O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
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O Infinitésimos e a Análise Não-Stan<strong>da</strong>rd Capítulo 5<br />
Nicolau <strong>de</strong> Cusa argumentava que o infinito era “a fonte, o meio e, ao mesmo tempo, o<br />
objectivo inalcançável <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o conhecimento” (cita<strong>do</strong> por Davis e Hersh, 1990).<br />
Também Demócrito encontrou o volume <strong>de</strong> um cone empilhan<strong>do</strong> fatias circulares.<br />
Na literatura, é frequentemente referi<strong>do</strong> o facto <strong>da</strong>s <strong>de</strong>monstrações <strong>de</strong> Arquime<strong>de</strong>s se<br />
basearem no chama<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>da</strong> exaustão.<br />
Os infinitésimos atormentaram a Análise <strong>do</strong>s séculos XVII e XVIII, embora os<br />
argumentos filosóficos acerca <strong>de</strong>les não tenham impedi<strong>do</strong> que muito bom trabalho tenha<br />
si<strong>do</strong> feito.<br />
Infelizmente, a história <strong>do</strong> Cálculo Infinitesimal ficou marca<strong>da</strong> por uma aze<strong>da</strong><br />
disputa entre Newton e Leibniz acerca <strong>da</strong> priori<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> invenção. Acredita-se que foi<br />
Newton quem <strong>de</strong>scobriu primeiro e Leibniz quem publicou os primeiros resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
Cálculo Infinitesimal, mas que, no entanto, qualquer um <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is criou o seu Cálculo<br />
sem conhecer o <strong>do</strong> outro.<br />
O Cálculo Infinitesimal não foi aceite por to<strong>do</strong>s. Vários cientistas e filósofos<br />
levantaram objecções <strong>de</strong> peso aos procedimentos propostos por Newton e por Leibniz.<br />
O conceito <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> infinitamente pequena permanecia excessivamente vago e as<br />
regras operatórias a que essas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s eram sujeitas pareciam contraditórias.<br />
O crítico-mor <strong>do</strong> cálculo, o bispo George Berkeley, publicou em 1734 O analista, ou<br />
um Discurso Destina<strong>do</strong> a Um Matemático Infiel. On<strong>de</strong> Se Examina Se o Objecto,<br />
Príncipios e Implicação <strong>da</strong> Análise Mo<strong>de</strong>rna São mais Distintamente Concebi<strong>do</strong>s, ou<br />
Claramente Deduzi<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> Que os Mistérios Religiosos e os Pontos <strong>da</strong> Fé. «Primeiro<br />
Tira a Trave <strong>do</strong> Teu Próprio Olho; e <strong>de</strong>pois verás claramente para Tirar o Argueiro <strong>do</strong><br />
Olho <strong>do</strong> Teu Irmão.». Berkeley argumentou que no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> uma mesma<br />
<strong>de</strong>monstração não se po<strong>de</strong> dividir uma expressão por uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> infinitesimal e,<br />
alguns passos adiante, consi<strong>de</strong>rar nulos to<strong>do</strong>s os termos que admitissem essa mesma<br />
quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> infinitesimal como factor.<br />
Contu<strong>do</strong>, a utilização <strong>de</strong> números infinitos e infinitesimais persistiu durante to<strong>do</strong> o<br />
século XVIII e parte <strong>do</strong> seguinte.<br />
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