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(respondeu) que a de prohibir-me fazer versos quando se me offerecem<br />
similhantes assumptos?” Notavel argumento do respeito d’este fidalgo, se<br />
Gregorio de Mattos não tornára depois algumas licenças de satyrs.<br />
Os nobres de Pernambuco conten-<br />
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-diam ambiciosas demonareções de urbanidade com elle, venerando em<br />
sua pessôa prendas, de que já as havia a fama informado por escripto. De<br />
uma em outra fazenda passavas Gregorio de Mattos uma regalada vida, e<br />
sem offender a nobreza d’este paiz me persuado a eses que o adoravam á<br />
maneira que os antigos idolatras com politica religião faziam sacrificios ao<br />
gorgulho para não destruir-lhe as sementeiras, e á peste para perdoar-lhe as<br />
vidas. Mas sempre é digno de louvvor quem sabe lisongear o danno porque<br />
o teme. Na Bahia perdeu muitos amigos pelo meio de os ganhar; e<br />
emPernambuco os ganhava pelo meio de perdel-os. Referirei dous casos,<br />
que sirvam de exemplo a este ultimo reparo.<br />
Certa pessôa muito principal em Pernambuco, de quem o poeta era<br />
hospede, ouvia d’elle os encarecimentos com que relatava a desgraça em<br />
que nascêra, e sua desterrada peregrinação com todos os acontecimentos<br />
tristes, e como attribuia seus infortunio á rigorosa força de estrella; e mal<br />
persuadido d’esta shetosica triste lhe respodeu atalhando n’esta fórma:”<br />
Sñs. Doutor, nós mesmos somos os autores da nossa fortuna, e cada um<br />
colhe o que semêa.” -- “Não ha duvida (res-<br />
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-pondeu o poeta) mas é desgraçado aquelle contra quem se conjurou a<br />
malicia, que das mesmas virtudes lhe fazem delictos: verbi gratia, alli vem<br />
aquelle boi (e mostrou um da fazenda do mesmo sujeito); elle tem um só<br />
corno, como estamos vendo, mas se eu lhe chamar boi de um corno, Deus<br />
me livre da indignação de seu dono.” E sendo esta materia por toque ou<br />
disfarçou este homem o proposito, sendo certo que foi o maior amigo que<br />
teve n’aquella terra o Doutor Gregorio de Mattos.<br />
O vigario da Muribeca Antonio Gomes Baracho, atravessado com o seu<br />
cadjutor, não lhe podia soffrer as presumpções de solfista. Ordenou ao seu<br />
trombeta que tocasse desesperadamente em ouvindo cantar como sempre o<br />
coadjutor. Mas este que percebeu a burla, tambem se armou de um caracol<br />
marinho, com qu apupava a trombeta de seu inimigo. O vigario, a quem o<br />
grande odio descompunha o entendimento, se foi querelar do caso perante o<br />
Vigario Geral, com quem privava. Recebida a queréla, e segura o<br />
Coadjutor, chegou o caso á noticia de Gregorio de Mattos, e posto a<br />
Ainda sujeito a revisões 16