A ARTE GÓTICA - Colégio Anglo de Campinas
A ARTE GÓTICA - Colégio Anglo de Campinas A ARTE GÓTICA - Colégio Anglo de Campinas
Prof. H. Oliveira
- Page 2 and 3: O estilo românico diz respeito à
- Page 4 and 5: Fachada da catedral de Amiens (Fran
- Page 6 and 7: A catedral - símbolo de pedra da f
- Page 8 and 9: Essa estrutura assumiu uma função
- Page 10 and 11: Os arquitetos do Norte tiveram que
- Page 12 and 13: Fachada da Catedral de Amiens (deta
- Page 14 and 15: A abóbada ogival de aresta tem a v
- Page 16 and 17: No desenho à direita, o mestre-de-
- Page 18 and 19: O espaço interno, ora escuro, ora
- Page 20 and 21: As outras catedrais italianas não
- Page 24: 2.1 - O Duomo de Milão O Duomo de
- Page 27: A rica burguesia milanesa concordou
- Page 30 and 31: Planta e corte vertical do Duomo de
- Page 32 and 33: A parte interna de um vitral.
- Page 34 and 35: Uma gárgula.
- Page 38 and 39: Em Florença, no final do século X
- Page 40 and 41: Duccio di Buoninsegna, detalhe da M
- Page 42: 2.2.2 - A estrutura expressiva
Prof. H. Oliveira
O estilo românico diz respeito à Europa da primeira<br />
civilização comunal; o estilo gótico nasce quando se<br />
<strong>de</strong>lineiam as fisionomias dos povos europeus e as<br />
fronteiras das nações. As tradições culturais<br />
consolidam-se nos vários países, e a burguesia<br />
laboriosa fortalece a sua posição política frente à<br />
nobreza e ao clero.
1 - A Arquitetura<br />
A arquitetura gótica se afirmou nas regiões nórdicas da<br />
Europa, particularmente na <strong>de</strong> Île <strong>de</strong> France, entre os<br />
séculos XII e XIII, como expressão da florescente vida<br />
urbana. As catedrais francesas e alemãs são obrasprimas<br />
arquitetônicas tornadas possíveis graças a uma<br />
apreciável disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>obra;<br />
com efeito, são monumentos gigantescos, cuja<br />
construção <strong>de</strong>mandava algumas décadas, mobilizando<br />
as energias e os recursos dos cidadãos.
Fachada da catedral <strong>de</strong><br />
Amiens (França), 1220-<br />
1288. as torres, não<br />
concluídas, <strong>de</strong>viam ser<br />
mais altas, e sua massa<br />
teve o peso reduzido pela<br />
galeria <strong>de</strong> arcos agudos.<br />
Os três portais têm a<br />
característica<br />
profundida<strong>de</strong>, cortada<br />
obliquamente, das<br />
construções nórdicas,<br />
<strong>de</strong>coradas com<br />
esculturas <strong>de</strong> santos.
Planta da catedral <strong>de</strong> Amiens. É em cruz latina, com<br />
gran<strong>de</strong> expansão do <strong>de</strong>ambulatório (ou corredor) em<br />
volta do altar-mor das capelas laterais.
A catedral – símbolo <strong>de</strong> pedra da fé cristã e do orgulho<br />
cívico – <strong>de</strong>via erguer-se acima <strong>de</strong> todos os outro<br />
edifícios da cida<strong>de</strong>; exigência que levou os arquitetos a<br />
resolver problemas estruturais <strong>de</strong> fundamental<br />
importância para construir em altura, com blocos <strong>de</strong><br />
pedra, evitando o <strong>de</strong>sabamento das abóbadas e dos<br />
muros.<br />
Na França, o sistema românico sofreu uma radical<br />
transformação com a introdução do arco ogival, agudo,<br />
formado por duas curvas circulares e não somente<br />
uma, como o arco românico, pleno; da ogiva se<br />
originou a abóbada ogival <strong>de</strong> arestas.
Ao lado, esquema da<br />
catedral <strong>de</strong> Amiens. Os<br />
construtores góticos,<br />
voltados a novas<br />
experimentações,<br />
utilizaram a pedra no<br />
limite das possibilida<strong>de</strong>s<br />
estáticas. A tendência<br />
vertical é acentuada por<br />
cúspi<strong>de</strong>s e pináculos.
Essa estrutura assumiu uma função estática e todo o<br />
edifício se tornou um único organismo arquitetônico.<br />
No interior, se multiplicam as naves cobertas com<br />
abóbadas ogivais <strong>de</strong> arestas com ogivas <strong>de</strong> efeito<br />
intensamente sugestivo. Nas catedrais construídas nos<br />
países além Alpes, os construtores alcançaram alturas<br />
vertiginosas, principalmente com as torres que<br />
la<strong>de</strong>iam as fachadas e as altas agulhas. As plantas são<br />
complexas; as naves são divididas por altos e robustos<br />
feixes <strong>de</strong> colunas que acentuam o ritmo vertical do<br />
edifício.
À direita, o interior<br />
da catedral <strong>de</strong><br />
Amiens. Os<br />
altíssimos pilares<br />
são construídos <strong>de</strong><br />
feixes <strong>de</strong> colunas<br />
cilíndricas que<br />
recebem as pressões<br />
<strong>de</strong>scarregadas pelas<br />
nervuras das<br />
abóbadas <strong>de</strong> aresta.
Os arquitetos do Norte tiveram que abrir gran<strong>de</strong>s<br />
janelas, para que a luz escassa do exterior penetrasse<br />
nas naves, clareando-as. O novo sistema construtivo<br />
permitia aliviar os muros, substituindo as janelas por<br />
janelões, aos quais foram aplicados vitrais policromos,<br />
que difundiam no interior da igreja sugestivos feixes <strong>de</strong><br />
luz colorida.
Parte<br />
interna <strong>de</strong><br />
um vitral –<br />
Catedral <strong>de</strong><br />
Amiens<br />
(França).
Fachada da Catedral <strong>de</strong> Amiens (<strong>de</strong>talhe).
1.1 – O sistema construtivo gótico<br />
Os elementos da estrutura românica – abóbada <strong>de</strong><br />
arestas, pilares, contrafortes – no estilo gótico se<br />
transformam em abóbadas <strong>de</strong> arestas com nervuras<br />
que se reúnem nos feixes <strong>de</strong> pilares e contrafortes<br />
curvos, conhecidos como arcos rampantes; estes<br />
últimos eram usados para contrabalançar o empuxo<br />
das altíssimas abóbadas que pressionavam os muros<br />
externos.
A abóbada ogival <strong>de</strong> aresta tem a vantagem <strong>de</strong><br />
distribuir melhor do que qualquer outro tipo <strong>de</strong><br />
abóbada os seus empuxos sobre os muros do edifício.<br />
As nervuras salientes, em pedra, servem para localizar<br />
a pressão da abóbada nos quatro cantos do cruzeiro. As<br />
nervuras se entrecruzam no ponto central do cruzeiro<br />
que se <strong>de</strong>nomina chave <strong>de</strong> abóbada. Os gomos entre as<br />
nervuras eram preenchidos <strong>de</strong> material <strong>de</strong> construção<br />
leve. Os pilares da catedral gótica constituem a<br />
estrutura mais importante. Eram construídos em<br />
primeiro lugar e sustentavam a arquitetura inteira.
Na imagem à esquerda, o<br />
canteiro <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> uma<br />
catedral. Naquela época, o<br />
mestre-<strong>de</strong>-obras responsável<br />
pelos trabalhos reunia em si,<br />
ao mesmo tempo, a<br />
experiência do técnico, a<br />
sensibilida<strong>de</strong> do artista, a<br />
racionalida<strong>de</strong> do matemático<br />
– conhecimento da geometria<br />
e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer os<br />
indispensáveis cálculos para<br />
avaliar as forças <strong>de</strong><br />
compressão vertical<br />
resultantes do enorme peso<br />
dos materiais.
No <strong>de</strong>senho à<br />
direita, o<br />
mestre-<strong>de</strong>-obras<br />
e os seus<br />
colaboradores<br />
traçam o<br />
<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um<br />
arco ogival com<br />
dois centros,<br />
com o compasso.
1.2 – A linguagem das formas<br />
O predomínio da dimensão vertical sobre a horizontal<br />
é a principal característica da arquitetura gótica. O<br />
observador <strong>de</strong>ve erguer os olhos, e quem se encontra<br />
no interior <strong>de</strong> uma catedral sente-se impelido a<br />
percorrer as naves conforme o ritmo marcado por uma<br />
selva <strong>de</strong> pilares, a dar a volta em torno do altar-mor,<br />
percorrendo o <strong>de</strong>ambulatório, ou a parar na capelas<br />
das nave menores. O ritmo da elevação das nervuras<br />
que se encontram nos cruzeiros dá à construção um<br />
forte senso dinâmico e uma impressão <strong>de</strong> energia e<br />
tensão.
O espaço interno, ora escuro, ora iluminado pela luz<br />
irreal difundida pelos vitrais da fachada e pelas altas<br />
janelas, exerce uma forte influência emotiva no<br />
visitante, que se sente partícipe da vitalida<strong>de</strong> das<br />
formas arquitetônicas.
2 – O gótico italiano<br />
O estilo gótico se difundiu na Europa com gran<strong>de</strong><br />
varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas, adaptando-se às tradições <strong>de</strong><br />
cada região. Assim, tem-se um gótico francês, alemão,<br />
inglês, espanhol etc.<br />
Na Itália, a arquitetura gótica voltada ao culto tem uma<br />
fisionomia própria. O Duomo <strong>de</strong> Milão é uma exceção<br />
pelas suas características anômalas, <strong>de</strong> inegável<br />
influência estrangeira.
As outras catedrais italianas não são tão altas a ponto<br />
<strong>de</strong> exigir uma armação <strong>de</strong> arcos <strong>de</strong> sustentação. Os<br />
projetistas selecionaram as estruturas <strong>de</strong> estilo nórdico<br />
e mo<strong>de</strong>raram a projeção para o alto. A <strong>de</strong>coração é<br />
sóbria, principalmente nas igrejas das or<strong>de</strong>ns<br />
monásticas, Beneditinos, Pregadores e Menores, que<br />
tinham como regra a simplicida<strong>de</strong> e a pobreza. Um<br />
senso <strong>de</strong> harmonia emana das formas arquitetônicas<br />
<strong>de</strong> Santa Maria Novella, <strong>de</strong> Santa Croce (Santa Cruz) e<br />
da própria catedral, Santa Maria <strong>de</strong>l Fiore, em<br />
Florença, da igreja superior <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Assis,<br />
<strong>de</strong> São Francisco em Bolonha. A catedral <strong>de</strong> Orvieto<br />
po<strong>de</strong> se orgulhar da fachada mais perfeita do gótico<br />
tipicamente italiano.
O interior da<br />
igreja <strong>de</strong> Santa<br />
Maria Novella em<br />
Florença.
2.1 – O Duomo <strong>de</strong> Milão<br />
O Duomo <strong>de</strong> Milão é, em dimensão, a maior igreja<br />
gótica existente, com a sua mole <strong>de</strong> 158 m <strong>de</strong><br />
comprimento, 58 m <strong>de</strong> largura e 46,80 m <strong>de</strong> altura na<br />
nave central. A agulha central que sustenta a célebre<br />
Madonnina (pequena Nossa Senhora) tem 108,50 m <strong>de</strong><br />
altura.
Uma catedral tão importante só po<strong>de</strong>ria ser construída<br />
em contexto histórico politicamente estável e<br />
economicamente próspero. É, com efeito, símbolo do<br />
po<strong>de</strong>rio da família lombarda dos Visconti, senhores <strong>de</strong><br />
Milão <strong>de</strong> 1277 a 1447.<br />
Gian Galeazzo Visconti obteve em 1395 o título <strong>de</strong><br />
duque e o domínio dos Visconti se esten<strong>de</strong>u pela Itália<br />
setentrional e central. Aparentando-se com o rei da<br />
França, o duque se tornou um dos príncipes mais<br />
po<strong>de</strong>rosos da Europa. Além <strong>de</strong> ampliar o próprio<br />
ducado, Gian Galeazzo quis embelezar Milão<br />
inspirando-se na arquitetura <strong>de</strong> além-Alpes, que<br />
tornava famosas as cida<strong>de</strong>s francesas e alemãs.
A rica burguesia milanesa concordou com o seu senhor<br />
em fundar uma catedral digna da importância<br />
europeia <strong>de</strong> Milão e patrocinou a empresa. O<br />
monumento foi inteiramente realizado em mármore<br />
branco <strong>de</strong> Candoglia.<br />
A fachada foi concluída somente no século XIX, como<br />
revelam as evi<strong>de</strong>ntes incongruências estilísticas. por<br />
exemplo, os vitrais em estio renascentista tardio, o<br />
balcão, as portas dos séculos XIX e XIX.
2.1.1 – A Fábrica do Duomo
Planta e corte vertical do Duomo <strong>de</strong> Milão.
2.1.2 – Os vitrais historiados
A parte interna <strong>de</strong> um<br />
vitral.
A parte<br />
externa <strong>de</strong><br />
um vitral.
Uma gárgula.
2.2 – A pintura: <strong>de</strong> Cimabue a Giotto<br />
Em meados do século XIII <strong>de</strong>cai a <strong>de</strong>coração em<br />
Mosaico da igrejas, preferindo-se substituí-la pela<br />
pintura mural ou pelos painéis em ma<strong>de</strong>ira pintada, <strong>de</strong><br />
procedência bizantina, que na <strong>de</strong>nominação oriental<br />
são chamados ícones. A pintura “<strong>de</strong> altar” se<br />
<strong>de</strong>senvolveu na Toscana sob a forma <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />
crucifixos nos quais Cristo é pintado entre as imagens<br />
da Virgem dolorosa e <strong>de</strong> São João. São figuras<br />
dramáticas, em que a dor é representada com forte<br />
expressivida<strong>de</strong>.
Em Florença, no final do século XIII, surge Cimabue<br />
(Cenni di Pepo), o maior pintor da época dos retábulos<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />
As imagens sacras <strong>de</strong> Cimabue, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />
expressivo, sofrem a influência bizantina, como<br />
revelam os panejamentos e a figura. As linhas<br />
predominam sobre a forma plástica, e as iluminações<br />
douradas fazem lembrar o esplendor do mosaico.
Duccio di Buoninsegna, que viveu entre os séculos XII<br />
e XIII e foi atuante em Siena, ultrapassa em parte os<br />
mo<strong>de</strong>los bizantinos, confiando às cores requintadas e<br />
às figuras mais naturais o encanto dos seus gran<strong>de</strong>s<br />
painéis <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com madonas e santos.
Duccio di<br />
Buoninsegna,<br />
<strong>de</strong>talhe da<br />
Madona em<br />
majesta<strong>de</strong>, 1308-<br />
1311 (Siena, Museo<br />
<strong>de</strong>ll’Opera <strong>de</strong>l<br />
Duomo).
2.2.1 – Giotto: uma nova linguagem expressiva
2.2.2 – A estrutura expressiva
Detalhe do<br />
afresco com a<br />
Madona, o<br />
provador dos<br />
vinhos e a<br />
criada que<br />
<strong>de</strong>speja da<br />
jarra a água<br />
transformada<br />
em vinho.