O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
Perspectiva histórica do conceito de Infinito Capítulo 2 2. Perspectiva histórica do conceito de Infinito “É definir o infinito através daquilo que ele não é? Se a sucessão dos números naturais é inesgotável, onde os posicionamos? Podemos demonstrar que a divisão em dois de um segmento de recta não tem fim? E o céu, onde acaba? O matemático trabalha com o infinito mas o que nos ensina sobre ele? Eu acabei por compreender: na verdade, não nos ensina nada. Com uma espantosa humildade o matemático de hoje renuncia a interrogar-se sobre o estatuto do infinito para continuar a matematizá-lo. É aqui que reside a limitação, mas também a força do discurso matemático.” (Levi, 1987) 5
Perspectiva histórica do conceito de Infinito Capítulo 2 Para alguns autores a história do infinito é quase a história da matemática. O conceito do infinito, que tem motivado filósofos, teólogos, poetas e matemáticos, foi alvo de discussão e de reformulações ao longo dos séculos. Não é uma questão de lógica mas sim de imaginação! Aristóteles fez a distinção entre infinito potencial e infinito actual e esta distinção foi retomada, no século XIX, por Cantor com a teoria de conjuntos infinitos, que são por ele apresentados como infinitos actuais. Ao longo dos séculos, o infinito foi tema de vários paradoxos, entre os mais conhecidos estão os de Zenão de Eleia. O infinito actual só foi aceite como objecto de estudo da Matemática quando se conseguiu explicar racionalmente os paradoxos que o envolviam. Segundo Hilbert (1921), “a clarificação definitiva da natureza do infinito tornou-se necessária, não apenas por interesse especial das diversas ciências particulares, mas antes para a honra do próprio conhecimento humano”. E acrescenta que “o infinito atormentou, desde sempre, a sensibilidade dos homens; mais do que qualquer outra ideia, a de infinito solicitou e fecundou a sua inteligência; mais do que nenhum, o conceito de infinito tem que ser elucidado.” 2.1. Na Grécia Antiga Na Grécia antiga, surgiram as primeiras preocupações em definir e interpretar o infinito. Demócrito não considerava apenas a matéria, mas também o tempo e o espaço conduzindo-se assim à noção de quantidade infinitesimal: um número maior que zero, mas infinitamente pequeno, tão pequeno que não importa quantas vezes é adicionado a si próprio, permanecendo igual. 6
- Page 1 and 2: TRABALHO DE PROJECTO O INFINITO [O
- Page 3 and 4: Índice Introdução ..............
- Page 5 and 6: Introdução Para além desta breve
- Page 7: O Infinito potencial e o Infinito a
- Page 11 and 12: Perspectiva histórica do conceito
- Page 13 and 14: Perspectiva histórica do conceito
- Page 15 and 16: 2.5. No século XIX Perspectiva his
- Page 17 and 18: Perspectiva histórica do conceito
- Page 19 and 20: Perspectiva histórica do conceito
- Page 21 and 22: Perspectiva histórica do conceito
- Page 23 and 24: Perspectiva histórica do conceito
- Page 25 and 26: Perspectiva histórica do conceito
- Page 27 and 28: Os primeiros paradoxos do Infinito
- Page 29 and 30: Os primeiros paradoxos do Infinito
- Page 31 and 32: Ou seja, X ∞ 1 Y = ∑ X n X n+ 1
- Page 33 and 34: Os primeiros paradoxos do Infinito
- Page 35 and 36: Os primeiros paradoxos do Infinito
- Page 37 and 38: Os primeiros paradoxos do Infinito
- Page 39 and 40: O paraíso que Cantor criou Capítu
- Page 41 and 42: O paraíso que Cantor criou Capítu
- Page 43 and 44: O paraíso que Cantor criou Capítu
- Page 45 and 46: O paraíso que Cantor criou Capítu
- Page 47 and 48: O paraíso que Cantor criou Capítu
- Page 49 and 50: O Infinitésimos e a Análise Não-
- Page 51 and 52: O Infinitésimos e a Análise Não-
- Page 53 and 54: O Infinitésimos e a Análise Não-
- Page 55 and 56: A Biblioteca de Babel Capítulo 6
- Page 57 and 58: A Biblioteca de Babel Capítulo 6 a
Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />
Para alguns autores a história <strong>do</strong> infinito é quase a história <strong>da</strong> matemática.<br />
O conceito <strong>do</strong> infinito, que tem motiva<strong>do</strong> filósofos, teólogos, poetas e matemáticos,<br />
foi alvo <strong>de</strong> discussão e <strong>de</strong> reformulações ao longo <strong>do</strong>s séculos. Não é uma questão <strong>de</strong><br />
lógica mas sim <strong>de</strong> imaginação!<br />
Aristóteles fez a distinção entre infinito potencial e infinito actual e esta distinção foi<br />
retoma<strong>da</strong>, no século XIX, por Cantor com a teoria <strong>de</strong> conjuntos infinitos, que são por<br />
ele apresenta<strong>do</strong>s como infinitos actuais.<br />
Ao longo <strong>do</strong>s séculos, o infinito foi tema <strong>de</strong> vários para<strong>do</strong>xos, entre os mais<br />
conheci<strong>do</strong>s estão os <strong>de</strong> Zenão <strong>de</strong> Eleia. O infinito actual só foi aceite como objecto <strong>de</strong><br />
estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>Matemática</strong> quan<strong>do</strong> se conseguiu explicar racionalmente os para<strong>do</strong>xos que o<br />
envolviam.<br />
Segun<strong>do</strong> Hilbert (1921), “a clarificação <strong>de</strong>finitiva <strong>da</strong> natureza <strong>do</strong> infinito tornou-se<br />
necessária, não apenas por interesse especial <strong>da</strong>s diversas ciências particulares, mas<br />
antes para a honra <strong>do</strong> próprio conhecimento humano”. E acrescenta que “o infinito<br />
atormentou, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sempre, a sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s homens; mais <strong>do</strong> que qualquer outra<br />
i<strong>de</strong>ia, a <strong>de</strong> infinito solicitou e fecun<strong>do</strong>u a sua inteligência; mais <strong>do</strong> que nenhum, o<br />
conceito <strong>de</strong> infinito tem que ser eluci<strong>da</strong><strong>do</strong>.”<br />
2.1. Na Grécia Antiga<br />
Na Grécia antiga, surgiram as primeiras preocupações em <strong>de</strong>finir e interpretar o<br />
infinito.<br />
Demócrito não consi<strong>de</strong>rava apenas a matéria, mas também o tempo e o espaço<br />
conduzin<strong>do</strong>-se assim à noção <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> infinitesimal: um número maior que zero,<br />
mas infinitamente pequeno, tão pequeno que não importa quantas vezes é adiciona<strong>do</strong> a<br />
si próprio, permanecen<strong>do</strong> igual.<br />
6