O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho
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Os primeiros paradoxos do Infinito Capítulo 3 A E D C B Pela perspectiva de Zenão, teríamos [ AB] [ AB] [ AB] [ AB] [ AB] [ AB ] = + + + + ... + + ... n 2 4 8 16 2 Mais sucintamente, [ AB] [ AB ] = n 1 2 ∑ ∞ n= Em Aquiles, a ideia de subdivisão infinita é a mesma, apenas com a diferença de ser agora progressiva em vez de regressiva. Se considerarmos 0 X a posição inicial de Aquiles, X n (com n natural) a posição onde se encontra a tartaruga no instante em que Aquiles se encontra na posição X n− 1 , e Y a posição em que Aquiles alcança a tartaruga. X 0 X 1 O segundo argumento de Zenão chama a atenção para que X Y = X X + X X + X X 1 1 2 2 3 3 4 X 2 + ... X 3 Y 27
Ou seja, X ∞ 1 Y = ∑ X n X n+ 1 n= 1 Os primeiros paradoxos do Infinito Capítulo 3 Segundo Boyer (1984), “a Dicotomia e Aquiles argumentam que o movimento é impossível sob a hipótese de subdivisibilidade indefinida do espaço e do tempo”. Zenão mostrou que se os conceitos de contínuo e infinita divisão forem aplicados ao movimento de um corpo, então este torna-se impossível. Na verdade, a essência do movimento é tal que, quando vamos a querer fixar a posição de um objecto, em determinado instante, num ponto da sua trajectória, já ele aí não se encontra – entre dois instantes, por mais próximos que sejam um do outro, o objecto percorreu um segmento, com uma infinidade de pontos. Deste fenómeno se pode dizer, como Leonardo da Vinci disse da chama: “olha para a chama e considera a sua beleza; fecha os olhos e torna a olhar: o que vês não estava lá e o que lá estava já não o encontras”. O paradoxo da Seta reflecte a impossibilidade de movimento se o espaço e o tempo forem compostos de partes indivisíveis. No Estádio, Zenão mostra que o intervalo de tempo que se considera não pode ser mínimo. Segundo Boyer (1984), “a Flecha (Seta) e o Estádio, de outro lado, argumentam que também é impossível, sob a hipótese contrária – de que a subdivisibilidade do tempo e do espaço termina em indivisíveis”. Zenão apresentou paradoxos que mostravam as contradições existentes em considerar grandezas divisíveis infinitamente e em considerar grandezas indivisíveis. Os problemas que conduziram aos seus paradoxos diziam respeito à relação entre o infinito actual e o infinito potencial. A solução destes paradoxos exige uma teoria, como a cantoriana, que combine a nossa noção intuitiva de pontos e acontecimentos individuais com uma teoria sistemática de conjuntos infinitos. 28
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Ou seja,<br />
X<br />
∞<br />
1 Y = ∑ X n X n+<br />
1<br />
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1<br />
Os primeiros para<strong>do</strong>xos <strong>do</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 3<br />
Segun<strong>do</strong> Boyer (1984), “a Dicotomia e Aquiles argumentam que o movimento é<br />
impossível sob a hipótese <strong>de</strong> subdivisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> in<strong>de</strong>fini<strong>da</strong> <strong>do</strong> espaço e <strong>do</strong> tempo”. Zenão<br />
mostrou que se os conceitos <strong>de</strong> contínuo e infinita divisão forem aplica<strong>do</strong>s ao<br />
movimento <strong>de</strong> um corpo, então este torna-se impossível. Na ver<strong>da</strong><strong>de</strong>, a essência <strong>do</strong><br />
movimento é tal que, quan<strong>do</strong> vamos a querer fixar a posição <strong>de</strong> um objecto, em<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> instante, num ponto <strong>da</strong> sua trajectória, já ele aí não se encontra – entre <strong>do</strong>is<br />
instantes, por mais próximos que sejam um <strong>do</strong> outro, o objecto percorreu um segmento,<br />
com uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> pontos. Deste fenómeno se po<strong>de</strong> dizer, como Leonar<strong>do</strong> <strong>da</strong> Vinci<br />
disse <strong>da</strong> chama: “olha para a chama e consi<strong>de</strong>ra a sua beleza; fecha os olhos e torna a<br />
olhar: o que vês não estava lá e o que lá estava já não o encontras”.<br />
O para<strong>do</strong>xo <strong>da</strong> Seta reflecte a impossibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento se o espaço e o tempo<br />
forem compostos <strong>de</strong> partes indivisíveis. No Estádio, Zenão mostra que o intervalo <strong>de</strong><br />
tempo que se consi<strong>de</strong>ra não po<strong>de</strong> ser mínimo. Segun<strong>do</strong> Boyer (1984), “a Flecha (Seta)<br />
e o Estádio, <strong>de</strong> outro la<strong>do</strong>, argumentam que também é impossível, sob a hipótese<br />
contrária – <strong>de</strong> que a subdivisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> tempo e <strong>do</strong> espaço termina em indivisíveis”.<br />
Zenão apresentou para<strong>do</strong>xos que mostravam as contradições existentes em<br />
consi<strong>de</strong>rar gran<strong>de</strong>zas divisíveis infinitamente e em consi<strong>de</strong>rar gran<strong>de</strong>zas indivisíveis. Os<br />
problemas que conduziram aos seus para<strong>do</strong>xos diziam respeito à relação entre o infinito<br />
actual e o infinito potencial. A solução <strong>de</strong>stes para<strong>do</strong>xos exige uma teoria, como a<br />
cantoriana, que combine a nossa noção intuitiva <strong>de</strong> pontos e acontecimentos individuais<br />
com uma teoria sistemática <strong>de</strong> conjuntos infinitos.<br />
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