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O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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Os primeiros para<strong>do</strong>xos <strong>do</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 3<br />

científico inócuo, mas acabou por cegar e morrer em 1642, ain<strong>da</strong> sob a vigilância <strong>da</strong><br />

Inquisição.<br />

Um <strong>do</strong>s para<strong>do</strong>xos mais famosos acerca <strong>do</strong> infinito é o que é apresenta<strong>do</strong> por<br />

Galileu, o para<strong>do</strong>xo <strong>do</strong>s naturais e <strong>do</strong>s quadra<strong>do</strong>s, no livro Discorsi e dimostrazioni<br />

matematiche a due nuove scienze. Galileu encena uma conversa entre três personagens,<br />

Salviati, Simplício e Sagre<strong>do</strong>, que representam respectivamente, ele próprio, um sábio<br />

convenci<strong>do</strong> <strong>da</strong> justeza <strong>da</strong>s concepções <strong>de</strong> Aristóteles e um homem honesto para quem a<br />

<strong>de</strong>monstração e a experiência se sobrepõem ao conhecimento livresco.<br />

Salviati leva Simplício a concor<strong>da</strong>r que os números que são quadra<strong>do</strong>s perfeitos são<br />

tantos quantos os próprios números naturais, mostran<strong>do</strong>-lhe a correspondência, a que<br />

hoje chamamos bijectiva, entre os <strong>do</strong>is conjuntos <strong>de</strong> números, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> o ter feito<br />

reconhecer que os inteiros são mais <strong>do</strong> que os quadra<strong>do</strong>s perfeitos sozinhos:<br />

“Salviati. (…). Por consciência, se eu disser que os números toma<strong>do</strong>s na sua<br />

totali<strong>da</strong><strong>de</strong>, incluin<strong>do</strong> os quadra<strong>do</strong>s e os não quadra<strong>do</strong>s, são mais numerosos <strong>do</strong> que os<br />

quadra<strong>do</strong>s sozinhos, enunciarei uma proposição ver<strong>da</strong><strong>de</strong>ira não é?<br />

Simplicío. Certamente.<br />

Salviati. Se eu perguntar agora quantos quadra<strong>do</strong>s há, po<strong>de</strong>mos respon<strong>de</strong>r, em nos<br />

enganarmos, que há tantos quantas raízes quadra<strong>da</strong>s correspon<strong>de</strong>ntes, aten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a que<br />

to<strong>do</strong> o quadra<strong>do</strong> tem a sua raiz e to<strong>da</strong> a raiz o seu quadra<strong>do</strong>, que um quadra<strong>do</strong> não tem<br />

mais que uma raiz, nem uma raiz mais que um quadra<strong>do</strong>.<br />

Simplicío. Exactamente.<br />

Salviati. Mas se eu perguntar quantas raízes há, não se po<strong>de</strong> negar que há tantas<br />

quantos os números, porque to<strong>do</strong> o número é a raiz <strong>de</strong> algum quadra<strong>do</strong>; assim sen<strong>do</strong>,<br />

será portanto preciso dizer que há tantos números quadra<strong>do</strong>s como números, uma vez<br />

que eles são tantos como as raízes e que as raízes representam o conjunto <strong>do</strong>s números;<br />

e no entanto dizíamos <strong>de</strong> princípio que há mais números <strong>do</strong> que quadra<strong>do</strong>s, já que a<br />

maior parte <strong>do</strong>s números são quadra<strong>do</strong>s.<br />

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