17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O <strong>Infinito</strong> potencial e o <strong>Infinito</strong> actual Capítulo 1<br />

1. O <strong>Infinito</strong> potencial e o <strong>Infinito</strong> actual<br />

Segue-se um excerto <strong>da</strong> autobiografia <strong>de</strong> César Zavattini, (Parliamo tanto di me,<br />

capítulo XVI), on<strong>de</strong> se retrata o infinito potencial:<br />

Meu pai e eu chegamos à Aca<strong>de</strong>mia quan<strong>do</strong> o presi<strong>de</strong>nte Maust iniciava a chama<strong>da</strong><br />

<strong>do</strong>s participantes na prova mundial <strong>de</strong> matemática (…). “Um, <strong>do</strong>is, três,…”.<br />

Na sala ouvia-se apenas a voz <strong>do</strong>s concorrentes. Por volta <strong>da</strong>s <strong>de</strong>zassete, tinham<br />

ultrapassa<strong>do</strong> o vigésimo milhar (…). Às vinte, os sobreviventes eram sete “…, 36747,<br />

36748, 36749, 36750, …”. Às vinte e uma, Pombo acen<strong>de</strong>u os can<strong>de</strong>eiros “…40719,<br />

40720, 40721,…”.<br />

Às vinte e duas exactas, registou-se o primeiro golpe <strong>de</strong> teatro: o algebrista Pull<br />

concluiu: “Um bilião”. Um oh <strong>de</strong> assombro coroou a saí<strong>da</strong> inespera<strong>da</strong>; ficaram com o<br />

alento suspenso. Um italiano Binacchi, acudiu com prontidão: “Um bilião <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong><br />

biliões”.<br />

Explodiram aplausos na sala, imediatamente secun<strong>da</strong><strong>do</strong>s pelo presi<strong>de</strong>nte. Meu pai<br />

olhou em volta com superiori<strong>da</strong><strong>de</strong> (…) e principiou: “Um bilião <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong><br />

biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong><br />

biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões…”. A multidão <strong>de</strong>lirava:<br />

“Viva, viva…”. “… <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões…”. O<br />

presi<strong>de</strong>nte Maust, muito páli<strong>do</strong>, murmurava a meu pai, puxan<strong>do</strong>-o pelas abas <strong>do</strong><br />

Gabão: “Basta, vai fazer-lhe mal”. Mas meu pai prosseguia febrilmente: “…<strong>de</strong> biliões<br />

<strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões <strong>de</strong> biliões!” A sua voz atenuou-se a pouco e pouco e o último sopro<br />

<strong>de</strong> biliões brotou-lhe <strong>do</strong>s lábios como um suspiro, após o qual se <strong>de</strong>ixou cair na<br />

ca<strong>de</strong>ira, exausto. O príncipe Otão aproximou-se, e preparava-se para lhe colocar a<br />

me<strong>da</strong>lha no peito, quan<strong>do</strong> Gianni Binacchi bra<strong>do</strong>u: “Mais um!”.<br />

A multidão precipitou-se no hemiciclo e ergueu este último em triunfo. Quan<strong>do</strong><br />

regressámos a casa, minha mãe aguar<strong>da</strong>va-nos, ansiosa, à entra<strong>da</strong>. Chovia. Meu pai,<br />

mal <strong>de</strong>sceu a carruagem, lançou-se-lhe nos braços, soluçan<strong>do</strong>: “Se tivesse dito mais<br />

<strong>do</strong>is, ganhava eu”. (Cita<strong>do</strong> em Radice, 1981)<br />

3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!