O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O <strong>Infinito</strong> potencial e o <strong>Infinito</strong> actual Capítulo 1<br />
Esta competição, como a <strong>de</strong>screve o escritor italiano, é ganha por quem pronunciar<br />
“o número mais eleva<strong>do</strong>”. Mesmo que o pai <strong>do</strong> excerto, tivesse dito “mais <strong>do</strong>is”, não<br />
ganharia a prova mundial <strong>de</strong> matemática. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, ninguém a venceria jamais e<br />
ninguém po<strong>de</strong>rá jamais vencê-la. Não existe “um número mais eleva<strong>do</strong>”, porque não há<br />
um número maior que to<strong>do</strong>s os outros. Um número mesmo que vertiginosamente<br />
gran<strong>de</strong>, nunca será maior que os outros, porque será sempre possível proferir um<br />
número maior ain<strong>da</strong>, será sempre possível exclamar “mais um”.<br />
A sucessão <strong>do</strong>s números naturais não tem fim, é infinita, fixan<strong>do</strong> um número natural<br />
é sempre possível fixar outro número natural maior que esse. E é esta a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />
infinito potencial, é a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ir sempre mais longe, não há um elemento que<br />
seja o último.<br />
Consi<strong>de</strong>remos então, a sucessão potencial infinita <strong>de</strong> números naturais e a sucessão<br />
<strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> uma recta. Em ambos os casos, a sucessão é composta por número<br />
in<strong>de</strong>terminável <strong>de</strong> elementos.<br />
No caso <strong>da</strong> sucessão <strong>do</strong>s números naturais, po<strong>de</strong> prosseguir-se sempre, sem fim, pois<br />
po<strong>de</strong> acrescentar-se sempre mais um número. É claro qual <strong>de</strong>ve ser o próximo elemento,<br />
e também que entre <strong>do</strong>is elementos existe um intervalo, o vazio, por isso, dizemos que<br />
se trata <strong>de</strong> uma sucessão infinita discreta.<br />
Já no caso <strong>da</strong> sucessão <strong>de</strong> pontos <strong>da</strong> recta, trata-se obviamente <strong>de</strong> uma sucessão<br />
infinita contínua. Não faz senti<strong>do</strong> falar <strong>do</strong> ponto imediatamente a seguir a outro. Entre<br />
um ponto e o que o segue há uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos que formam também um<br />
segmento contínuo, infinitamente divisível em partes contínuas que, por sua vez,<br />
também são infinitamente divisíveis e assim sucessivamente num processo que não tem<br />
fim. Para além <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> seguir em frente até ao infinito, ou seja, um infinito<br />
potencial, temos também um infinito em acto. Pois ao passar <strong>de</strong> um ponto P para um<br />
ponto Q, seguinte a ele, parece que se passa através <strong>de</strong> pontos infinitos, que ca<strong>da</strong> vez se<br />
esgota uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> elementos. Ou seja, temos uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> realizável e não<br />
apenas não completável, um infinito actual.<br />
4