A ARTE GÓTICA - Colégio Anglo de Campinas

A ARTE GÓTICA - Colégio Anglo de Campinas A ARTE GÓTICA - Colégio Anglo de Campinas

colegioanglodecampinas.com.br
from colegioanglodecampinas.com.br More from this publisher

Prof. H. Oliveira


O estilo românico diz respeito à Europa da primeira<br />

civilização comunal; o estilo gótico nasce quando se<br />

<strong>de</strong>lineiam as fisionomias dos povos europeus e as<br />

fronteiras das nações. As tradições culturais<br />

consolidam-se nos vários países, e a burguesia<br />

laboriosa fortalece a sua posição política frente à<br />

nobreza e ao clero.


1 - A Arquitetura<br />

A arquitetura gótica se afirmou nas regiões nórdicas da<br />

Europa, particularmente na <strong>de</strong> Île <strong>de</strong> France, entre os<br />

séculos XII e XIII, como expressão da florescente vida<br />

urbana. As catedrais francesas e alemãs são obrasprimas<br />

arquitetônicas tornadas possíveis graças a uma<br />

apreciável disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dinheiro e <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>obra;<br />

com efeito, são monumentos gigantescos, cuja<br />

construção <strong>de</strong>mandava algumas décadas, mobilizando<br />

as energias e os recursos dos cidadãos.


Fachada da catedral <strong>de</strong><br />

Amiens (França), 1220-<br />

1288. as torres, não<br />

concluídas, <strong>de</strong>viam ser<br />

mais altas, e sua massa<br />

teve o peso reduzido pela<br />

galeria <strong>de</strong> arcos agudos.<br />

Os três portais têm a<br />

característica<br />

profundida<strong>de</strong>, cortada<br />

obliquamente, das<br />

construções nórdicas,<br />

<strong>de</strong>coradas com<br />

esculturas <strong>de</strong> santos.


Planta da catedral <strong>de</strong> Amiens. É em cruz latina, com<br />

gran<strong>de</strong> expansão do <strong>de</strong>ambulatório (ou corredor) em<br />

volta do altar-mor das capelas laterais.


A catedral – símbolo <strong>de</strong> pedra da fé cristã e do orgulho<br />

cívico – <strong>de</strong>via erguer-se acima <strong>de</strong> todos os outro<br />

edifícios da cida<strong>de</strong>; exigência que levou os arquitetos a<br />

resolver problemas estruturais <strong>de</strong> fundamental<br />

importância para construir em altura, com blocos <strong>de</strong><br />

pedra, evitando o <strong>de</strong>sabamento das abóbadas e dos<br />

muros.<br />

Na França, o sistema românico sofreu uma radical<br />

transformação com a introdução do arco ogival, agudo,<br />

formado por duas curvas circulares e não somente<br />

uma, como o arco românico, pleno; da ogiva se<br />

originou a abóbada ogival <strong>de</strong> arestas.


Ao lado, esquema da<br />

catedral <strong>de</strong> Amiens. Os<br />

construtores góticos,<br />

voltados a novas<br />

experimentações,<br />

utilizaram a pedra no<br />

limite das possibilida<strong>de</strong>s<br />

estáticas. A tendência<br />

vertical é acentuada por<br />

cúspi<strong>de</strong>s e pináculos.


Essa estrutura assumiu uma função estática e todo o<br />

edifício se tornou um único organismo arquitetônico.<br />

No interior, se multiplicam as naves cobertas com<br />

abóbadas ogivais <strong>de</strong> arestas com ogivas <strong>de</strong> efeito<br />

intensamente sugestivo. Nas catedrais construídas nos<br />

países além Alpes, os construtores alcançaram alturas<br />

vertiginosas, principalmente com as torres que<br />

la<strong>de</strong>iam as fachadas e as altas agulhas. As plantas são<br />

complexas; as naves são divididas por altos e robustos<br />

feixes <strong>de</strong> colunas que acentuam o ritmo vertical do<br />

edifício.


À direita, o interior<br />

da catedral <strong>de</strong><br />

Amiens. Os<br />

altíssimos pilares<br />

são construídos <strong>de</strong><br />

feixes <strong>de</strong> colunas<br />

cilíndricas que<br />

recebem as pressões<br />

<strong>de</strong>scarregadas pelas<br />

nervuras das<br />

abóbadas <strong>de</strong> aresta.


Os arquitetos do Norte tiveram que abrir gran<strong>de</strong>s<br />

janelas, para que a luz escassa do exterior penetrasse<br />

nas naves, clareando-as. O novo sistema construtivo<br />

permitia aliviar os muros, substituindo as janelas por<br />

janelões, aos quais foram aplicados vitrais policromos,<br />

que difundiam no interior da igreja sugestivos feixes <strong>de</strong><br />

luz colorida.


Parte<br />

interna <strong>de</strong><br />

um vitral –<br />

Catedral <strong>de</strong><br />

Amiens<br />

(França).


Fachada da Catedral <strong>de</strong> Amiens (<strong>de</strong>talhe).


1.1 – O sistema construtivo gótico<br />

Os elementos da estrutura românica – abóbada <strong>de</strong><br />

arestas, pilares, contrafortes – no estilo gótico se<br />

transformam em abóbadas <strong>de</strong> arestas com nervuras<br />

que se reúnem nos feixes <strong>de</strong> pilares e contrafortes<br />

curvos, conhecidos como arcos rampantes; estes<br />

últimos eram usados para contrabalançar o empuxo<br />

das altíssimas abóbadas que pressionavam os muros<br />

externos.


A abóbada ogival <strong>de</strong> aresta tem a vantagem <strong>de</strong><br />

distribuir melhor do que qualquer outro tipo <strong>de</strong><br />

abóbada os seus empuxos sobre os muros do edifício.<br />

As nervuras salientes, em pedra, servem para localizar<br />

a pressão da abóbada nos quatro cantos do cruzeiro. As<br />

nervuras se entrecruzam no ponto central do cruzeiro<br />

que se <strong>de</strong>nomina chave <strong>de</strong> abóbada. Os gomos entre as<br />

nervuras eram preenchidos <strong>de</strong> material <strong>de</strong> construção<br />

leve. Os pilares da catedral gótica constituem a<br />

estrutura mais importante. Eram construídos em<br />

primeiro lugar e sustentavam a arquitetura inteira.


Na imagem à esquerda, o<br />

canteiro <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> uma<br />

catedral. Naquela época, o<br />

mestre-<strong>de</strong>-obras responsável<br />

pelos trabalhos reunia em si,<br />

ao mesmo tempo, a<br />

experiência do técnico, a<br />

sensibilida<strong>de</strong> do artista, a<br />

racionalida<strong>de</strong> do matemático<br />

– conhecimento da geometria<br />

e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fazer os<br />

indispensáveis cálculos para<br />

avaliar as forças <strong>de</strong><br />

compressão vertical<br />

resultantes do enorme peso<br />

dos materiais.


No <strong>de</strong>senho à<br />

direita, o<br />

mestre-<strong>de</strong>-obras<br />

e os seus<br />

colaboradores<br />

traçam o<br />

<strong>de</strong>senho <strong>de</strong> um<br />

arco ogival com<br />

dois centros,<br />

com o compasso.


1.2 – A linguagem das formas<br />

O predomínio da dimensão vertical sobre a horizontal<br />

é a principal característica da arquitetura gótica. O<br />

observador <strong>de</strong>ve erguer os olhos, e quem se encontra<br />

no interior <strong>de</strong> uma catedral sente-se impelido a<br />

percorrer as naves conforme o ritmo marcado por uma<br />

selva <strong>de</strong> pilares, a dar a volta em torno do altar-mor,<br />

percorrendo o <strong>de</strong>ambulatório, ou a parar na capelas<br />

das nave menores. O ritmo da elevação das nervuras<br />

que se encontram nos cruzeiros dá à construção um<br />

forte senso dinâmico e uma impressão <strong>de</strong> energia e<br />

tensão.


O espaço interno, ora escuro, ora iluminado pela luz<br />

irreal difundida pelos vitrais da fachada e pelas altas<br />

janelas, exerce uma forte influência emotiva no<br />

visitante, que se sente partícipe da vitalida<strong>de</strong> das<br />

formas arquitetônicas.


2 – O gótico italiano<br />

O estilo gótico se difundiu na Europa com gran<strong>de</strong><br />

varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> formas, adaptando-se às tradições <strong>de</strong><br />

cada região. Assim, tem-se um gótico francês, alemão,<br />

inglês, espanhol etc.<br />

Na Itália, a arquitetura gótica voltada ao culto tem uma<br />

fisionomia própria. O Duomo <strong>de</strong> Milão é uma exceção<br />

pelas suas características anômalas, <strong>de</strong> inegável<br />

influência estrangeira.


As outras catedrais italianas não são tão altas a ponto<br />

<strong>de</strong> exigir uma armação <strong>de</strong> arcos <strong>de</strong> sustentação. Os<br />

projetistas selecionaram as estruturas <strong>de</strong> estilo nórdico<br />

e mo<strong>de</strong>raram a projeção para o alto. A <strong>de</strong>coração é<br />

sóbria, principalmente nas igrejas das or<strong>de</strong>ns<br />

monásticas, Beneditinos, Pregadores e Menores, que<br />

tinham como regra a simplicida<strong>de</strong> e a pobreza. Um<br />

senso <strong>de</strong> harmonia emana das formas arquitetônicas<br />

<strong>de</strong> Santa Maria Novella, <strong>de</strong> Santa Croce (Santa Cruz) e<br />

da própria catedral, Santa Maria <strong>de</strong>l Fiore, em<br />

Florença, da igreja superior <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong> Assis,<br />

<strong>de</strong> São Francisco em Bolonha. A catedral <strong>de</strong> Orvieto<br />

po<strong>de</strong> se orgulhar da fachada mais perfeita do gótico<br />

tipicamente italiano.


O interior da<br />

igreja <strong>de</strong> Santa<br />

Maria Novella em<br />

Florença.


2.1 – O Duomo <strong>de</strong> Milão<br />

O Duomo <strong>de</strong> Milão é, em dimensão, a maior igreja<br />

gótica existente, com a sua mole <strong>de</strong> 158 m <strong>de</strong><br />

comprimento, 58 m <strong>de</strong> largura e 46,80 m <strong>de</strong> altura na<br />

nave central. A agulha central que sustenta a célebre<br />

Madonnina (pequena Nossa Senhora) tem 108,50 m <strong>de</strong><br />

altura.


Uma catedral tão importante só po<strong>de</strong>ria ser construída<br />

em contexto histórico politicamente estável e<br />

economicamente próspero. É, com efeito, símbolo do<br />

po<strong>de</strong>rio da família lombarda dos Visconti, senhores <strong>de</strong><br />

Milão <strong>de</strong> 1277 a 1447.<br />

Gian Galeazzo Visconti obteve em 1395 o título <strong>de</strong><br />

duque e o domínio dos Visconti se esten<strong>de</strong>u pela Itália<br />

setentrional e central. Aparentando-se com o rei da<br />

França, o duque se tornou um dos príncipes mais<br />

po<strong>de</strong>rosos da Europa. Além <strong>de</strong> ampliar o próprio<br />

ducado, Gian Galeazzo quis embelezar Milão<br />

inspirando-se na arquitetura <strong>de</strong> além-Alpes, que<br />

tornava famosas as cida<strong>de</strong>s francesas e alemãs.


A rica burguesia milanesa concordou com o seu senhor<br />

em fundar uma catedral digna da importância<br />

europeia <strong>de</strong> Milão e patrocinou a empresa. O<br />

monumento foi inteiramente realizado em mármore<br />

branco <strong>de</strong> Candoglia.<br />

A fachada foi concluída somente no século XIX, como<br />

revelam as evi<strong>de</strong>ntes incongruências estilísticas. por<br />

exemplo, os vitrais em estio renascentista tardio, o<br />

balcão, as portas dos séculos XIX e XIX.


2.1.1 – A Fábrica do Duomo


Planta e corte vertical do Duomo <strong>de</strong> Milão.


2.1.2 – Os vitrais historiados


A parte interna <strong>de</strong> um<br />

vitral.


A parte<br />

externa <strong>de</strong><br />

um vitral.


Uma gárgula.


2.2 – A pintura: <strong>de</strong> Cimabue a Giotto<br />

Em meados do século XIII <strong>de</strong>cai a <strong>de</strong>coração em<br />

Mosaico da igrejas, preferindo-se substituí-la pela<br />

pintura mural ou pelos painéis em ma<strong>de</strong>ira pintada, <strong>de</strong><br />

procedência bizantina, que na <strong>de</strong>nominação oriental<br />

são chamados ícones. A pintura “<strong>de</strong> altar” se<br />

<strong>de</strong>senvolveu na Toscana sob a forma <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

crucifixos nos quais Cristo é pintado entre as imagens<br />

da Virgem dolorosa e <strong>de</strong> São João. São figuras<br />

dramáticas, em que a dor é representada com forte<br />

expressivida<strong>de</strong>.


Em Florença, no final do século XIII, surge Cimabue<br />

(Cenni di Pepo), o maior pintor da época dos retábulos<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />

As imagens sacras <strong>de</strong> Cimabue, <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

expressivo, sofrem a influência bizantina, como<br />

revelam os panejamentos e a figura. As linhas<br />

predominam sobre a forma plástica, e as iluminações<br />

douradas fazem lembrar o esplendor do mosaico.


Duccio di Buoninsegna, que viveu entre os séculos XII<br />

e XIII e foi atuante em Siena, ultrapassa em parte os<br />

mo<strong>de</strong>los bizantinos, confiando às cores requintadas e<br />

às figuras mais naturais o encanto dos seus gran<strong>de</strong>s<br />

painéis <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com madonas e santos.


Duccio di<br />

Buoninsegna,<br />

<strong>de</strong>talhe da<br />

Madona em<br />

majesta<strong>de</strong>, 1308-<br />

1311 (Siena, Museo<br />

<strong>de</strong>ll’Opera <strong>de</strong>l<br />

Duomo).


2.2.1 – Giotto: uma nova linguagem expressiva


2.2.2 – A estrutura expressiva


Detalhe do<br />

afresco com a<br />

Madona, o<br />

provador dos<br />

vinhos e a<br />

criada que<br />

<strong>de</strong>speja da<br />

jarra a água<br />

transformada<br />

em vinho.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!