O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O Infinitésimos e a Análise Não-Stan<strong>da</strong>rd Capítulo 5<br />
5. Os Infinitésimos e a Análise Não-Stan<strong>da</strong>rd<br />
“It is that objects to − 1 as involving any contradiction, nor, since Cantor, are<br />
infinitely great quantities objected to, but still the antique prejudice against infinitely<br />
small quantities remains.”<br />
C. S. Peirce in “The New Elements of Mathematics”<br />
O uso <strong>de</strong> números infinitos e infinitesimais em <strong>Matemática</strong> tem uma longa história: a<br />
i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> infinitésimo é conheci<strong>da</strong> há pelo menos 23 séculos.<br />
Bani<strong>do</strong>s pela tradição Aristotélica, estes números acabaram por ser reintroduzi<strong>do</strong>s no<br />
séc. XVII, nos primórdios <strong>da</strong> Análise, e os raciocínios basea<strong>do</strong>s neles foram sempre, até<br />
ao aparecimento <strong>da</strong> Análise Não-Stan<strong>da</strong>rd, fonte <strong>de</strong> controvérsia e <strong>de</strong>sconfiança. Este<br />
facto levou a que os infinitésimos tenham ti<strong>do</strong> uma existência quase sempre polémica,<br />
embora o seu uso nunca tenha <strong>de</strong>ixa<strong>do</strong> <strong>de</strong> constituir uma ferramenta utiliza<strong>da</strong> na prática,<br />
por exemplo, por físicos e engenheiros.<br />
No início <strong>do</strong> séc. XX foi encontra<strong>do</strong> o trata<strong>do</strong> “ O Méto<strong>do</strong>”, cuja existência era<br />
<strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong> até então, no qual Arquime<strong>de</strong>s afirmava que também usava os<br />
infinitésimos nos seus trabalhos, “não para <strong>de</strong>monstrar resulta<strong>do</strong>s, mas sim para<br />
<strong>de</strong>scobri-los”. Este livro permite-nos compreen<strong>de</strong>r a forma como Arquime<strong>de</strong>s obtinha<br />
as suas i<strong>de</strong>ias. Como a maior parte <strong>do</strong>s matemáticos, ele começava por obter resulta<strong>do</strong>s<br />
através <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s na<strong>da</strong> rigorosos e <strong>de</strong>pois polia-os até encontrar uma <strong>de</strong>monstração<br />
<strong>de</strong>cente.<br />
Arquime<strong>de</strong>s cortava sóli<strong>do</strong>s numa infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pe<strong>da</strong>ços <strong>de</strong> espessura infinitesimal e<br />
pendurava-os numa balança abstracta, on<strong>de</strong> comparava a sua soma com um objecto<br />
conheci<strong>do</strong>. Descobriu, usan<strong>do</strong> este méto<strong>do</strong>, o volume <strong>da</strong> esfera.<br />
Outros matemáticos fizeram um uso semelhante <strong>de</strong> argumentos infinitesimais, por<br />
exemplo, Nicolau <strong>de</strong> Cusa <strong>de</strong>scobriu a área <strong>do</strong> círculo cortan<strong>do</strong>-o como uma tarte.<br />
45