17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O paraíso que Cantor criou Capítulo 4<br />

resposta era negativa, <strong>de</strong>scobrin<strong>do</strong> que pelo menos um número real será sempre<br />

excluí<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa listagem, e portanto, não será emparceira<strong>do</strong> com um número natural.<br />

Para encontrar esse número real, formemos um novo número cuja primeira casa<br />

<strong>de</strong>cimal seja diferente <strong>da</strong> primeira casa <strong>de</strong>cimal <strong>do</strong> primeiro número <strong>da</strong> lista; cuja<br />

segun<strong>da</strong> casa <strong>de</strong>cimal seja diferente <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> casa <strong>de</strong>cimal <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> número <strong>da</strong><br />

lista; e em geral, cuja n-ésima casa <strong>de</strong>cimal difira <strong>da</strong> n-ésima casa <strong>de</strong>cimal <strong>do</strong> n-ésimo<br />

número <strong>da</strong> lista. Aí está!! Trata-se <strong>de</strong> um real que é diferente <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os que figuram na<br />

lista e estão emparceira<strong>do</strong>s com os números naturais, assim se provan<strong>do</strong> que há mais<br />

números reais <strong>do</strong> que naturais.<br />

Cantor, usan<strong>do</strong> mais uma vez o seu “argumento diagonal”, tinha encontra<strong>do</strong> um<br />

infinito maior, ao qual chamou álefe-um ( ℵ 1 ).<br />

Também com isto se prova que, enquanto po<strong>de</strong>mos, em princípio, contar, um a um, a<br />

infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s números naturais, nunca po<strong>de</strong>remos fazer o mesmo com os números<br />

reais. Cantor, reconhecen<strong>do</strong> este facto como consequência <strong>da</strong> sua <strong>de</strong>monstração, passou<br />

a referir-se aos números naturais como uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> numerável e aos reais como uma<br />

infini<strong>da</strong><strong>de</strong> contínua (ou não numerável).<br />

Além <strong>de</strong> aplicar as noções <strong>de</strong> conjunto e equivalência aos números aritméticos,<br />

Cantor também as aplicou aos pontos geométricos, com resulta<strong>do</strong>s que a ele próprio<br />

surpreen<strong>de</strong>ram e que contradiziam a sua própria intuição.<br />

Em 20 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1877, Cantor mostra a De<strong>de</strong>kind a prova <strong>de</strong> que é possível<br />

estabelecer uma bijecção entre [ 0 , 1]<br />

e [ ] n<br />

, 1<br />

0 , provan<strong>do</strong> assim que n e m têm a mesma<br />

dimensão, quaisquer que sejam n, m∈, ou seja, que existe a mesma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

pontos em to<strong>do</strong> e qualquer espaço in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> sua dimensão.<br />

“Po<strong>de</strong>-se fazer correspon<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma maneira completa e unívoca um conjunto<br />

contínuo a n dimensões a um conjunto contínuo <strong>de</strong> uma só dimensão; <strong>do</strong>is conjuntos,<br />

um <strong>de</strong> n e outro <strong>de</strong> m dimensões, sen<strong>do</strong> n > m,<br />

n < m ou n = m,<br />

têm a mesma<br />

potência”. (Cantor, 1883 [1887]).<br />

41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!