O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
O paraíso que Cantor criou Capítulo 4<br />
Através <strong>de</strong>sta i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> comparação <strong>de</strong> conjuntos infinitos pela correspondência, um a<br />
um, entre os seus elementos, Cantor conseguiu distinguir vários tipos <strong>de</strong> conjuntos: os<br />
<strong>de</strong> menor potência como , e , <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s numeráveis, e os com a potência <strong>do</strong><br />
contínuo, como o intervalo [ , 1]<br />
0 ou .<br />
A <strong>de</strong>monstração que permitiu Cantor concluir que a potência <strong>do</strong> contínuo é superior<br />
à <strong>do</strong> numerável, po<strong>de</strong> ser generaliza<strong>da</strong> originan<strong>do</strong> aquilo que ficou conheci<strong>do</strong> como o<br />
teorema <strong>de</strong> Cantor: O cardinal <strong>de</strong> um conjunto X é estritamente menor que o cardinal <strong>do</strong><br />
conjunto P(X) <strong>da</strong>s partes <strong>de</strong> X. Desta forma, através <strong>de</strong> conjuntos infinitos, Cantor<br />
conseguiu <strong>de</strong>finir novos conjuntos infinitos.<br />
“Esta <strong>de</strong>monstração parece digna <strong>de</strong> nota, não só em virtu<strong>de</strong> <strong>da</strong> sua gran<strong>de</strong><br />
simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, mas também, especificamente, porque o princípio nela segui<strong>do</strong> se torna<br />
igualmente extensivo ao teorema geral <strong>de</strong> que as potências <strong>de</strong> conjuntos bem <strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s<br />
não têm máximo algum, ou seja, o que vem a <strong>da</strong>r no mesmo, que para ca<strong>da</strong> conjunto<br />
<strong>da</strong><strong>do</strong> L po<strong>de</strong> ser coloca<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> outro conjunto M <strong>de</strong> potência superior a L”.<br />
(Cantor, 1883 [1887])<br />
Pois bem, a existência <strong>de</strong> um conjunto infinito implica a existência <strong>de</strong> um conjunto<br />
infinito maior, que por sua vez, implica a existência <strong>de</strong> outro ain<strong>da</strong> maior e assim<br />
sucessivamente. Don<strong>de</strong> <strong>de</strong>corre a existência <strong>de</strong> uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> infinitos distintos.<br />
Encontrámos, pois, um méto<strong>do</strong> para construir conjuntos transfinitos <strong>de</strong> potência<br />
continuamente crescente, até ao infinito. Consiste em repetir a operação <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong><br />
um conjunto ao conjunto <strong>da</strong>s suas partes. Partin<strong>do</strong> <strong>de</strong> um transfinito mínimo, que é o<br />
numerável, potência <strong>do</strong> conjunto <strong>do</strong>s naturais , po<strong>de</strong>mos construir a escala:<br />
, P(), P(P()), …<br />
Representan<strong>do</strong> por |L| a potência, ou cardinali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um conjunto L, Cantor<br />
mostrou que se for k o cardinal <strong>de</strong> um conjunto X, então |P(X)| = 2 k , e que, em<br />
particular, || = 2 || , o que lhe permitiu construir a seguinte extensão transfinita <strong>do</strong>s<br />
cardinais<br />
42