O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
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Os primeiros para<strong>do</strong>xos <strong>do</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 3<br />
Sagre<strong>do</strong>. Então, qual a conclusão a tirar nestas condições?<br />
Salviati. Aos meus olhos, a única conclusão possível é dizer que o conjunto <strong>do</strong>s<br />
números, <strong>do</strong>s quadra<strong>do</strong>s, <strong>da</strong>s raízes é infinito; que o total <strong>do</strong>s números quadra<strong>do</strong>s não é<br />
inferior ao conjunto <strong>do</strong>s números, nem este superior àquele. E finalmente, que os<br />
atributos igual, maior e menor não têm senti<strong>do</strong> para quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s infinitas, mas somente<br />
para quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s finitas”. (Cita<strong>do</strong> em Radice, 1981)<br />
Galileu chegou à conclusão que para contar os quadra<strong>do</strong>s perfeitos, podia estabelecer<br />
uma bijecção entre o conjunto <strong>do</strong>s números naturais e o conjunto <strong>do</strong>s quadra<strong>do</strong>s<br />
perfeitos, concluin<strong>do</strong> assim que os quadra<strong>do</strong>s perfeitos não eram menos <strong>do</strong> que os<br />
números naturais. A i<strong>de</strong>ia, proveniente <strong>da</strong> famosa noção <strong>de</strong> Eucli<strong>de</strong>s – “o to<strong>do</strong> é maior<br />
que a parte” – <strong>de</strong> que os números naturais eram mais <strong>do</strong> que os quadra<strong>do</strong>s perfeitos,<br />
impediu-o <strong>de</strong> <strong>de</strong>clarar a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> cardinais.<br />
Outro para<strong>do</strong>xo galileano é o <strong>da</strong>s ro<strong>da</strong>s, que consiste em duas ro<strong>da</strong>s concêntricas,<br />
uma maior que a outra, que tocam com os seus pontos em <strong>do</strong>is segmentos <strong>de</strong><br />
comprimentos iguais.<br />
“Salviati. Mas diz-me se em torno <strong>de</strong> um centro, (…) este ponto A, <strong>de</strong>screvermos<br />
<strong>do</strong>is círculos e <strong>do</strong>s pontos C e B <strong>do</strong>s seus semi-diâmetros se traçarem as tangentes CE,<br />
BF e <strong>de</strong>les, pelo centro A, a paralela AD, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> que o círculo maior gira sobre<br />
a linha BF (igual à <strong>da</strong> sua circunferência, assim como as outras duas CE, AD) e<br />
admitin<strong>do</strong> que há uma revolução, que terá feito o círculo menor e o centro? Este terá,<br />
sem dúvi<strong>da</strong>, percorri<strong>do</strong> a linha AD, e a circunferência <strong>da</strong>quele terá, com os seus<br />
contactos, medi<strong>do</strong> to<strong>da</strong> a CE (…). Portanto, como po<strong>de</strong>, sem saltos o círculo menor<br />
percorrer uma linha tão maior <strong>de</strong> que a sua circunferência (…). (Cita<strong>do</strong> em Radice,<br />
1981)<br />
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