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O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

Hilbert na conferência <strong>de</strong> 4 <strong>de</strong> Junho <strong>de</strong> 1925, no congresso organiza<strong>do</strong> pela<br />

Socie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>Matemática</strong> <strong>de</strong> Westfália, em Münster, afirmou que “ninguém nos expulsará<br />

<strong>do</strong> paraíso que Cantor criou para nós”.<br />

“A Análise matemática constitui, por si mesma, uma sinfonia <strong>do</strong> infinito. (…) Mas a<br />

Análise, por si só, não nos dá ain<strong>da</strong> a visão mais aprofun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>da</strong> natureza <strong>do</strong> infinito.<br />

Para obtê-la servimo-nos <strong>de</strong> uma disciplina que se aproxima <strong>de</strong> especulação filosófica<br />

geral e que estava <strong>de</strong>stina<strong>da</strong> a <strong>da</strong>r nova luz a to<strong>do</strong>s os complexos problemas que se<br />

referem ao infinito. Esta disciplina é a teoria <strong>do</strong>s conjuntos que foi cria<strong>da</strong> por Georg<br />

Cantor. (…) Esta parece-me a mais maravilhosa florescência <strong>do</strong> espírito matemático e,<br />

sem dúvi<strong>da</strong>, uma <strong>da</strong>s mais altas realizações <strong>da</strong> activi<strong>da</strong><strong>de</strong> racional humana pura”.<br />

(Hilbert, 1926)<br />

Através <strong>da</strong> verificação mecânica, tentou mostrar a consistência <strong>de</strong> tal paraíso, mas o<br />

trabalho Teoremas <strong>de</strong> incompletu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gö<strong>de</strong>l-Russel marcou um ponto <strong>de</strong> inflexão nos<br />

fun<strong>da</strong>mentos <strong>da</strong> <strong>Matemática</strong>. Note-se que um sistema axiomático <strong>de</strong>ve satisfazer três<br />

condições: ser consistente, ser completo e ca<strong>da</strong> postula<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>do</strong>s outros.<br />

Em 1931, Kürt Gö<strong>de</strong>l <strong>de</strong>monstrou que o méto<strong>do</strong> axiomático apresenta limitações, ou<br />

seja, mostrou que existem ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s matemáticas impossíveis <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar por via<br />

lógica e qualquer outro sistema lógico não <strong>de</strong>monstra a sua consistência lógica,<br />

surpreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> assim os matemáticos <strong>de</strong> então.<br />

Tal <strong>de</strong>scoberta “implica que a consistência <strong>de</strong> um sistema matemático não po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> excepto utilizan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s mais po<strong>de</strong>rosos <strong>do</strong> que os méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>monstração <strong>do</strong> próprio sistema”. (Cohen, 1966)<br />

Os trabalhos <strong>de</strong> Gö<strong>de</strong>l, em 1936, mostraram que a Hipótese <strong>do</strong> contínuo é compatível<br />

com a teoria <strong>de</strong> conjuntos <strong>de</strong> Zermelo-Fraenkel e em 1963 Cohen mostrou que a<br />

negação <strong>da</strong> Hipótese <strong>do</strong> contínuo também é compatível com os axiomas <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong><br />

Zermelo-Fraenkel. Assim, estes trabalhos mostraram que esta formulação não po<strong>de</strong> ser<br />

<strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> ou refuta<strong>da</strong> ten<strong>do</strong> em conta apenas os axiomas habituais <strong>da</strong> teoria <strong>de</strong><br />

conjuntos.<br />

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