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relatório de estágio comunicação com o doente crítico – promoção ...

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No momento da realização da “Terapia da Dignida<strong>de</strong>” estive <strong>com</strong>o observadora e<br />

<strong>de</strong>sse momento colhi enorme aprendizagem.<br />

Através da escuta ativa nomeadamente na observação da linguagem não-verbal<br />

captada nos momentos <strong>de</strong> silêncio e na interpretação do conteúdo verbal da <strong><strong>com</strong>unicação</strong><br />

constatei <strong>com</strong>o a <strong>doente</strong> <strong>de</strong>screveu e refletiu sobre alguns momentos da sua vida <strong>com</strong>o se <strong>de</strong><br />

um álbum <strong>de</strong> fotografias se tratasse. Sorriu, fez silêncios, chorou, intensificou o olhar.<br />

Foi um momento muito privilegiado e que vivi <strong>com</strong> gran<strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> pela riqueza <strong>de</strong><br />

partilha intima, emocional e espiritual que guiada pelas propostas do questionário da terapia a<br />

<strong>doente</strong> aceitou fazer. Teve a duração <strong>de</strong> 40 minutos e no quarto estava presente o médico<br />

responsável pela <strong>doente</strong>, que aplicou o questionário.<br />

Constatei que o <strong>de</strong>sfolhar da vida em fim <strong>de</strong> vida resgata um sentimento <strong>de</strong> controlo,<br />

<strong>de</strong> valorização da pessoa pela sua história <strong>de</strong> vida, pelas <strong>de</strong>rrotas, aprendizagens e<br />

conquistas.<br />

Está-se perante a morte, <strong>com</strong>o se está na vida…<br />

A pessoa fez história, a sua… avivam-se a memórias, recordam-se sensações<br />

esquecidas, empelam-se <strong>de</strong>sejos por realizar. É o apelo à dignida<strong>de</strong> humana, motor <strong>de</strong><br />

cuidado do próprio sobre si mesmo. É a sua história que cuida a alma, <strong>de</strong>volve vida, encerra<br />

dúvidas e prepara a viagem.<br />

No fundo, trata-se <strong>de</strong> a<strong>com</strong>panhar a vida <strong>de</strong> cada um cuidada, na medida do seu<br />

<strong>de</strong>sejo, <strong>com</strong>o mais ou menos realismo, mas sempre <strong>com</strong> naturalida<strong>de</strong>, até ao momento da<br />

partida. Respeitando e integrando o que foi, o que é e o que será.<br />

Por se ter revestido <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> interesse profissional e pessoal e pela mais-valia que a<br />

divulgação <strong>de</strong>sta teoria po<strong>de</strong> trazer para a <strong>com</strong>unida<strong>de</strong> científica estou a escrever um artigo<br />

relatando a experiencia, que conto concluir em abril <strong>de</strong> 2012.<br />

A raiva é um <strong>estágio</strong> <strong>de</strong>scrito por Kubler-Ross (1998), que a autora diz surgir quando<br />

ultrapassado o <strong>estágio</strong> <strong>de</strong> negação. É muito difícil, do ponto <strong>de</strong> vista da família e da equipa<br />

lidar <strong>com</strong> o <strong>estágio</strong> <strong>de</strong> raiva. Isto <strong>de</strong>ve-se ao facto <strong>de</strong>sta raiva se propagar em todas as<br />

direções e projectar-se no ambiente, muitas vezes sem razão plausível.<br />

O Sr. A estava internado na Unida<strong>de</strong> há um mês. Há dois anos fora-lhe diagnosticado<br />

um a<strong>de</strong>nocarcinoma gástrico grau IV, <strong>com</strong> metastização óssea e pulmonar no momento. O<br />

motivo <strong>de</strong> internamento foi exaustão do cuidador, a esposa idosa, e <strong>de</strong>scontrolo sintomático.<br />

Acreditou sempre que o internamento seria <strong>de</strong> curta duração e manifestava <strong>com</strong>portamentos<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> sempre a esposa se ausentava da unida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> revolta/raiva <strong>com</strong> a<br />

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