O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
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4. O paraíso que Cantor criou<br />
O paraíso que Cantor criou Capítulo 4<br />
George Ferdinand Ludwig Philip Cantor, cujos pais eram dinamarqueses, nasceu em<br />
1845, em S. Petersburgo, Rússia, mas passou a maior parte <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> na Alemanha. O<br />
seu pai era ju<strong>de</strong>u converti<strong>do</strong> ao protestantismo e a sua mãe católica <strong>de</strong> nascimento.<br />
Cantor interessou-se fortemente pela teologia medieval sobre a continui<strong>da</strong><strong>de</strong> e o<br />
infinito. Como consequência, não seguiu uma carreira em engenharia como lhe sugeria<br />
o seu pai, a fim <strong>de</strong> se concentrar em Filosofia, Física e <strong>Matemática</strong>.<br />
Estu<strong>do</strong>u em Zurique, Göttingen e Berlim, on<strong>de</strong> ensinavam, além <strong>de</strong> Kummer,<br />
Leopold Kronecker e Karl Weierstrass. Talvez por influência <strong>de</strong> Kummer e Kronecker,<br />
Cantor interessou-se particularmente por teoria <strong>de</strong> números, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> este assunto<br />
tanto <strong>da</strong> sua tese <strong>de</strong> <strong>do</strong>utoramento como <strong>do</strong> trabalho que apresentou para ser admiti<strong>do</strong><br />
como <strong>do</strong>cente na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Halle (uma universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> província consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong><br />
pouco importante), on<strong>de</strong> leccionou entre 1869 e 1905.<br />
Faleceu em 1918 no hospital <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças mentais <strong>de</strong> Halle.<br />
As <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Cantor sobre a teoria <strong>de</strong> conjuntos assentam sobre uma i<strong>de</strong>ia muito<br />
simples. Como comparar conjuntos se não se conseguir contar os seus elementos?<br />
Qualquer criança, muito antes <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a contar, sabe que a mão direita tem tantos<br />
<strong>de</strong><strong>do</strong>s quantos <strong>da</strong> mão esquer<strong>da</strong>. Ora, “tantos…quantos” é a maneira pela qual não só as<br />
crianças, mas também, em geral, as pessoas normais, exprimem o conceito <strong>de</strong><br />
correspondência biunívoca. Pois bem, basta colocar ca<strong>da</strong> <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>de</strong> uma mão em frente ao<br />
correspon<strong>de</strong>nte <strong>de</strong><strong>do</strong> <strong>da</strong> outra mão para concluir que ambas têm o mesmo número <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong><strong>do</strong>s.<br />
De uma forma intuitiva, a correspondência, um a um, entre <strong>do</strong>is conjuntos A e B<br />
trata-se <strong>do</strong> emparelhamento <strong>do</strong>s elementos <strong>de</strong> um conjunto com os <strong>do</strong> outro, <strong>de</strong> tal<br />
mo<strong>do</strong> que to<strong>do</strong>s os elementos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> conjunto têm exactamente um correspon<strong>de</strong>nte no<br />
outro conjunto.<br />
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