser transmitida pelo mal funcionamento do regulador de vácuo ou<br />

pulsadores da ordenhadeira mecânica e ordenhando vacas com tetos sujos e úmido.<br />

33


3.4 COnTrOLE DA mAmITE<br />

O controle da mamite exige esforço e dedicação, e deve atuar sobre todos os fatores que influen-<br />

ciam sua ocorrência. Um controle eficiente atua na prevenção rigorosa e no tratamento correto.<br />

A prevenção rigorosa consiste em:<br />

• ordenha higiênica, cuidadosa e completa, evitando deixar leite no úbere;<br />

• desinfetar os tetos antes (pré-dipping) e depois (pós-dipping) da ordenha;<br />

• assegurar que animais comprados não estejam com mamite;<br />

• descartar vacas que repetem mamite.<br />

Para um tratamento correto, é preciso:<br />

• tratar todos os casos de mamite, consultando um profissional especializado. O tratamento<br />

deve ser feito imediatamente após a ordenha;<br />

• no dia da secagem, é necessário tratar com antibiótico específico e de longa duração todos<br />

os tetos utilizando uma bisnaga para cada teto. Este tratamento tem o dobro de eficiência<br />

em relação ao tratamento feito durante o período de lactação;<br />

• fazer anotações, identificando as vacas e os tetos que apresentaram mamite clínica ou subclí-<br />

nica, registrando a data de ocorrência, o nome do antibiótico e a data de sua aplicação.<br />

34<br />

Importante:<br />

A estrutura interna do úbere é formada por quatro glândulas com saídas independentes<br />

em cada teto. Por isso, no tratamento normal da mamite, basta tratar apenas os tetos que<br />

se encontram doentes. Porém, é preciso ter cuidado ao manusear o teto doente para não<br />

contaminar os outros.


Tratamento<br />

de vaca seca, com<br />

cânula curta<br />

35


GAnHOS OBTIDOS COm <strong>LEITE</strong> <strong>DE</strong> BOA QUALIDA<strong>DE</strong>:<br />

As indústrias de laticínios já estão pagando mais pelo leite de melhor qualidade, para premiar<br />

produtores que investem nessa busca. A obtenção de leite de alta qualidade aumenta a renta-<br />

bilidade da propriedade rural, pois:<br />

• leite obtido com higiene e bem conservado apresenta baixa Contagem Bacteriana Total, o<br />

que evita perdas por leite ácido;<br />

• a prevenção de mamite permite obter leite com baixa Contagem de Células Somáticas, o que<br />

evita queda na produção e melhora o rendimento industrial do leite;<br />

• as vacas devem ser bem alimentadas, porque assim produzem leite com maior valor nutritivo;<br />

• leite sem resíduos de antibióticos e outros medicamentos indica bom controle de descarte<br />

de leite contaminado o que evita penalidades para o produtor.<br />

36<br />

Todo medicamento<br />

de uso interno do<br />

úbere deve ser feito<br />

com cânula curta<br />

MELHORAR A QUALIDA<strong>DE</strong> DO <strong>LEITE</strong> É UMA OBRIGAÇÃO<br />

<strong>DE</strong> QUEM PRODUZ E NÃO UMA OPÇÃO.


B i B l i o g r A f i A<br />

ALVARES, B.L. Limpeza de equipamentos de ordenha e tanques. Rev. Bal-<br />

de Branco, 489 A 27jan. 2006. Disponível em: < WWW.cienciadoleite.com.<br />

br >. Acesso em: 20 maio 2007.<br />

BRITO, J.R.F. et al. Segurança e qualidade do leite. In: SANTOS, C. A. dos et<br />

al (ed). EMBRAPA Gado de Leite: 30 anos de pesquisa e conquistas para o<br />

Brasil. Juiz de Fora: EMBRAPA, 2006. p. 155 – 172.<br />

BRITO, J.R.F. et al. Mastite de A à Z. In: DIAS, J.C.; BRITO, J.R.F. Sanidade<br />

animal. Juiz de Fora: EMBRAPA, [19--] p. 7 – 14.<br />

BRITO, M. A. V. P. e. Conceitos básicos da Qualidade. In: DIAS, J.C.; BRITO,<br />

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CARDOSO, I. dos S.; BRENER, S; COSTA, U. S. Ordenha Mecânica. Brasília:<br />

SENAR,2001. Coleção SENAR 12.<br />

COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS <strong>DE</strong> MINAS GERAIS:<br />

ITAMBÉ. Qualidade do leite: manual do produtor. Belo Horizonte: Itam-<br />

bé, 1998.<br />

COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS <strong>DE</strong> MINAS GERAIS:<br />

ITAMBÉ. Qualidade do leite: manual da cooperativa. Belo Horizonte: Itam-<br />

bé, 1998.


COOPERATIVA CENTRAL DOS PRODUTORES RURAIS <strong>DE</strong> MINAS GERAIS:<br />

ITAMBÉ. Guia de higienização na produção do leite. Belo Horizonte:<br />

Itambé [19--]<br />

DeLaval. Informações sobre equipamentos de resfriamento. Disponível<br />

em: . Acesso em: 06 jun. 2007<br />

DÜRR, J. W. Como produzir leite de alta qualidade. Brasília: SENAR, 2005.


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