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Gravuras pré-históricas da área arqueológica do Seridó

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<strong>Gravuras</strong> <strong>pré</strong>-<strong>históricas</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>área</strong> <strong>arqueológica</strong> <strong>do</strong> <strong>Seridó</strong><br />

Potiguar\Paraibano: um estu<strong>do</strong><br />

técnico e cenográfico<br />

Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 491


Resumo<br />

Entre julho de 2002 e junho de 2003, foram empreendi<strong>da</strong>s 3 campanhas para registro fotográfico <strong>da</strong>s<br />

gravuras rupestres <strong>da</strong> região <strong>do</strong> <strong>Seridó</strong> potiguar e paraibano (Coordena<strong>da</strong>s - 36 o 00´ e 37 o 30´ O e 6 o<br />

00´ e 7 o 00´ S) objetivan<strong>do</strong> a coleta de <strong>da</strong><strong>do</strong>s para o mestra<strong>do</strong> <strong>do</strong> referi<strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

Intentava-se fazer as primeiras análises gráficas sobre o acervo grava<strong>do</strong> <strong>da</strong> região testan<strong>do</strong> um méto<strong>do</strong><br />

especificamente a<strong>da</strong>pta<strong>do</strong> para o trabalho. Este artigo trata de uma apresentação resumi<strong>da</strong> desta<br />

pesquisa, seu problema, meto<strong>do</strong>logia e uma rápi<strong>da</strong> exposição sobre seus resulta<strong>do</strong>s comparan<strong>do</strong>-os<br />

com novos aportes.<br />

Palavras-chaves: <strong>Gravuras</strong> rupestres, Análise gráfica, sertão <strong>do</strong> <strong>Seridó</strong> – NE brasileiro.<br />

Abstract<br />

Between July 2002 and Jun 2003 three campaigns were set up to take photographic registers of the<br />

petroglyths sites from <strong>Seridó</strong> region in the NE of Brazil (Coordinates - 36 o 00´ \ 37 o 30´ O; and 6 o 00´ \<br />

7 o 00´ S) focused in collect <strong>da</strong>ta to a Master degree research.<br />

It was aimed to <strong>do</strong> the firsts graphical analyses in the corpus of the area, testing a specific method<br />

a<strong>da</strong>pted to this task. So, this paper intends to make a brief description of the research, its problem,<br />

hypotheses, metho<strong>do</strong>logy and result.<br />

Key words: Petroglyths, Graphic analyses, <strong>Seridó</strong> Region – Brazilian NE.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 492


Introdução<br />

Trata-se aqui <strong>do</strong>s registros rupestres grava<strong>do</strong>s, as Itacoatiaras (pedra pinta<strong>da</strong> em Tupi), conti<strong>da</strong>s em<br />

nove sítios arqueológicos localiza<strong>do</strong>s nos municípios de Carnaúba <strong>do</strong>s Dantas (RN), Acari (RN), Jardim<br />

<strong>do</strong> <strong>Seridó</strong> (RN) e Picuí (PB), integrantes <strong>da</strong> Microrregião <strong>do</strong> <strong>Seridó</strong>, no Nordeste brasileiro. Até o ano<br />

de 2003 não haviam si<strong>do</strong> feitos estu<strong>do</strong>s preliminares para tentar contextualizar as gravuras rupestres<br />

junto ao registro arqueológico <strong>da</strong> <strong>área</strong>.<br />

De maneira geral, as classificações preliminares resultantes de processos semelhantes expressam a<br />

necessi<strong>da</strong>de de situar o registro gráfico em perfis comparáveis ao contexto arqueológico 2 mais amplo,<br />

ou seja, considerar o fenômeno gráfico como parte integrante <strong>do</strong> registro arqueológico, semelhante ao<br />

que ocorre com o registro cerâmico e o registro lítico. Essa orientação contextual está alicerça<strong>da</strong> em<br />

<strong>do</strong>is grandes objetivos de pesquisa:<br />

1 - definir as autorias culturais, partin<strong>do</strong> de <strong>do</strong>is pressupostos nortea<strong>do</strong>res, um de ordem<br />

comparativa etnográfica que afirma a grande diversi<strong>da</strong>de étnica <strong>da</strong>s populações nativas<br />

no momento <strong>da</strong> intrusão européia (Dantas, Sampaio e Carvalho, 1998) e outro acerca <strong>da</strong><br />

diversi<strong>da</strong>de na apresentação gráfica 3 <strong>do</strong>s registros rupestres que, segun<strong>do</strong> Pessis (1989),<br />

indicaria diversi<strong>da</strong>de de apresentação social entre os autores <strong>do</strong>s registros;<br />

2 - estabelecer cronologias hipotéticas para as distintas práticas gráficas, através <strong>da</strong><br />

observância de superposições entre momentos gráficos 4 distintos e, quan<strong>do</strong> possível, por<br />

meio de posicionamento crono-estratigráfico 5 .<br />

As gravuras <strong>da</strong> região apresentam-se majoritariamente desprovi<strong>da</strong>s de traços de identificação<br />

reconhecíveis, proprie<strong>da</strong>de denomina<strong>da</strong> na literatura <strong>arqueológica</strong> de esquemática, abstrata ou não<br />

figurativa. Estas são considera<strong>da</strong>s representantes de códigos lingüísticos herméticos, acessíveis<br />

somente aos autores culturais.<br />

Este enuncia<strong>do</strong> parte <strong>da</strong> perspectiva teórica que propõe o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> registro rupestre enquanto fenômeno<br />

lingüístico. De mo<strong>do</strong> geral, podem ser considera<strong>da</strong>s duas hipóteses <strong>da</strong> Semiótica 6 (Eco, 1974) como<br />

nortea<strong>do</strong>ras:<br />

- "To<strong>da</strong> cultura deve ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong> como fenômeno de comunicação".<br />

- "To<strong>do</strong>s os aspectos de uma cultura podem ser estu<strong>da</strong><strong>do</strong>s como conteú<strong>do</strong>s <strong>da</strong> comunicação".<br />

Diante <strong>da</strong> definição enquanto código lingüístico considera-se que o registro rupestre, de maneira geral,<br />

existiu como ordenações de signos caracteriza<strong>do</strong>s pela união de significantes e significa<strong>do</strong>s 7 (Saussure,<br />

1969; Eco, 1974; Ostrower, 1977). Estes seriam, pois, formas e conteú<strong>do</strong>s de códigos comunicativos,<br />

<strong>do</strong>s quais fragmentos <strong>da</strong>s formas encontram-se hoje disponíveis à análise.<br />

Assim, a uni<strong>da</strong>de de significação (signo) assume uma materialização gráfica e no que concerne<br />

ao registro rupestre como um to<strong>do</strong>, o plano <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> está inexoravelmente perdi<strong>do</strong>. Além<br />

disso, para as gravuras <strong>pré</strong>-<strong>históricas</strong> nordestinas, o plano <strong>do</strong> significante, embora perceptível,<br />

não nos é cognitivamente identificável.<br />

Para este tipo de registro rupestre, cujo significante apresenta-se desprovi<strong>do</strong> de traços de identificação,<br />

chegou-se a convencionar duas grandes categorias (com base de divisão técnica): registros gráficos<br />

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pinta<strong>do</strong>s irreconhecíveis e registros gráficos grava<strong>do</strong>s irreconhecíveis, sen<strong>do</strong> a uni<strong>da</strong>de gráfica 8 para<br />

ambas o grafismo não reconhecível, o que se convencionou como grafismo puro.<br />

Esta ordenação proposta para os grafismos irreconhecíveis, dentro <strong>da</strong> classificação preliminar <strong>do</strong>s<br />

registros rupestres <strong>da</strong> <strong>área</strong> <strong>arqueológica</strong> de São Raimun<strong>do</strong> Nonato (Pessis, 1987, 1989 e 1992; Gui<strong>do</strong>n,<br />

1981, 1982 e 1986), já apontava os problemas iniciais de descrição, identificação e segregação <strong>da</strong>s<br />

uni<strong>da</strong>des dentro <strong>da</strong>s manchas gráficas 9 de um sítio.<br />

Na proposta inicialmente apresenta<strong>da</strong> por Gui<strong>do</strong>n e Pessis atentou-se, principalmente, para os<br />

grafismos isola<strong>do</strong>s como indica<strong>do</strong>res de uni<strong>da</strong>des gráficas e para as características técnicas <strong>da</strong><br />

realização <strong>do</strong>s registros. Assim, quan<strong>do</strong> determina<strong>do</strong>s tipos morfológicos de gravuras<br />

apresentavam-se isola<strong>do</strong>s, eram identifica<strong>do</strong>s e, posteriormente, segrega<strong>do</strong>s se ocorriam junto a<br />

outros traços grava<strong>do</strong>s dentro <strong>da</strong>s manchas gráficas.<br />

Buscava-se identificar, nestes aspectos, padrões gráficos entre sítios que remetessem às<br />

identi<strong>da</strong>des gráficas dentro <strong>do</strong> acervo rupestre circunscrito na <strong>área</strong>. O que, por sua vez, seria<br />

introdutório a <strong>da</strong><strong>do</strong>s concernentes à apresentação social <strong>do</strong>(s) grupo(s) étnico(s) autor (es) <strong>da</strong>s<br />

gravuras. Assim, intentava-se o reconhecimento de uma autoria cultural num conjunto de sítios que<br />

viesse a expressar, em certa medi<strong>da</strong>, o reconhecimento de uma identi<strong>da</strong>de étnica específica dentre<br />

os grupos humanos <strong>pré</strong>-históricos que ocuparam aquela região, isto é, a identificação de uma <strong>da</strong>s<br />

peças <strong>do</strong> mosaico étnico <strong>pré</strong>-histórico <strong>da</strong> <strong>área</strong> <strong>arqueológica</strong>.<br />

Seguin<strong>do</strong> os passos <strong>da</strong> ordenação de <strong>da</strong><strong>do</strong>s acima proposta, este trabalho trata <strong>da</strong> definição<br />

hipotética e preliminar de uma (ou mais) <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des culturais que ocuparam a <strong>área</strong> em apreço<br />

por perío<strong>do</strong> ain<strong>da</strong> indetermina<strong>do</strong> 10 .<br />

Do problema<br />

Observa-se que a proprie<strong>da</strong>de não reconhecível nos campos morfológico e temático <strong>da</strong>s gravuras<br />

rupestres nordestinas, tem dificulta<strong>do</strong> a identificação de autorias sociais subjacentes ao fenômeno<br />

gráfico <strong>pré</strong>-histórico. Portanto, um grande problema concernente às Itacoatiaras nordestinas, na linha<br />

de pesquisa proposta, diz respeito à segregação de identi<strong>da</strong>des gráficas e autorias culturais.<br />

Estas gravuras seriam produtos de um povo com a mesma apresentação social (portanto gráfica), ou<br />

de uma diversi<strong>da</strong>de étnica grava<strong>do</strong>ra, desta maneira, portan<strong>do</strong> diversas identi<strong>da</strong>des gráficas<br />

regionalmente diferencia<strong>da</strong>s?<br />

Com referência à <strong>área</strong> em apreço, onde um número pequeno de sítios próximos 11 está sen<strong>do</strong><br />

considera<strong>do</strong>, inseri<strong>do</strong> numa mesma uni<strong>da</strong>de ecológica geral, as perguntas seriam: seus perfis gráficos 12<br />

são semelhantes ou diferentes? Apresentam padrões gráficos? Quais?<br />

Inicialmente, a pesquisa deparou-se com o problema <strong>do</strong> reduzi<strong>do</strong> número de sítios submeti<strong>do</strong>s à análise,<br />

apenas, nove (9). Pessis (1993) afirma que é pouco viável "pretender estabelecer identi<strong>da</strong>des gráficas<br />

a partir de um número reduzi<strong>do</strong> de sítios". E que, o estabelecimento de tal identi<strong>da</strong>de "deve ser tenta<strong>do</strong><br />

a partir de um grande número de sítios e de to<strong>da</strong>s as informações <strong>da</strong> pesquisa <strong>arqueológica</strong>. A partir<br />

deste contexto é que podem ser levanta<strong>da</strong>s hipóteses sobre as identi<strong>da</strong>des gráficas".<br />

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Considera-se que esta pesquisa não reúne condições para o levantamento hipotético de identi<strong>da</strong>des<br />

gráficas. Portanto, o objetivo deste trabalho é o levantamento <strong>do</strong>s perfis gráficos <strong>do</strong>s nove sítios e o<br />

estabelecimento preliminar <strong>da</strong>s relações gráficas entre eles (os padrões gráficos <strong>da</strong> amostra).<br />

Além <strong>da</strong> amostra quantitativa, outros três fatores dificultaram o estu<strong>do</strong> proposto, nas premissas de se<br />

estabelecer autorias culturais e cronologias hipotéticas (Pessis, 1993), e podem ser assim expostos:<br />

O não reconhecimento<br />

Uma majoritária ausência de formas reconhecíveis nos grafismos grava<strong>do</strong>s faz com que os elementos<br />

caracteriza<strong>do</strong>res, morfológico e temático, sejam categorias ambíguas quan<strong>do</strong> aplica<strong>da</strong>s às gravuras. O<br />

que torna hipotética a segregação <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des gráficas, pois as formas não reconhecíveis impossibilitam<br />

uma definição precisa <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> grafismo, além <strong>do</strong> critério de continui<strong>da</strong>de de traço.<br />

No entanto, Pessis (2002) coloca que este critério de identificação, oriun<strong>do</strong> <strong>da</strong> segregação de grafismos<br />

pinta<strong>do</strong>s não reconhecíveis, pode não ser o mais adequa<strong>do</strong> ao registro grava<strong>do</strong>, por desconsiderar o<br />

espaço vazio que intercala os traços, onde haveria um parâmetro potencial de identificação <strong>do</strong><br />

significante <strong>da</strong> gravura. Demonstra a autora que a primazia <strong>do</strong> traço sobre o espaço resulta de um a<br />

priori 13 cultural nosso, uma formalização geométrica ocidental, que, provavelmente, se distinguiria <strong>da</strong><br />

formalização <strong>do</strong>s grupos étnicos grava<strong>do</strong>res. Os traços, portanto, seriam os principais referenciais<br />

para os pesquisa<strong>do</strong>res perceberem o espaço gráfico, mas não os únicos referenciais.<br />

Aqui o termo grafismo cede lugar à uni<strong>da</strong>de gráfica, pois o grafismo é uma categoria resultante de um<br />

fato comprova<strong>do</strong>, ao passo que a categoria uni<strong>da</strong>de gráfica é uma hipótese em teste. Isto se deve à<br />

imprecisão que acompanha a delimitação <strong>do</strong>s contornos destes significantes grava<strong>do</strong>s.<br />

A identificação de uni<strong>da</strong>des gráficas, face à proprie<strong>da</strong>de irreconhecível <strong>da</strong> gravura rupestre nordestina,<br />

torna-se, pois, tarefa complexa que deman<strong>da</strong> mais que a identificação <strong>do</strong>s limites <strong>do</strong> traço grava<strong>do</strong>. Como<br />

medi<strong>da</strong> profilática diante <strong>do</strong> não reconhecimento, e por não ser possível mensurar qual o valor <strong>do</strong> traço e<br />

qual o valor <strong>do</strong> espaço intercala<strong>do</strong> dentro <strong>da</strong> formalização gráfica que engendrou as gravuras rupestres,<br />

decidiu-se, hipoteticamente, considerar duas disposições na definição <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des gráficas: I) Os grafismos<br />

isola<strong>do</strong>s (Gui<strong>do</strong>n, 1982 e 1986) seguem sen<strong>do</strong> marca<strong>do</strong>res de uni<strong>da</strong>des gráficas, sob critério de<br />

continui<strong>da</strong>de de traço. II) Em situações onde não possam ser identifica<strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des isola<strong>da</strong>s, to<strong>do</strong> o conjunto<br />

de traços e espaços proporcionalmente intercala<strong>do</strong>s assinala<strong>do</strong>s num agenciamento inclusivo, ganham<br />

valor de uni<strong>da</strong>de hipotética e passam a ser denomina<strong>do</strong>s <strong>área</strong>s de concentração gráfica 14 .<br />

O intemperismo:<br />

Outro fator é concernente ao esta<strong>do</strong> de conservação <strong>do</strong>s registros grava<strong>do</strong>s, sobretu<strong>do</strong> os <strong>da</strong> <strong>área</strong> em<br />

apreço, que está submeti<strong>da</strong> a processos de intemperismo 15 agrava<strong>do</strong>s pela desertificação 16 em curso.<br />

As altas temperaturas e taxas de evaporação ocasiona<strong>da</strong>s por insolação quase permanente na maioria<br />

<strong>do</strong>s sítios, associa<strong>da</strong> ao desmatamento generaliza<strong>do</strong> <strong>da</strong> cobertura vegetal, através <strong>do</strong> corte de lenha,<br />

vem favorecen<strong>do</strong> bruscas per<strong>da</strong>s e aquisições de calor (dia\noite) nos corpos rochosos, que ampliam<br />

as dilatações e contrações na estrutura rochosa constitutiva <strong>do</strong>s suportes grava<strong>do</strong>s. Por conseguinte,<br />

há um aumento <strong>da</strong> esfoliação e <strong>da</strong> ruptura de placas superficiais <strong>da</strong> rocha (Moralez, 1993). Também foi<br />

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observa<strong>do</strong>, em alguns sítios, um intemperismo biológico, basicamente, constituí<strong>do</strong> por casas de insetos<br />

e pátinas orgânicas, aparentemente fungo/bacteriana, como líquens.<br />

A erosão eólica abrasiva 17 e a erosão hídrica também são fatores intempéricos constata<strong>do</strong>s na maioria<br />

<strong>do</strong>s sítios, trabalhan<strong>do</strong> junto com a insolação. São acelera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> de desagregação superficial<br />

<strong>do</strong>s corpos rochosos. Para ca<strong>da</strong> sítio, uma combinação específica destes fatores refletiu em esta<strong>do</strong>s<br />

de conservação distintos, em alguns casos acarretan<strong>do</strong> a per<strong>da</strong> de grande parte <strong>do</strong> acervo gráfico per<br />

sítio (aproxima<strong>da</strong>mente 23% 18 <strong>do</strong> universo gráfico trabalha<strong>do</strong>, se apresenta severamente comprometi<strong>do</strong><br />

e indisponível à análise visual).<br />

Observou-se que, de maneira geral, as zonas mais degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s no suporte rochoso <strong>da</strong> maioria<br />

<strong>da</strong>s manchas gráficas eram os interiores <strong>do</strong>s traços grava<strong>do</strong>s. Tanto a textura interna <strong>do</strong>s traços<br />

quanto a morfologia <strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>s apresentavam-se desgasta<strong>da</strong>s.<br />

Este intemperismo diferencial dentro <strong>do</strong> traço ganhou força como hipótese 19 , quan<strong>do</strong> <strong>da</strong> constatação<br />

de raros setores grava<strong>do</strong>s onde as texturas e morfologias estavam em melhor esta<strong>do</strong> de<br />

conservação e serviram para efeito de comparação. O que resultou em certa imprecisão na<br />

identificação <strong>da</strong>s características técnicas <strong>do</strong> grava<strong>do</strong> de alguns sítios.<br />

Em situações de intemperismo físico generaliza<strong>do</strong> sobre o suporte, <strong>área</strong>s de concentração gráficas<br />

ou mesmo manchas inteiras, parecem, a princípio, ter desapareci<strong>do</strong> em meio ao desgaste<br />

superficial <strong>da</strong> rocha. O que altera a disposição original <strong>do</strong>s elementos gráficos nas manchas, seus<br />

agenciamentos e suas formas.<br />

A situação geomorfológica<br />

Uma outra consideração, relaciona<strong>da</strong> à anterior, que deve ser ti<strong>da</strong> em conta, é a problemática <strong>da</strong><br />

situação geomorfológica <strong>da</strong> maioria <strong>do</strong>s sítios grava<strong>do</strong>s no Nordeste. Pelo fato de estarem muito<br />

próximos a cursos d'água, tornam-se sujeitos à inun<strong>da</strong>ção sazonal e ao impacto <strong>da</strong> erosão hídrica 20 .<br />

To<strong>do</strong>s os sítios trabalha<strong>do</strong>s, a exceção de um, se encontram nas situações geomorfológicas de<br />

cachoeira, tanque e cânion, sen<strong>do</strong> favoráveis a transporte em meio flui<strong>do</strong> de alta competência. A<br />

princípio, embora não exista para a <strong>área</strong> nenhum levantamento paleoecológico, as cicatrizes hidrológicas<br />

nas formações rochosas <strong>do</strong>s sítios apontam para uma dinâmica de transporte hidrológico, no passa<strong>do</strong>,<br />

mais intensa que a observa<strong>da</strong> atualmente.<br />

Esta conjuntura erosiva vem atuan<strong>do</strong> de duas formas básicas: uma atuação abrasiva diretamente sobre<br />

a superfície rochosa, pelo impacto de partículas sóli<strong>da</strong>s em suspensão no meio flui<strong>do</strong>, e outra no<br />

assoreamento, na alteração e remoção <strong>do</strong>s pacotes sedimentares <strong>do</strong>s sítios, perturban<strong>do</strong> ou até<br />

impedin<strong>do</strong> a formação de pacote estratigráfico arqueológico. Não há, assim, outros vestígios de cultura<br />

material nem cronologia associa<strong>da</strong> à <strong>da</strong>tação radiocarbônica 21 , com raras exceções.<br />

Há ain<strong>da</strong> a observância de intensa formação de pátinas minerais em quase to<strong>do</strong>s os sítios analisa<strong>do</strong>s.<br />

Tal esta<strong>do</strong> de coisas estaria possivelmente relaciona<strong>do</strong>, a julgar pela morfologia de escorrimento destas<br />

pátinas, ao transporte de partículas finas, fração silte à argila, diluí<strong>da</strong>s em meio flui<strong>do</strong> (água <strong>da</strong> chuva)<br />

percola<strong>do</strong> nos espaços intersticiais <strong>da</strong> estrutura rochosa e/ou escorren<strong>do</strong> por sua superfície, migran<strong>do</strong><br />

até as manchas gráficas e lá se depositan<strong>do</strong>.<br />

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Consideran<strong>do</strong>-se estes três pontos, tem-se a seguinte conjuntura problemática: o não<br />

reconhecimento <strong>do</strong> registro grava<strong>do</strong> alia-se a fatores intempéricos interatuantes que introduzem<br />

complicações na segregação <strong>do</strong>s componentes gráficos e na identificação de suas disposições<br />

espaciais (isolamento e agenciamento em arranjos cenográficos 22 ) e causam perturbações nos<br />

possíveis pacotes arqueológicos, além de constituir agentes degra<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong>s características<br />

técnicas originais <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des gráficas.<br />

Ten<strong>do</strong> em vista estas dificul<strong>da</strong>des adicionais ao tratamento científico deste código hermético de<br />

comunicação, tanto nas características físicas sensíveis, o significante, quanto no "universo simbólico"<br />

<strong>do</strong> registro, que engloba os valores e significa<strong>do</strong>s originalmente atribuí<strong>do</strong>s, coloca-se a difícil tarefa de<br />

"definir o não visível" (Martin, 1997).<br />

Do méto<strong>do</strong><br />

A primeira disposição meto<strong>do</strong>lógica foi trabalhar com uma amostra de sítios inseri<strong>do</strong>s numa mesma<br />

uni<strong>da</strong>de ambiental geral. Segun<strong>do</strong> Martin (1997) esta resolução se faz necessária quan<strong>do</strong> se<br />

objetiva praticar a "arqueologia de <strong>área</strong>s", isto é, uma linha de pesquisa <strong>arqueológica</strong> aplica<strong>da</strong> no<br />

Nordeste que visa um estu<strong>do</strong> sistemático <strong>do</strong> meio ambiente (uni<strong>da</strong>de paleo - ambiental),<br />

considera<strong>do</strong> como variável a<strong>da</strong>ptativa integra<strong>da</strong> ao contexto arqueológico. Este contexto não está<br />

manifesto num único sítio, mas sim, no conjunto de relações entre os registros arqueológicos de<br />

vários sítios inseri<strong>do</strong>s num mesmo ecossistema.<br />

Nesta perspectiva, a uni<strong>da</strong>de ecológica ou paleoecológica, que apresenta concentração de<br />

sítios torna-se a uni<strong>da</strong>de <strong>arqueológica</strong>, ao contrário <strong>da</strong> "arqueologia de sítio" cuja uni<strong>da</strong>de<br />

analítica é um sítio isola<strong>do</strong>.<br />

O elemento ecológico seria um condicionante considerável nas estratégias culturais de sobrevivência<br />

e a<strong>da</strong>ptação, portanto, estaria refleti<strong>do</strong> no acervo gráfico de um conjunto de sítios inseri<strong>do</strong>s num<br />

determina<strong>do</strong> ambiente. Em respeito a este fato, dentro <strong>da</strong> taxonomia <strong>do</strong> registro rupestre nordestino<br />

foi introduzi<strong>da</strong> uma classe que poderia ser caracteriza<strong>da</strong>, grosso mo<strong>do</strong>, pela a<strong>da</strong>ptação cultural a um<br />

novo ecossistema, a "sub-tradição". Parte-se <strong>do</strong> princípio de que uma mu<strong>da</strong>nça no quadro ambiental<br />

tradicional desencadearia mu<strong>da</strong>nças nas estratégias de apresentação gráfica (Pessis, 1992; Martin,<br />

1997). Neste estu<strong>do</strong> foram considera<strong>do</strong>s elementos ambientais com ingerência direta na gravura<br />

rupestre, a petrologia <strong>do</strong> suporte rochoso e <strong>do</strong> instrumental grava<strong>do</strong>r e a geomorfologia <strong>do</strong>s sítios e<br />

<strong>da</strong>s manchas gráficas dentro deles.<br />

Uma segun<strong>da</strong> preocupação foi a sistemática de coleta e processamento de <strong>da</strong><strong>do</strong>s. Para tanto,<br />

criou-se um protocolo de registro e análise aplica<strong>do</strong>, indiscrimina<strong>da</strong>mente, a to<strong>do</strong>s os sítios. Este<br />

protocolo foi orienta<strong>do</strong> para segregar elementos caracteriza<strong>do</strong>res flexivelmente <strong>pré</strong>-defini<strong>do</strong>s e<br />

ordená-los de forma a permitir uma abor<strong>da</strong>gem comparativa entre sítios (um exemplo deste<br />

protocolo se encontra nos anexos deste artigo).<br />

As duas classes de <strong>da</strong><strong>do</strong>s que compunham a essência <strong>da</strong>s inter-relações protocolares são concernentes<br />

aos elementos técnicos e cenográficos <strong>do</strong>s registros.<br />

Em referen<strong>do</strong>, Pessis (1992) afirma que, na gravura, a análise <strong>da</strong>s características técnicas passa a ter<br />

maior importância, devi<strong>do</strong> à falta de reconhecimento <strong>do</strong>s grafismos representa<strong>do</strong>s.<br />

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Por outro la<strong>do</strong>, os refinamentos nos estu<strong>do</strong>s acerca <strong>da</strong> segregação de grafismos irreconhecíveis como<br />

uni<strong>da</strong>des caracteriza<strong>do</strong>ras <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de gráfica, e seus agenciamentos espaciais dentro de manchas<br />

gráficas, demonstraram as possibili<strong>da</strong>des de se trabalhar com uma "dimensão cenográfica" a partir<br />

<strong>da</strong> segregação de relações espaciais e morfológicas recorrentes entre uni<strong>da</strong>des gráficas<br />

irreconhecíveis.<br />

A ferramenta básica a<strong>do</strong>ta<strong>da</strong> para identificação e sistematização destas relações designativas <strong>da</strong><br />

identi<strong>da</strong>de gráfica é denomina<strong>da</strong> perfil gráfico (Pessis, 1992 e 1993). Trata-se de uma estruturação<br />

sistêmica 23 de atributos flexíveis (categorias de entra<strong>da</strong> 24 ), hierarquiza<strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> menor grau de<br />

ambigüi<strong>da</strong>de, orienta<strong>do</strong>s, em linhas gerais, no senti<strong>do</strong> de segregar as características próprias <strong>do</strong> acervo<br />

gráfico de uma determina<strong>da</strong> <strong>área</strong>, os marca<strong>do</strong>res de sua(s) identi<strong>da</strong>de(s).<br />

No caso <strong>da</strong>s gravuras irreconhecíveis, esses marca<strong>do</strong>res são basicamente: 1) de ordem técnica<br />

(relativos aos procedimentos técnicos de execução <strong>do</strong> registro rupestre); 2) de ordem cenográfica<br />

(referentes ao agenciamento e isolamento <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des no espaço gráfico, suas dimensões e<br />

disposições espaciais e geomorfológicas) e; 3) de ordem morfológica (relativas às formas <strong>da</strong>s<br />

uni<strong>da</strong>des gráficas). Tentou-se a<strong>da</strong>ptar, nestas três categorias, as dimensões, material, temática e<br />

de apresentação gráfica <strong>do</strong> fenômeno gráfico (Pessis, 1992), deriva<strong>da</strong>s <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> grafismo<br />

reconhecível. As variáveis ambientais petrologia de suporte e geomorfologia de sítio também<br />

entram na matriz sistêmica para compor as inter-relações <strong>do</strong> perfil.<br />

Assim, seria possível, hipoteticamente, a identificação de um elenco de comportamentos técnicos e<br />

cenográficos que espelhassem as escolhas culturais próprias <strong>do</strong>(s) grupo(s) grava<strong>do</strong>r(es), ou seja, o<br />

esboço de sua(s) identi<strong>da</strong>de(s) gráfica(s). O méto<strong>do</strong> proposto segue conforme as fun<strong>da</strong>mentações<br />

estabeleci<strong>da</strong>s por Pessis (2002) e Gui<strong>do</strong>n (1986), que se baseiam no estu<strong>do</strong> de uni<strong>da</strong>des gráficas<br />

segrega<strong>da</strong>s e na identificação <strong>da</strong> cadeia operacional relativa à execução técnica <strong>do</strong> registro grava<strong>do</strong>.<br />

Muni<strong>do</strong> desse repertório teórico-metodólogico fomos a campo coletar a iconografia para a análise<br />

proposta. O que de antemão salientamos que não foi uma tarefa fácil, pois necessitávamos desenvolver<br />

também um protocolo específico para o registro fotográfico <strong>do</strong>s sítios que fosse operacional, diante de<br />

três fatores problemáticos: A) Parcos recursos financeiros para se trabalhar com imagens; B)<br />

Equipamentos fotográficos analógicos e mecânicos que exigem bastante conhecimento técnico e perícia<br />

fotográfica; C) Falta de conhecimentos técnicos e imperícia fotográfica <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r.<br />

Enfim, ao sal<strong>do</strong> final de três campanhas exaustivas foi possível levantar um repertório visual precário,<br />

mas que permitiu testar os procedimentos de segregação e quantificação <strong>do</strong>s elementos<br />

caracteriza<strong>do</strong>res na ordenação de <strong>da</strong><strong>do</strong>s proposta.<br />

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Resulta<strong>do</strong>s<br />

Caracteriza<strong>do</strong>res quantifica<strong>do</strong>s:<br />

1 - Em to<strong>do</strong>s os sítios, a percussão de pontos seqüencia<strong>do</strong>s (picotagem) com percutor de bor<strong>da</strong> entre<br />

0.5 e 1 cm, foi a técnica-base para delimitar os traços <strong>da</strong>s <strong>área</strong>s de concentração gráfica. No caso<br />

<strong>do</strong>s sítios com petrografia cristalina metamórfica, 6 ao total, 84.4 % deles apresentam direção <strong>do</strong><br />

gesto percussivo, seguin<strong>do</strong> os planos de foliação <strong>da</strong> rocha.<br />

2 - Foram quantifica<strong>da</strong>s, a princípio, 322 <strong>área</strong>s de concentração gráfica visíveis, dentro <strong>do</strong>s nove (9) sítios<br />

trabalha<strong>do</strong>s. Estas foram executa<strong>da</strong>s através de 5 técnicas distintas, sen<strong>do</strong>, em termos de freqüência, duas<br />

majoritárias e três minoritárias. São elas, respectivamente, as combinações picotagem/raspagem e<br />

picotagem/polimento e, como técnicas minoritárias, temos a raspagem, a picotagem e o lascamento.<br />

Em oito (8) sítios foi observa<strong>da</strong> uma etapa técnica abrasiva, após a percussão (picotagem), sen<strong>do</strong><br />

a raspagem superficial pre<strong>do</strong>minante nos sítios sobre rochas metamórficas. Das 211 <strong>área</strong>s de<br />

concentração gráficas identifica<strong>da</strong>s nestes sítios, 143 apresentam uma 2o etapa técnica abrasiva<br />

raspa<strong>da</strong>, o que representa 70% <strong>da</strong> amostra sobre rochas metamórficas e 44.25% <strong>da</strong> amostra<br />

integral (v. gráfico 1)<br />

O polimento foi aplica<strong>do</strong> a, pelo menos, 3 manchas gráficas (27 <strong>área</strong>s de concentração) <strong>do</strong>s Grossos,<br />

nas duas manchas gráficas <strong>da</strong>s Marcas (16 <strong>área</strong>s de concentração), em pelo menos um painel de<br />

análise <strong>da</strong> Cachoeira <strong>da</strong> Cruz (8 <strong>área</strong>s de concentração), em 3 <strong>área</strong>s de concentração <strong>da</strong> zona 1 <strong>do</strong><br />

Cai Peixe e nas manchas gráficas II (38 <strong>área</strong>s de concentração), IV (8 <strong>área</strong>s de concentração), e VI (2<br />

<strong>área</strong>s de concentração) <strong>da</strong> Cachoeira <strong>do</strong> Pedro. O que totaliza 93 <strong>área</strong>s de concentração gráfica, ou<br />

uni<strong>da</strong>des hipotéticas. Isto representa 29% <strong>da</strong> amostra integral, que a princípio, apresentaria um segun<strong>do</strong><br />

momento técnico abrasivo poli<strong>do</strong> (v. gráfico 2)<br />

Três <strong>área</strong>s de concentração gráfica <strong>da</strong> Cacimba <strong>da</strong>s Cabras apresentam-se diretamente raspa<strong>da</strong>s, o<br />

que representa 0.93 % <strong>da</strong> amostra integral. Oito <strong>área</strong>s de concentração <strong>do</strong> sítio Cachoeira <strong>do</strong> Letreiro<br />

apresentam-se, unicamente, picota<strong>da</strong>s, o que representa, 2.5% <strong>da</strong> amostra integral. E ain<strong>da</strong>, no sítio<br />

Cachoeira <strong>da</strong> Cruz, uma <strong>área</strong> de concentração apresenta-se, a princípio, lasca<strong>da</strong>, representan<strong>do</strong> 0.<br />

32% <strong>do</strong> total. Tem-se, então, uma cifra de 77 % de amostra analisa<strong>da</strong> e 23 % de amostra indeferi<strong>da</strong>,<br />

pela impossibili<strong>da</strong>de de identificação de traços técnicos (v. gráfico 3).<br />

3 - Em to<strong>do</strong>s os sítios de suporte metamórfico, à exceção de 1 (C. Cruz), foi observa<strong>da</strong> uma 3o<br />

etapa técnica de natureza pictórica. Sen<strong>do</strong> a aplicação <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de pigmento disposta tanto<br />

dentro quanto fora <strong>do</strong>s traços, e sempre na cor vermelha. A observação mais atenciosa permitiu<br />

identificar 4 mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de aplicação: pigmento contornan<strong>do</strong> os traços de <strong>área</strong>s de concentração<br />

gráfica (Casa de Pedra, Cachoeira <strong>do</strong> Letreiro e Cacimba <strong>da</strong>s Cabras); pigmento preenchen<strong>do</strong> a<br />

<strong>área</strong> interna e externa <strong>do</strong>s traços (Cachoeira <strong>do</strong> Pedro, Cacimba <strong>da</strong>s Cabras, Casa de Pedra);<br />

aplicação no interior <strong>do</strong>s traços grava<strong>do</strong>s (Fundões e Cachoeira <strong>do</strong> Letreiro); aplicação <strong>do</strong><br />

pigmento no suporte anterior à gravura (Cachoeira <strong>do</strong> Letreiro).<br />

No caso <strong>da</strong> Cachoeira <strong>do</strong> Letreiro, a princípio, a etapa técnica pictórica precederia as outras. Portanto,<br />

há uma maior recorrência de utilização de pigmento, dentro <strong>da</strong> amostra, posterior ao grava<strong>do</strong>, apenas<br />

contornan<strong>do</strong>-o, apenas preenchen<strong>do</strong>-o, ou ambas as mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 499


4 - Geomorfologicamente trabalhou-se com três (3) tipos de ambientes: calha de riacho a céu aberto,<br />

sobre planície (Grossos, Marcas e Cai Peixe), calha de riacho em vale fecha<strong>do</strong> e cânion em vertentes<br />

de serra (Fundões, C. Cruz, C. <strong>do</strong> Letreiro, Cacimba <strong>da</strong>s Cabras e C. Pedro), e abrigo a meia encosta<br />

de serra (Casa de Pedra). A única diferença técnica identifica<strong>da</strong> é que os sítios em planície a céu<br />

aberto não apresentam sinal aparente de pigmento. O que pode estar condiciona<strong>do</strong> ao regime<br />

intempérico próprio desses sítios.<br />

A leitura geomorfológica <strong>do</strong>s sítios, não fica restrita à descrição <strong>da</strong> localização ambiental, mas<br />

também, engloba as escolhas geomorfológicas de posicionamento <strong>do</strong> espaço gráfico dentro <strong>do</strong>s<br />

sítios. Neste senti<strong>do</strong>, <strong>do</strong>is padrões pareceram delinear-se quanto à escolha <strong>do</strong> plano de execução<br />

<strong>da</strong>s manchas gráficas, segun<strong>do</strong> a variação petrográfica <strong>do</strong> suporte. Basicamente, to<strong>da</strong>s as manchas<br />

executa<strong>da</strong>s sobre rochas metamórficas apresentam-se em planos verticais, perpendiculares ao<br />

solo. As gravuras executa<strong>da</strong>s sobre rochas ígneas apresentam uma plurali<strong>da</strong>de de escolhas nos<br />

planos de execução, oscilan<strong>do</strong> entre planos horizontais e verticais, numa cifra de 55% de manchas<br />

gráficas dispostas em planos paralelos ao solo.<br />

5 - A variação petrológica <strong>do</strong> suporte rochoso oscilou entre quartzito feldspático, quartzito micáceo<br />

(muscovita quartzito), biotita-xisto, pegmatito granítico, e biotita-granito. Não foram identifica<strong>da</strong>s<br />

variações estruturais no grava<strong>do</strong>, segun<strong>do</strong> diferentes tipos de rocha, além <strong>da</strong>s duas etapas técnicas<br />

aplica<strong>da</strong>s, a picotagem segui<strong>da</strong> de abrasão. No entanto, foi possível observar que o raspa<strong>do</strong> é mais<br />

recorrente nos suportes metamórficos <strong>do</strong> que no cristalino resistente, e que, tanto num tipo como no<br />

outro, a raspagem é pre<strong>do</strong>minante como técnica posterior à picotagem.<br />

6 - A segregação de uni<strong>da</strong>des gráficas através de isolamentos cenográficos, relações espaciais<br />

recorrentes e esta<strong>do</strong> de conservação partiu, inicialmente, de um universo de 322 <strong>área</strong>s de concentração<br />

gráfica, que foram reduzi<strong>da</strong>s a 130 uni<strong>da</strong>des hipoteticamente identifica<strong>da</strong>s, que se prestaram à análise<br />

cenográfica. Destas, foram constata<strong>da</strong>s 72 uni<strong>da</strong>des recorrentes entre sítios, dividi<strong>da</strong>s em 21 tipos<br />

morfológicos diferentes (anexo I). A partir dessa base, observaram-se recorrências nas periferias <strong>da</strong>s<br />

manchas e foram segrega<strong>do</strong>s 7 tipos morfológicos nesta situação, recorrentemente.<br />

Conclusões preliminares:<br />

Este estu<strong>do</strong> não é e nem pode ser conclusivo. Tratan<strong>do</strong>-se de uma ordenação de <strong>da</strong><strong>do</strong>s experimental<br />

e preliminar, consideramos que ain<strong>da</strong> não é possível propor uma classificação segura para o fenômeno<br />

<strong>da</strong>s gravuras rupestres <strong>do</strong> <strong>Seridó</strong>, com base no que aqui foi exposto.<br />

Primeiramente, a base de <strong>da</strong><strong>do</strong>s quantitativos e qualitativos é bastante exígua. Os 9 sítios trabalha<strong>do</strong>s<br />

representam um fragmento ínfimo dentro de um corpus gráfico, seguramente, bem maior. Portanto, não<br />

podemos avaliar precisamente a representativi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> amostra analisa<strong>da</strong> em relação ao universo<br />

existente. O que põe em questão a vali<strong>da</strong>de mesma <strong>da</strong>s inter-relações dentro <strong>do</strong> universo de análise.<br />

O objetivo deste trabalho não era chegar a conclusões explicativas, mas sim, testar uma construção<br />

meto<strong>do</strong>lógica hipotética, um experimento de verificação <strong>do</strong> alcance de determina<strong>da</strong>s categorias<br />

e procedimentos analíticos aplica<strong>do</strong>s a um tema que, dentro <strong>da</strong> Arqueologia <strong>pré</strong>-histórica brasileira,<br />

se encontra longe <strong>do</strong> esgotamento.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 500


Pode-se afirmar que foram, hipoteticamente, identifica<strong>do</strong>s os indícios de <strong>do</strong>is perfis gráficos na <strong>área</strong><br />

em estu<strong>do</strong>, caracteriza<strong>do</strong>s, basicamente, por padrões técnicos, cenográficos e, como se verificou<br />

petrográficos e geomorfológicos diferencia<strong>do</strong>s.<br />

Nos sítios sobre rochas metamórficas, de maneira geral, as manchas gráficas apresentam-se, na grande maioria,<br />

sob planos perpendiculares ao solo, e, geralmente, as uni<strong>da</strong>des estão arranja<strong>da</strong>s segun<strong>do</strong> uma densi<strong>da</strong>de de<br />

preenchimento <strong>do</strong> espaço gráfico maior que nas manchas sobre rochas ígneas. Além disso, nestas últimas a<br />

escolha <strong>do</strong>s planos de inclinação <strong>da</strong>s superfícies a serem grava<strong>da</strong>s apresentava-se sob varia<strong>do</strong>s ângulos,<br />

perpendiculares, diagonais ou paralelos ao solo, sen<strong>do</strong> a maior freqüência nos planos paralelos. Trata-se de<br />

escolhas geomorfológicas distintas na estrutura física interna <strong>do</strong>s sítios relaciona<strong>da</strong>s à variação petrológica.<br />

Em termos técnicos o contraste ficou claro, partin<strong>do</strong> de uma base comum que seria o picota<strong>do</strong> segui<strong>do</strong><br />

de uma técnica abrasiva. No suporte ígneo a técnica abrasiva freqüente era o polimento profun<strong>do</strong>, já<br />

nas rochas metamórficas a técnica abrasiva é majoritariamente o raspa<strong>do</strong> superficial.<br />

Também foi observa<strong>do</strong> que a ocorrência de pigmento junto e dentro <strong>do</strong> traço grava<strong>do</strong> era uma<br />

exclusivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s gravuras em suporte metamórfico. Contu<strong>do</strong>, foi observa<strong>do</strong> que em diversas<br />

manchas gráficas em um <strong>do</strong>s sítios ígneos <strong>da</strong> amostra (Grossos), houve uma escolha de situar as<br />

manchas em trechos <strong>do</strong>s blocos onde havia se forma<strong>do</strong> uma pátina avermelha<strong>da</strong> natural (oxi<strong>da</strong>ção<br />

<strong>da</strong> biotita), de mo<strong>do</strong> a simular uma aplicação de pigmento (?).<br />

Geomorfologicamente houve uma variação perceptível, pois os sítios metamórficos situam-se em<br />

que<strong>da</strong>s d'águas, cânions, cachoeiras, zonas de relevo acidenta<strong>do</strong> e serrano. Já os sítios ígneos<br />

se encontram em planícies abertas nas margens de leitos de riacho secos, pedregosos e pouco<br />

profun<strong>do</strong>s, há uma distinção topográfica clara.<br />

Ten<strong>do</strong> estes pontos considera<strong>do</strong>s, acredita-se estar li<strong>da</strong>n<strong>do</strong> dentro <strong>da</strong> amostra analisa<strong>da</strong>, com,<br />

possivelmente, indícios de <strong>do</strong>is sistemas de comunicação gráfica diferencia<strong>do</strong>s, caracteriza<strong>do</strong>s<br />

pela retira<strong>da</strong> de material rochoso <strong>da</strong>s superfícies <strong>do</strong>s suportes (baixos relevos), o que definiria a<br />

técnica geral <strong>do</strong> grava<strong>do</strong>.<br />

Contu<strong>do</strong>, os perfis gráficos preliminarmente levanta<strong>do</strong>s não seriam necessariamente indica<strong>do</strong>res<br />

de distintas identi<strong>da</strong>des gráficas, portanto, étnicas. Pode-se estar li<strong>da</strong>n<strong>do</strong> com um mesmo horizonte<br />

cultural grava<strong>do</strong>r que se manifesta com diferentes características em diferentes momentos no<br />

continuum temporal <strong>da</strong> Pré-História seri<strong>do</strong>ense, compreendi<strong>da</strong>, com base no que se sabe, entre,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente, 10.000 anos a.p. e a intrusão européia. Portanto, estas são hipóteses que ain<strong>da</strong><br />

aguar<strong>da</strong>m por uma confrontação.<br />

Seguem anexos ilustrativos <strong>do</strong>s procedimentos de coleta e análise e <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s alcança<strong>do</strong>s. Por<br />

último neste trabalho são apresenta<strong>do</strong>s uma matriz de <strong>da</strong><strong>do</strong>s e 2 gráficos origina<strong>do</strong>s dela, que não<br />

constavam na versão <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s e conclusões <strong>da</strong> dissertação defendi<strong>da</strong> em 2003. Resultam, pois,<br />

de novos aportes na apresentação <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s desta pesquisa recentemente desenvolvi<strong>do</strong>s para<br />

demonstrar matematicamente os resulta<strong>do</strong>s <strong>da</strong>s quantificações, segregações, agrupamentos e análises<br />

feitas ao longo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>. A formalização lógico-matemática <strong>do</strong>s resulta<strong>do</strong>s deste trabalho foi possível<br />

a partir <strong>do</strong> emprego de méto<strong>do</strong>s de agrupamento quantitativos basea<strong>do</strong>s em lógica binária e <strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

aritméticos (máxima parcimônia e UPGMA) a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s em sistemática filogenética, o que foi viabiliza<strong>do</strong><br />

com apoio técnico de pesquisa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Laboratório de Fisiologia Comportamental <strong>do</strong> Instituto Nacional<br />

de Pesquisas <strong>da</strong> Amazônia (INPA).<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 501


Anexos I - Protocolo de registro e levantamento a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong><br />

1. LOCALIZAÇÃO DO SÍTIO:<br />

a) Nome: Cachoeira <strong>do</strong> Pedro (pranchas 64 a 77)<br />

b) Município: Picuí - PB<br />

c) Acesso: O riacho homônimo corta a ro<strong>do</strong>via estadual Carnaúba – Picuí, a 5 km norte <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de paraibana. O sítio<br />

fica a 50 metros <strong>da</strong> ro<strong>do</strong>via.<br />

d) Coordena<strong>da</strong>s: S – 6° 31’40" / O – 36° 24’50"<br />

e) Orientação: NO/SE<br />

f) abertura: Não há. Sítio em calha de riacho cerca<strong>do</strong> de afloramentos baixos, praticamente a céu aberto.<br />

g) vegetação: Caatinga xerófila arbustiva a arbórea bastante degra<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo desmatamento, com presença de<br />

marmeleiros, catingueiros, juazeiros, acácias e cactáceas.<br />

2. GEOMORFOLOGIA:<br />

a) Situação <strong>do</strong> entorno: O riacho, no seu trecho grava<strong>do</strong>, situa-se numa zona de falhamentos com pequenos<br />

serrotes e afloramentos assenta<strong>do</strong>s entre o topo e a meia encosta de uma declivi<strong>da</strong>de suave, fora <strong>da</strong> calha. Inserese<br />

num contexto de relevo circunvizinho, serrano, acidenta<strong>do</strong>, com vales em V e em U.<br />

b) Situação <strong>do</strong> sítio: Conjunto de afloramentos xistosos, forman<strong>do</strong> corredeiras, que<strong>da</strong>s d’água e caldeirões ao longo<br />

<strong>da</strong> calha de um riacho seco.<br />

c) Altimetria: Entre 550 e 575 metros acima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> mar.<br />

d) Marcas paleo – hidrológicas: To<strong>da</strong>s rochas <strong>do</strong> conjunto apresentam claros sinais de erosão hidrológica acentua<strong>da</strong>,<br />

como texturas alisa<strong>da</strong>s nas superfícies rochosas, morfologia arre<strong>do</strong>n<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>do</strong>s corpos nas zonas de contato hídrico,<br />

mais intenso, e antigas linhas d’água horizontais nas paredes <strong>do</strong>s caldeirões.<br />

e) Condições de son<strong>da</strong>gem geológica: To<strong>do</strong> sedimento encontra<strong>do</strong> na formação é deposição de aluvião. E no<br />

entorno <strong>do</strong> sítio pre<strong>do</strong>mina o solo rochoso. Na base <strong>da</strong> última cachoeira <strong>do</strong> conjunto há condições de abertura de<br />

trincheiras que evidenciem o processo de transporte sedimentar <strong>do</strong> riacho ao longo <strong>da</strong>s cachoeiras.<br />

3. O SÍTIO:<br />

a) Tipo de sítio: Sítio rupestre sobre afloramento não abriga<strong>do</strong>.<br />

b) Dimensões: 3 zonas de ocorrência de manchas gráficas dispostas por, aproxima<strong>da</strong>mente, 220 metros quadra<strong>do</strong>s<br />

medi<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong> comprimento total <strong>da</strong> <strong>área</strong> de gravuras ao longo <strong>do</strong> curso <strong>do</strong> riacho pela largura média <strong>da</strong> calha<br />

nas 3 zonas, nos pontos onde ocorrem vestígios grava<strong>do</strong>s em ambos la<strong>do</strong>s.<br />

c) Esta<strong>do</strong> de conservação <strong>do</strong> suporte rochoso: To<strong>da</strong> superfície <strong>do</strong> afloramento cristalino metamórfico apresenta-se<br />

acometi<strong>do</strong>, homogeneamente, pela esfoliação rochosa, sen<strong>do</strong> o suporte <strong>da</strong> zona 1 o mais degra<strong>da</strong><strong>do</strong>. Há ocorrência<br />

pontual de pátina em to<strong>da</strong>s as zonas.<br />

d) Tipos de vestígios: <strong>Gravuras</strong> rupestres.<br />

e) Refugo arqueológico: Não há.<br />

f) Tipo e composição <strong>do</strong> suporte rochoso: Cristalina metamórfica (micaxisto seridó/ biotita xisto); quartzo e biotita.<br />

g) Dureza <strong>do</strong>s minerais: Quartzo – 7; biotita – 3.<br />

h)Estrutura morfológica: Apresenta plano de foliação horizontal com cama<strong>da</strong>s finas (0.5 cm espessura média) de<br />

biotita e de quartzo se intercalan<strong>do</strong>. Há ocorrência de outros minerais minoritários identificáveis só por lâmina. A<br />

ação intempérica é visivelmente mais acentua<strong>da</strong> sobre a biotita, cujas cama<strong>da</strong>s estão mais erodi<strong>da</strong>s e mais<br />

profun<strong>da</strong>s que as de quartzo.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 502


4. AS GRAVURAS:<br />

a) Dimensão <strong>do</strong> espaço gráfico: 7 manchas gráficas se espalham ao longo <strong>da</strong>s cachoeiras por <strong>área</strong> de 220 metros<br />

quadra<strong>do</strong>s. A Mancha 1 apresenta-se aparentemente inteiriça, com, aproxima<strong>da</strong>mente, 12 metros de comprimento<br />

por 2 metros de altura máxima e 15 cm de altura mínima. A mancha 2 também se apresenta inteiriça com 3.40<br />

metros de comprimento por 1.60 de altura média e 8 cm de altura mínima em relação ao solo. A mancha 3 possui,<br />

aproxima<strong>da</strong>mente, 80 cm de comprimento por 50 cm de largura máxima. A mancha 4 possui 1.50 metros de<br />

comprimento por 70 cm de largura máxima. A mancha 5 possui 140 metros de largura máxima. A mancha 6, 2.40<br />

metros de comprimento por 50 cm de largura máxima. E a mancha 7, 1.30 metros de comprimento por 75 cm de<br />

largura máxima.<br />

b) Esta<strong>do</strong> de Conservação: To<strong>do</strong>s os traços grava<strong>do</strong>s apresentam evidências <strong>da</strong> esfoliação na rocha suporte, à<br />

exceção de alguns detalhes de traços grava<strong>do</strong>s nas manchas 6 e 7. Pátinas recobrem ACG’s na mancha gráfica 1 e<br />

na mancha 6. Depre<strong>da</strong>ções recentes junto às gravuras, ocorrem, principalmente, na mancha 5 (aplicação de piche,<br />

tinta a óleo e raspagem recente). c) Técnica de Execução: 3 momentos técnicos identifica<strong>do</strong>s – picotagem; raspagem/<br />

polimento; aplicação de pigmento contornan<strong>do</strong> os grafismos e no interior <strong>do</strong>s sulcos.<br />

A raspagem/polimento foi feita com instrumento de gume abrasivo igual ou inferior a 1 cm e a picotagem com<br />

instrumento percussivo de ponta entre 1 e 0.5 cm.<br />

De maneira geral, a esfoliação alterou a largura, a bor<strong>da</strong>, a textura interna e a profundi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s sulcos, no<br />

entanto, as manchas 5 e 6 permitiram observar detalhes de traços grava<strong>do</strong>s, com espessuras variantes entre 0.5 e<br />

4 cm, bor<strong>da</strong>s homogeneamente defini<strong>da</strong>s, texturas internas bastante regulariza<strong>da</strong>s com aplicação de pigmento e<br />

profundi<strong>da</strong>des em torno de 2 cm.<br />

Tais características remeteriam, pois, a uma ação abrasiva mais própria <strong>do</strong> polimento que <strong>da</strong> raspagem. Os traços<br />

grava<strong>do</strong>s <strong>da</strong> mancha 1 apresentam–se com bor<strong>da</strong>s e interior <strong>do</strong>s sulcos erodi<strong>do</strong>s, com profundi<strong>da</strong>des variantes entre<br />

0.2 cm e 1.4 cm a espessuras entre 0.5 cm e 3 cm. Os traços grava<strong>do</strong>s <strong>da</strong> mancha 2 apresentam-se, também,<br />

bastante intemperiza<strong>do</strong>s nas bor<strong>da</strong>s. No interior <strong>do</strong>s traços, possuem profundi<strong>da</strong>des variantes entre 0.2 cm e 1.6 cm,<br />

a larguras entre 0.6 cm e 2.5 cm.<br />

c) Técnica de Execução: 3 momentos técnicos identifica<strong>do</strong>s – picotagem; raspagem/ polimento; aplicação de<br />

pigmento contornan<strong>do</strong> os grafismos e no interior <strong>do</strong>s sulcos.<br />

A raspagem/polimento foi feita com instrumento de gume abrasivo igual ou inferior a 1 cm e a picotagem com<br />

instrumento percussivo de ponta entre 1 e 0.5 cm.<br />

De maneira geral, a esfoliação alterou a largura, a bor<strong>da</strong>, a textura interna e a profundi<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s sulcos, no<br />

entanto, as manchas 5 e 6 permitiram observar detalhes de traços grava<strong>do</strong>s, com espessuras variantes entre 0.5 e<br />

4 cm, bor<strong>da</strong>s homogeneamente defini<strong>da</strong>s, texturas internas bastante regulariza<strong>da</strong>s com aplicação de pigmento e<br />

profundi<strong>da</strong>des em torno de 2 cm.<br />

Tais características remeteriam, pois, a uma ação abrasiva mais própria <strong>do</strong> polimento que <strong>da</strong> raspagem. Os traços<br />

grava<strong>do</strong>s <strong>da</strong> mancha 1 apresentam–se com bor<strong>da</strong>s e interior <strong>do</strong>s sulcos erodi<strong>do</strong>s, com profundi<strong>da</strong>des variantes entre<br />

0.2 cm e 1.4 cm a espessuras entre 0.5 cm e 3 cm. Os traços grava<strong>do</strong>s <strong>da</strong> mancha 2 apresentam-se, também,<br />

bastante intemperiza<strong>do</strong>s nas bor<strong>da</strong>s. No interior <strong>do</strong>s traços, possuem profundi<strong>da</strong>des variantes entre 0.2 cm e 1.6 cm,<br />

a larguras entre 0.6 cm e 2.5 cm.<br />

d) Cenografia: As limitações para se observar as relações espaciais existentes entre as ACG de ca<strong>da</strong> mancha,<br />

impostas pelo desgaste intempérico, principalmente para a zona 1, se assemelham ao esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> sítio Casa de<br />

Pedra.<br />

De maneira que a distribuição original <strong>da</strong>s ACG no espaço gráfico, obedecen<strong>do</strong> às escolhas culturais, não<br />

pode ser observa<strong>da</strong> com precisão, hoje.<br />

A partir <strong>da</strong> mancha 2, pode-se afirmar que as ACG apresentam–se arranja<strong>da</strong>s em conjuntos dentro <strong>do</strong>s quais<br />

a distância média guar<strong>da</strong><strong>da</strong> entre traços grava<strong>do</strong>s é inferior a 10 cm. As manchas 3, 4, 5, poderiam ser assim<br />

descritas, quanto a sua cenografia. Mas a mancha 4 apresenta-se diferentemente. To<strong>do</strong>s os seus traços estão<br />

interliga<strong>do</strong>s, perfazen<strong>do</strong> os contornos de uma única ACG que ocupa to<strong>da</strong> mancha, a exceção de uma ACG isola<strong>da</strong> 40 cm a oeste<br />

<strong>da</strong> mancha.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 503


5. PERFIL DO SÍTIO:<br />

A mancha 1 <strong>da</strong> Cachoeira <strong>do</strong> Pedro forneceu parca informação sobre a técnica de execução, devi<strong>do</strong> ao<br />

acentua<strong>do</strong> intemperismo físico que conjuga uma esfoliação generaliza<strong>da</strong> com a formação de pátina mineral<br />

cobrin<strong>do</strong> cerca de 50 % <strong>do</strong> conjunto.<br />

Não foi possível localizar nenhum trecho de superfície interna <strong>do</strong>s traços <strong>da</strong>s ACG’s que escapassem<br />

à esfoliação. O máximo que se pôde observar foram sinais de picotagem que, a julgar pela irregulari<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong>s bor<strong>da</strong>s de alguns traços mais conserva<strong>do</strong>s, sofreram uma ação abrasiva posterior, pela profundi<strong>da</strong>de<br />

um polimento.<br />

O que se pensou ser aplicação de pigmento, após exame petrográfico megascópico sobre amostra<br />

específica, foi classifica<strong>da</strong> como pátina natural. Sen<strong>do</strong> confirma<strong>do</strong> pela ocorrência <strong>da</strong> mesma cama<strong>da</strong><br />

sobre superfícies não grava<strong>da</strong>s.<br />

A mancha 2 foi mais generosa nas possibili<strong>da</strong>des de análise técnica. Apesar de bastante<br />

desagrega<strong>da</strong>, contem poucas ACG’s preserva<strong>da</strong>s nas texturas e pigmentação <strong>do</strong> interior de seus traços.<br />

Este esta<strong>do</strong> de conservação excepcional e pontual permitiu concluir que as marcas de picotagem<br />

observa<strong>da</strong>s nas ACG’s <strong>da</strong> mancha 2 obedecem, preferencialmente, ao senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> plano de foliação <strong>da</strong><br />

rocha e compõem o primeiro momento técnico <strong>da</strong> execução destas gravuras. Foi permiti<strong>do</strong> constatar,<br />

também, nessas ACG’s, uma etapa técnica posterior que envolveria abrasão <strong>do</strong>s pontos percuti<strong>do</strong>s para<br />

uniformizar os volumes, texturas e delinear os traços. A julgar pela profundi<strong>da</strong>de média, esta ação teria<br />

si<strong>do</strong> o polimento.<br />

O momento técnico pictórico apresenta-se como último desta seqüência. A cama<strong>da</strong> de pigmento<br />

vermelho foi então aplica<strong>da</strong> por sobre as <strong>área</strong>s internas e externas <strong>da</strong>s gravuras, indistintamente.<br />

A mancha 3 apresenta três ACG’s, inacessíveis ao enquadramento de planos aproxima<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong><br />

as observações feitas a uma distância de 4 metros <strong>da</strong>s gravuras. Estas se apresentam contorna<strong>da</strong>s por<br />

pigmento vermelho, teriam sulcos rasos inferiores a 1 cm e espessuras entre 1 e 2 cm. Aparentemente,<br />

foram picota<strong>da</strong>s e depois raspa<strong>da</strong>s. A mancha 4 apresenta ACG’s sem vestígios de pigmento, profun<strong>da</strong>s,<br />

com texturas alisa<strong>da</strong>s, sinal de polimento, bem como, algumas exibin<strong>do</strong> apenas a técnica de picotagem.<br />

A mancha 5 confirmou o mesmo tipo técnico <strong>da</strong> mancha 2, demonstran<strong>do</strong> com mais segurança a existência<br />

<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> momento técnico abrasivo poli<strong>do</strong>, num detalhe de apenas 5 cm quadra<strong>do</strong>s de um de seus<br />

grafismos.<br />

Este trecho, além <strong>da</strong>s irregulari<strong>da</strong>des nas bor<strong>da</strong>s (também observa<strong>da</strong>s em outros grafismos), mais<br />

acentua<strong>da</strong>s num <strong>do</strong>s la<strong>do</strong>s e suaviza<strong>da</strong>s no oposto, que indicam a direção <strong>do</strong> gesto percussivo, picota<strong>do</strong>,<br />

obedecen<strong>do</strong> ao plano de foliação, permite que se observem estrias retas perpendiculares ao plano que<br />

indicam uma abrasão transversal, possivelmente, polimento pouco profun<strong>do</strong>, que, neste caso, a cama<strong>da</strong><br />

de pigmento realçou, ao invés de mascarar.<br />

A análise <strong>da</strong> mancha 6, que se apresenta em pior esta<strong>do</strong> de conservação que a mancha 5, foi<br />

menos precisa, mas não fugiu ao padrão descrito. Cerca de 10 % <strong>do</strong> conjunto está coberto pelo mesmo<br />

tipo de pátina <strong>da</strong> mancha 1, e em apenas se observam vestígios claros de pigmentos ao re<strong>do</strong>r de ACG’s<br />

isola<strong>da</strong>s, 40 cm a NO <strong>da</strong> mancha 4, em uma ACG no extremo NO <strong>da</strong> mancha e em pequenos detalhes<br />

internos <strong>do</strong>s traços de ACG’s, no extremo SE <strong>da</strong> mancha.<br />

A técnica aparente é a percussão de pontos ao longo <strong>do</strong> plano de foliação, segui<strong>da</strong> de polimento<br />

(a julgar pela maior profundi<strong>da</strong>de e espessura <strong>do</strong>s grafismos <strong>do</strong> painel) para uniformização <strong>da</strong> textura<br />

interna e <strong>da</strong> bor<strong>da</strong> <strong>do</strong>s sulcos, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> aplicação <strong>do</strong> pigmento dentro e fora <strong>da</strong> gravura.<br />

Quanto à segregação, na Cachoeira <strong>do</strong> Pedro foram identifica<strong>da</strong>s a princípio, 119 ACG’s visíveis,<br />

<strong>da</strong>s quais, apenas 38 puderam ser considera<strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des gráficas hipotéticas, sen<strong>do</strong> 9 na mancha gráfica<br />

1, 9 na mancha gráfica 2, 11 na mancha gráfica 3, 3 na mancha gráfica 4, 4 na mancha gráfica 5, 1 na<br />

mancha gráfica 6 e 1 na macha gráfica 7.<br />

Deste universo, 22 uni<strong>da</strong>des hipotéticas se mostraram recorrentes em outros sítios, <strong>da</strong>s quais, 3<br />

foram identifica<strong>da</strong>s como periféricas recorrentes.<br />

O nível de precisão <strong>do</strong> tipo técnico para o sítio é de <strong>do</strong>minância por ACG e mancha gráfica.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 504


Anexos II – Exemplos <strong>do</strong> registro fotográfico<br />

1- Plano geomorfológico, vista SW, Cachoeira <strong>do</strong>s Fundões – Carnaúba <strong>do</strong>s Dantas, RN.<br />

2 – Plano geomorfológico, vista NE, Cachoeira <strong>do</strong>s Fundões – Carnaúba <strong>do</strong>s Dantas, RN.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 505


4 – Plano de segregação <strong>da</strong><br />

<strong>área</strong> de concentração<br />

gráfica 1 (ACG).<br />

3 – Plano de segregação <strong>da</strong><br />

mancha gráfica, Cachoeira<br />

<strong>do</strong>s Fundões, Carnaúba <strong>do</strong>s<br />

Dantas, RN.<br />

5 – Plano de segregação <strong>da</strong>s<br />

uni<strong>da</strong>des gráficas.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 506


6 – Plano de segregação de caracteres técnicos.<br />

7 – Plano de alta aproximação, macro, detalhe de pigmento.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 507


Anexo III – Tabela de grafismos recorrentes na amostra dividi<strong>do</strong>s em 21 tipos morfológicos<br />

que soman<strong>do</strong> suas repetições intra e extra sítios quantificavam 72 uni<strong>da</strong>des gráficas<br />

identifica<strong>da</strong>s no processo de segregação a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 508


Anexo IV – Mapa <strong>da</strong> <strong>área</strong> prospecta<strong>da</strong> com a localização <strong>do</strong>s sítios trabalha<strong>do</strong>s<br />

(Fonte Google Earth)<br />

Lista <strong>do</strong>s sítios e suas coordena<strong>da</strong>s: 1 - Cai Peixe, Acari, RN – S 6°29’48" W 36°41’50"; 2 - Grossos,<br />

Acari RN – S6°32’20" W36°41’50"; 3 – Marcas, Jardim <strong>do</strong> <strong>Seridó</strong>, RN – S 6° 33" 20" W36°42’ 00"; 4<br />

– Cacimba <strong>da</strong>s Cabras, Picuí, PB – S 6°31’40" W 36° 23’00"; 5 - Cachoeira <strong>do</strong> Pedro, Picuí, PB -<br />

6°31’40" W 36°24’50"; 6 – Casa de Pedra, Carnaúba <strong>do</strong>s Dantas, RN - 6°34’ 50" W 36° 27’40"; 7 –<br />

Fundões, Carnaúba <strong>do</strong>s Dantas, RN – S 6°30’40" W 36° 33’30"; 8 – Cachoeira <strong>da</strong> Cruz, Carnaúba <strong>do</strong>s<br />

Dantas, RN – S 6°30’40" W 36° 33’30"; 9 – Cachoeira <strong>do</strong> Letreiro, Carnaúba <strong>do</strong>s Dantas, RN – S<br />

6°30’40" W 36° 33’20".<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 509


Anexo V – Matriz ordena<strong>do</strong>ra com 4 caracteriza<strong>do</strong>res ambientais básicos e 1 caracteriza<strong>do</strong>r técnico,<br />

introduzi<strong>do</strong>s para alimentar gráficos de árvore filogenética, seguin<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong> de agrupamento por<br />

máxima parcimônia utiliza<strong>do</strong> em cladística e sistemática filogenética (gráfico 1) e segun<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />

UPGMA (méto<strong>do</strong> de agrupamento pela média aritmética entre pares) utiliza<strong>do</strong> em análise estatística<br />

tipo Cluster (gráfico 2), obti<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> software PAUP 4.0b10 ro<strong>da</strong><strong>do</strong> no sistema Macintosh.<br />

Gráfico 1<br />

CARACTERES<br />

FUNDÕES<br />

MARCAS<br />

CABRAS<br />

GROSSOS<br />

CRUZ<br />

LETREIRO<br />

PEDRA<br />

PEDRO<br />

CAI-PEIXE<br />

ROCHA<br />

1<br />

2<br />

0<br />

2<br />

1<br />

1<br />

0<br />

0<br />

2<br />

TÉCNICA CNICA<br />

Consenso semi-restrito (4)<br />

L=11 ; CI=0.8 ; RI=0.9 ; HI=0.2<br />

100<br />

3<br />

1, 2, 4, 5<br />

0<br />

1<br />

0<br />

1<br />

0<br />

0<br />

0<br />

0<br />

1<br />

GEOMORFOLOGIA<br />

2<br />

1<br />

2<br />

1<br />

2<br />

1<br />

0<br />

2<br />

0<br />

TOPOGRAFIA<br />

MÁXIMA PARCIMÓNIA<br />

100<br />

1, 5<br />

1, 4, 5 4<br />

3<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 510<br />

3<br />

50<br />

2<br />

1<br />

2<br />

1<br />

0<br />

0<br />

0<br />

0<br />

1<br />

4<br />

DISTÂNCIA<br />

1<br />

0<br />

2<br />

0<br />

1<br />

1<br />

1<br />

2<br />

0<br />

3<br />

CRUZ<br />

LETREIRO<br />

FUNDÕES<br />

CABRAS<br />

PEDRO<br />

PEDRA<br />

MARCAS<br />

GROSSOS<br />

CAI-PEIXE


Gráfico 2<br />

0,97<br />

0,60<br />

UPGMA<br />

0,30<br />

0,30<br />

FUNDÕES<br />

LETREIRO<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 511<br />

0,20<br />

CRUZ<br />

CABRAS<br />

PEDRO<br />

PEDRA<br />

MARCAS<br />

GROSSOS<br />

CAI-PEIXE


Notas<br />

1 Mestre em Pré-História pela UFPE (2003) com orientação de A-M Pessis.<br />

2 Contexto arqueológico se refere às associações físicas e culturais <strong>do</strong>s vestígios arqueológicos e<br />

suas inter-relações, poden<strong>do</strong> também se referir ao que fisicamente e culturalmente antecedeu e seguiu<br />

à manufatura, uso, descarte e transformação <strong>do</strong>s vestígios arqueológicos (Bahn, 1992).<br />

3 O conceito de apresentação gráfica, segun<strong>do</strong> Pessis (1989), “baseia-se no fato de que uma<br />

representação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sensível seja <strong>pré</strong>-histórica seja moderna, é uma manifestação <strong>do</strong> sistema de<br />

apresentação social ao qual o autor pertence. Aceitan<strong>do</strong>-se que ca<strong>da</strong> grupo cultural e que ca<strong>da</strong><br />

segmento <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de tem procedimentos próprios para se apresentar a observação de outrem,...<br />

pode-se pensar que tais procedimentos estarão presentes nas representações gráficas de um grupo<br />

cultural..., a análise <strong>da</strong> obra gráfica <strong>do</strong> homem <strong>pré</strong>-histórico, procuran<strong>do</strong> identificar os padrões de<br />

apresentação <strong>da</strong> pinturas rupestres, constitui um mo<strong>do</strong> para aceder à sua cultura”.<br />

4 Parte-se <strong>do</strong> fato constata<strong>do</strong> de que os painéis rupestres não foram executa<strong>do</strong>s de uma única vez,<br />

num único momento, mas são produtos de ações gráficas sucessivas ao longo de um perío<strong>do</strong> de<br />

tempo que pode ser milenar. Ca<strong>da</strong> superposição indicaria, pois, um momento distinto <strong>da</strong> ação gráfica<br />

sobre um mesmo suporte.<br />

5 Crono-estratigrafia: Seqüência cronológica, absolutamente <strong>da</strong>ta<strong>da</strong> ou não, assinala<strong>da</strong> em estratigrafia<br />

<strong>arqueológica</strong>. Fragmentos de parede, pinta<strong>do</strong>s ou grava<strong>do</strong>s, e restos de ocre (óxi<strong>do</strong> de ferro) situa<strong>do</strong>s<br />

na estratigrafia, em níveis de ocupação com estruturas <strong>da</strong>táveis podem servir como indicativos<br />

cronológicos para os registros rupestres de um sítio (Pessis, 1992).<br />

6 A Semiótica é uma disciplina científica deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> “Semiologia” de Saussure (1969) que propõe a<br />

utilização <strong>do</strong> conceito “signo” como a união de um significa<strong>do</strong> com um significante, circunscrita numa<br />

relação de comunicação entre um “remetente” e um “destinatário”. Segun<strong>do</strong> o autor, a semiologia seria<br />

“uma ciência que estu<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong>s signos no seio <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> social”. A “Semiose” de Peirce (1972)<br />

também contribui para a definição <strong>da</strong> Semiótica. Segun<strong>do</strong> este autor, a Semiose seria caracteriza<strong>da</strong><br />

por “uma ação, uma influência que é, ou implica, uma operação de três sujeitos, a saber, um signo, seu<br />

objeto e seu interpretante, não poden<strong>do</strong> de forma alguma, essa influência tri-relativa resolver-se em<br />

ações entre pares”. Da síntese destas visões e em seu senti<strong>do</strong> cultural amplo, a Semiótica é “uma<br />

disciplina que estu<strong>da</strong> to<strong>do</strong>s os fenômenos culturais como processos de comunicação”. Trata, pois, <strong>do</strong><br />

“estu<strong>do</strong> <strong>da</strong>s condições de comunicabili<strong>da</strong>de e compreensibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mensagem (de codificação e<br />

decodificação)” (Eco, 1974).<br />

7 “O aspecto sensorial, oral ou visual, isto é, para os sons a escrita ou a imagem de uma palavra (que<br />

a Lingüística denomina de significante), e para sua noção, isto é, para um conteú<strong>do</strong> convenciona<strong>do</strong><br />

(na Lingüística, o significa<strong>do</strong>).” (Ostrower, 1977)<br />

8 Dentro desta perspectiva <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> lingüístico <strong>do</strong> registro rupestre, a uni<strong>da</strong>de gráfica representaria a<br />

menor uni<strong>da</strong>de de significação (Eco, 1974; Ostrower, 1977) dentro <strong>da</strong> análise, seria equivalente à uma<br />

palavra, uma idéia ou um conceito delimita<strong>do</strong> dentro de um repertório maior de uni<strong>da</strong>des de significação<br />

que poderia estar conti<strong>do</strong> numa <strong>área</strong> de concentração gráfica ou numa mancha gráfica. Estas uni<strong>da</strong>des<br />

seriam as bases semântica e sintática <strong>do</strong> código comunicativo materializa<strong>do</strong> nas gravuras. Nos seus<br />

comportamentos expressam-se as regras <strong>do</strong> sistema lingüístico em apreço e, portanto, os indica<strong>do</strong>res<br />

de identi<strong>da</strong>de.<br />

A uni<strong>da</strong>de gráfica tem caráter hipotético e é a categoria de entra<strong>da</strong> para o grafismo, este tem<br />

sua morfologia precisamente identifica<strong>da</strong>. A segregação <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des gráficas recorrentes em<br />

morfologia e agenciamento gráfico é precondição para a segregação <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de gráfica <strong>da</strong>s<br />

gravuras.<br />

9 Mancha gráfica: Entende-se aqui por espaço maior de agenciamentos entre grafismos dentro de um<br />

sítio e está sen<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong> como uma a<strong>da</strong>ptação ao termo painel. A necessi<strong>da</strong>de desta a<strong>da</strong>ptação<br />

deveu-se ao fato de que os painéis de registros rupestres são delimita<strong>do</strong>s no espaço gráfico,<br />

normalmente em superfícies contínuas nos mesmos planos de inclinação sobre o suporte. No entanto,<br />

as gravuras em grande parte <strong>do</strong>s sítios trabalha<strong>do</strong>s apresentavam-se por sobre diversas superfícies<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 512


de execução, planos de inclinação diferencia<strong>do</strong>s num mesmo suporte rochoso neste caso em blocos.<br />

A delimitação de painéis sobre esses blocos se mostrou imprecisa, de maneira que se decidiu trabalhar<br />

com o conceito de mancha gráfica, seguin<strong>do</strong> a distribuição <strong>da</strong>s densi<strong>da</strong>des no preenchimento <strong>do</strong><br />

espaço gráfico sobre diversas superfícies rochosas conecta<strong>da</strong>s graficamente.<br />

10 Até o ano de 2003 apenas um único sítio rupestre grava<strong>do</strong> com refugo arqueológico preserva<strong>do</strong> foi<br />

encontra<strong>do</strong> na <strong>área</strong>. Porém, a partir <strong>do</strong>s <strong>da</strong><strong>do</strong>s recupera<strong>do</strong>s com a escavação parcial <strong>do</strong> sítio, ain<strong>da</strong><br />

não tinha havi<strong>do</strong> até então possibili<strong>da</strong>de de correlação entre vestígios <strong>da</strong>táveis e as gravuras (Casa de<br />

Pedra, coordena<strong>da</strong>s S – 6 o 34’50" / W – 36 o 27’40").<br />

11 Distância máxima entre sítios observa<strong>da</strong> é de aproxima<strong>da</strong>mente 40 km e a mínima é de 200 metros.<br />

12 Ver quadro pág. 6.<br />

13 Livre a<strong>da</strong>ptação de conceito discuti<strong>do</strong> com Pessis. Representa pressupostos ideológicos que<br />

norteiam a percepção e o comportamento <strong>do</strong>s indivíduos de um complexo cultural, como no cristianismo<br />

funciona a idéia dualista de Bem e Mal. Neste senti<strong>do</strong>, Ostrower comenta, “de certo mo<strong>do</strong> somos nós<br />

o ponto focal de referência, pois ao relacionarmos os fenômenos nós os ligamos entre si e os vinculamos<br />

a nós mesmos’..‘Em ca<strong>da</strong> ato nosso, no exercê-lo, no compreendê-lo e nos compreendermos dentro<br />

dele, transparece a nossa ordem interior”. (Ostrower, 1977).<br />

14 Segun<strong>do</strong> conceito discuti<strong>do</strong> com Pessis, a <strong>área</strong> de concentração gráfica designa um conjunto de traços<br />

grava<strong>do</strong>s e espaços, no qual não é possível identificar, a princípio, seu início e seu fim, ou seja, a delimitação<br />

espacial original <strong>da</strong>(s) formas(s). O conjunto, pois, recebe o status de uni<strong>da</strong>de preliminar hipotética.<br />

15 Por intemperismo se considera, aqui, o conjunto de fatores ambientais, intempéries, atuantes no<br />

esta<strong>do</strong> de conservação <strong>da</strong> paisagem (solos, rochas, corpos d’água, vegetação, etc). Os principais<br />

agentes intempéricos são a água, o vento e o sol, que agem física e quimicamente na desagregação<br />

de estruturas naturais. O principal processo relaciona<strong>do</strong> é a erosão <strong>do</strong>s solos e <strong>do</strong>s corpos rochosos.<br />

16 “Mu<strong>da</strong>nças ecológicas na vegetação, solo e/ou regime hídrico, que reduzem a produtivi<strong>da</strong>de,<br />

diminuin<strong>do</strong> a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra e tornan<strong>do</strong>-a mais vulnerável à erosão” (Batista de Faria, 1986).<br />

17 A erosão eólica abrasiva caracteriza-se pela per<strong>da</strong> e remoção de material pelo impacto de<br />

partículas sóli<strong>da</strong>s em suspensão no vento. (Bahn, 1992, dictionary of archaeology, p.161)<br />

18 Percentual calcula<strong>do</strong> sobre a quanti<strong>da</strong>de total de <strong>área</strong>s de concentração gráfica contabiliza<strong>da</strong>s<br />

inicialmente pela quanti<strong>da</strong>de de <strong>área</strong>s de concentração gráfica que efetivamente se prestaram à análise.<br />

19 Esta hipótese teve uma fun<strong>da</strong>mentação empírica, com base no que se observou nos sítios, e uma<br />

fun<strong>da</strong>mentação formal a partir <strong>da</strong> conjectura de que as zonas grava<strong>da</strong>s representam fraturas na estrutura<br />

superficial <strong>do</strong> corpo rochoso. Nesses pontos, onde as estruturas estavam rompi<strong>da</strong>s, isto, é onde o córtex<br />

rochoso estava desestrutura<strong>do</strong> pelo impacto técnico e em formação, o intemperismo erosivo foi mais intenso.<br />

20 Per<strong>da</strong> e remoção de material por passagem torrencial de água (Bahn, 1992, dictionary of<br />

archaeology, p.161)<br />

21 Datações absolutas associa<strong>da</strong>s à gravuras, provenientes de escavação em sítios nordestinos, são<br />

muito escassas pelas condições inerentes a tais sítios nestes sertões. Pessis (2002) cita o caso <strong>da</strong><br />

Toca <strong>do</strong>s Oitenta, sítio arqueológico no parque nacional Serra <strong>da</strong> Capivara, SE <strong>do</strong> Piauí. A escavação<br />

deste abrigo possibilitou <strong>da</strong>tações entre 5.650 e 7.840 anos BP, associa<strong>da</strong>s a níveis de ocupação<br />

onde foram encontra<strong>do</strong>s instrumentos líticos com arestas poli<strong>da</strong>s em espessuras compatíveis com o<br />

diâmetro <strong>do</strong>s traços grava<strong>do</strong>s.<br />

22 Pessis (1992) divide o fenômeno gráfico em três categorias analíticas, a dimensão material referente<br />

às técnicas de execução, a dimensão temática que reúne as escolhas temáticas feitas por uma<br />

comuni<strong>da</strong>de autora, (o quê representar), e a dimensão <strong>da</strong> apresentação gráfica onde são representa<strong>da</strong>s<br />

as escolhas temáticas (como São representa<strong>da</strong>s). A fun<strong>da</strong>mentação destas três categorias foi basea<strong>da</strong><br />

no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> registro rupestre reconhecível, portanto, necessariamente deman<strong>da</strong>riam a<strong>da</strong>ptações<br />

quan<strong>do</strong> aplica<strong>da</strong>s às gravuras.<br />

A cenografia é uma categoria analítica hipotética mensurável, em termos <strong>do</strong> registro irreconhecível,<br />

através <strong>da</strong> inter-relação entre a morfologia e a disposição espacial <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des gráficas, que entra<br />

na classificação como a<strong>da</strong>ptação preliminar à dimensão temática e a dimensão <strong>da</strong> apresentação<br />

gráfica, por indicar escolhas de agenciamento espacial entre uni<strong>da</strong>des (arranjos cenográficos) próprias<br />

<strong>da</strong>s autorias culturais, tal qual as escolhas temáticas e suas formas de apresentação gráfica.<br />

FUMDHAMentos VII - Raoni Bernar<strong>do</strong> Maranhão Valle 513


23 Uma estruturação sistêmica diz respeito a uma ordenação de <strong>da</strong><strong>do</strong>s segun<strong>do</strong> um recurso<br />

meto<strong>do</strong>lógico, uma ferramenta ordena<strong>do</strong>ra, oriun<strong>da</strong> de formalização matemática (Teoria <strong>do</strong>s Sistemas),<br />

que concebe os fenômenos <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de em modelos de conjuntos (sistemas) compostos por<br />

componentes inter-relaciona<strong>do</strong>s entre si e a uma uni<strong>da</strong>de ambiental, cujas variações ou recorrências<br />

podem ser mensura<strong>da</strong>s. (Watson, Leblanc & redman, 1974).<br />

24 Classe de <strong>da</strong><strong>do</strong>s que permite aceder a um sistema classificatório preliminar.<br />

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