17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

3.1. Para<strong>do</strong>xos <strong>de</strong> Zenão<br />

Os primeiros para<strong>do</strong>xos <strong>do</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 3<br />

Zenão <strong>de</strong> Eléia (cerca <strong>de</strong> 450 a.C.) nasceu em Eléia, hoje Vélia, Itália. Filho <strong>de</strong><br />

Teleutágoras, Zenão foi a<strong>do</strong>pta<strong>do</strong> por Parméni<strong>de</strong>s na Escola <strong>de</strong> Eléia. Tornou-se um<br />

professor muito respeita<strong>do</strong> na sua ci<strong>da</strong><strong>de</strong>, e <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a isso, envolveu-se bastante com a<br />

política local. Juntamente com outros companheiros e conspira<strong>do</strong>res, Zenão tentou<br />

<strong>de</strong>rrubar o tirano que governava a ci<strong>da</strong><strong>de</strong>. Foi preso e tortura<strong>do</strong> até a morte. A partir <strong>da</strong><br />

sua morte, tornou-se um herói, <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> uma marca na lembrança <strong>do</strong>s seus<br />

compatriotas contemporâneos.<br />

Zenão <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> apaixona<strong>do</strong> a filosofia <strong>do</strong> seu mestre Parméni<strong>de</strong>s, para isso<br />

usou um méto<strong>do</strong> que consistia na elaboração <strong>de</strong> para<strong>do</strong>xos. Deste mo<strong>do</strong>, não pretendia<br />

refutar directamente as teses que combatia, mas sim mostrar os seus absur<strong>do</strong>s (e,<br />

portanto, a sua falsi<strong>da</strong><strong>de</strong>). Acredita-se que Zenão tenha cria<strong>do</strong> cerca <strong>de</strong> quarenta<br />

para<strong>do</strong>xos, to<strong>do</strong>s contra a multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong>, a divisibili<strong>da</strong><strong>de</strong> e o movimento (que na<strong>da</strong><br />

mais são que ilusões, segun<strong>do</strong> a escola eleática).<br />

Os seus para<strong>do</strong>xos entravam em conflito com algumas concepções antigas e<br />

intuitivas sobre o infinitamente pequeno e o infinitamente gran<strong>de</strong>, pelo que trouxeram o<br />

horror ao infinito! Nessa altura, acreditava-se que a adição <strong>de</strong> uma infini<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s se podia tornar infinitamente gran<strong>de</strong> tanto quanto se <strong>de</strong>sejasse, mesmo que<br />

ca<strong>da</strong> uma <strong>de</strong>ssas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s fosse extremamente pequena, ou seja, simbolicamente<br />

obteríamos ∀ ε > 0, ∞ × ε = ∞ . Também se acreditava que a adição <strong>de</strong> um número finito<br />

ou infinito <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> dimensão zero era zero, o que neste caso se traduziria<br />

simbolicamente por n× 0 = 0, ∞ × 0 = 0 .<br />

Zenão <strong>de</strong>safiou estas concepções e enunciou argumentos para tentar provar a<br />

inconsistência <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong> e divisibili<strong>da</strong><strong>de</strong>, crian<strong>do</strong> quatro<br />

para<strong>do</strong>xos, relativos ao movimento e ao tempo, que foram retoma<strong>do</strong>s por Aristóteles e<br />

que são conheci<strong>do</strong>s pelos nomes <strong>de</strong> Dicotomia, Aquiles, a Seta e o Estádio.<br />

25

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!