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O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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Escher e o <strong>Infinito</strong> Capítulo 7<br />

O segun<strong>do</strong> tipo <strong>de</strong> representação <strong>do</strong> infinito é o preenchimento <strong>de</strong> superfícies que<br />

pelo seu carácter sistemático sugere um processo ilimita<strong>do</strong>. Esta representação <strong>do</strong><br />

infinito surge nas suas experiências <strong>de</strong> divisão regular <strong>do</strong> plano. Para Escher a divisão<br />

regular <strong>da</strong> superfície “é a fonte mais rica <strong>de</strong> inspiração, <strong>de</strong> on<strong>de</strong> eu alguma vez bebi”.<br />

(Escher, 1959)<br />

Nos seus trabalhos referentes ao preenchimento <strong>de</strong> superfícies, ele baseava-se nas<br />

pavimentações <strong>do</strong> plano, alargan<strong>do</strong>-as ao espaço. Algumas <strong>de</strong>stas pavimentações foram<br />

concretiza<strong>da</strong>s fisicamente na forma <strong>de</strong> esferas, em materiais como a ma<strong>de</strong>ira ou o<br />

marfim, mostran<strong>do</strong> o ilimita<strong>do</strong> num espaço finito (exemplo, Esfera com peixes, 1940).<br />

No entanto, a divisão regular <strong>do</strong> plano não preenchia completamente a sua<br />

aproximação ao infinito. De acor<strong>do</strong> com Escher, “um plano, que po<strong>de</strong>mos imaginar<br />

esten<strong>de</strong>n<strong>do</strong>-se sem fronteiras em to<strong>da</strong>s as direcções, po<strong>de</strong> ser preenchi<strong>do</strong> ou dividi<strong>do</strong><br />

até ao infinito, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com um número limita<strong>do</strong> <strong>de</strong> sistemas, em figuras geométricas<br />

similares, contíguas, sem <strong>de</strong>ixar qualquer espaço livre”. (Escher, 1958)<br />

Mais tar<strong>de</strong>, acaba por reconhecer que a divisão regular <strong>da</strong> superfície é apenas um<br />

pequeno fragmento <strong>do</strong> infinito, pois apenas somos capazes <strong>de</strong> imaginar uma superfície<br />

plana que se esten<strong>da</strong> ao infinito, <strong>da</strong>í não se tratar <strong>de</strong> um processo acaba<strong>do</strong>, mas ao invés,<br />

que não termina, associa<strong>do</strong> ao infinito potencial. Segun<strong>do</strong> Escher: “o mesmo formato<br />

em to<strong>da</strong>s as componentes não permite mais <strong>do</strong> que a representação dum fragmento<br />

duma divisão regular <strong>da</strong> superfície. Quem quiser representar um número infinito, tem<br />

<strong>de</strong> reduzir gradualmente o tamanho <strong>da</strong>s figuras até ao alcance, pelo menos<br />

teoricamente, o limite <strong>do</strong> infinitamente pequeno”. (Escher, 1959)<br />

Relativamente aos limites, Escher começa por consi<strong>de</strong>rar para além <strong>da</strong>s translações<br />

isométricas, as semelhanças, utilizan<strong>do</strong> motivos idênticos, sucessivamente mais<br />

pequenos, para preencher o plano até ao limite permiti<strong>do</strong> pela sua visão auxilia<strong>da</strong> por<br />

uma lupa. Para isso, Escher segue uma progressão geométrica.<br />

Um bom exemplo <strong>da</strong> utilização <strong>de</strong> uma progressão geométrica é a gravura Ca<strong>da</strong> vez<br />

mais pequeno (1956). Esta gravura surgiu na tentativa <strong>de</strong> representar o infinito como<br />

uma totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, em que as figuras são reduzi<strong>da</strong>s radialmente <strong>da</strong>s margens para o centro,<br />

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