17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

cardinal, que o conjunto <strong>do</strong>s números racionais é numerável, que o conjunto <strong>do</strong>s<br />

números reais não é numerável e que o conjunto <strong>do</strong>s pontos <strong>de</strong> um quadra<strong>do</strong> é<br />

equivalente ao conjunto <strong>do</strong>s pontos <strong>do</strong> seu la<strong>do</strong>. Assim como, que o conjunto tem<br />

menor cardinal que o conjunto , pois é uma parte <strong>de</strong> e uma parte <strong>de</strong> qualquer<br />

conjunto não po<strong>de</strong> exce<strong>de</strong>r essa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> em elementos.<br />

Nesta fase, Cantor <strong>de</strong>cidiu procurar os infinitos que estivessem entre e e maiores<br />

que . Uma conjectura natural para encontrar infinitos maiores seria consi<strong>de</strong>rar<br />

conjuntos contínuos a duas ou mais dimensões e assim, noutra carta a De<strong>de</strong>kind, Cantor<br />

mostrou uma prova que contradizia a sua própria intuição. Ele consegui estabelecer uma<br />

bijecção entre [ 0 , 1]<br />

e [ ] n<br />

, 1<br />

0 (para n ∈)<br />

mostran<strong>do</strong> assim que n e m têm a mesma<br />

dimensão, quaisquer n, m ∈.<br />

A prova <strong>de</strong> que existem conjuntos com maior cardinal<br />

que o <strong>do</strong> veio <strong>de</strong> uma proposição mais abrangente. O conjunto <strong>do</strong>s subconjuntos <strong>de</strong><br />

um conjunto tem sempre mais elementos que o próprio conjunto, <strong>do</strong>n<strong>de</strong> se pô<strong>de</strong><br />

concluir existem infinitos maiores que . Já a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> infinitos intermédios entre e ,<br />

não foi <strong>de</strong>monstra<strong>da</strong> ou refuta<strong>da</strong> por Cantor. Ele próprio nunca conseguiu <strong>de</strong>monstrar<br />

que não existe um infinito entre o numerável e o contínuo, isto é, simbolicamente que<br />

ℵ0<br />

ℵ 1 = 2 , esta sua i<strong>de</strong>ia ficou conheci<strong>da</strong> pela Hipótese <strong>do</strong> contínuo.<br />

Cantor foi o principal responsável pela criação <strong>da</strong> Deutshe Mathematiker-<br />

Vereinigung (União Alemã <strong>de</strong> <strong>Matemática</strong>) e em 1891, no primeiro encontro <strong>da</strong><br />

associação, em Halle, leu um artigo sobre o seu argumento diagonal em que procurava<br />

exactamente que, <strong>da</strong><strong>do</strong> um conjunto, o conjunto <strong>da</strong>s suas partes tem potência maior que<br />

esse conjunto.<br />

As suas teorias para a Teoria <strong>de</strong> Conjuntos revolucionaram então a <strong>Matemática</strong>. O<br />

infinito actual finalmente tinha si<strong>do</strong> incorpora<strong>do</strong> na <strong>Matemática</strong>. Note-se que um<br />

infinito actual é aquele que po<strong>de</strong> ser concebi<strong>do</strong> como uma enti<strong>da</strong><strong>de</strong> completa, ou seja,<br />

to<strong>do</strong>s os seus elementos po<strong>de</strong>m ser pensa<strong>do</strong>s num acto único.<br />

De acor<strong>do</strong> com Radice (1981), apesar <strong>da</strong>s <strong>de</strong>scobertas <strong>de</strong> Cantor <strong>de</strong>struírem i<strong>de</strong>ias<br />

formula<strong>da</strong>s por célebres filósofos, como por exemplo Kant (para o qual “infinito é uma<br />

gran<strong>de</strong>za acima <strong>da</strong> qual não é possível nenhuma maior”), <strong>de</strong>ram, pela sua simplici<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

origem a novas antinomias e a novos para<strong>do</strong>xos que no entanto, extravasam já o âmbito<br />

<strong>de</strong>ste trabalho. O próprio Cantor, em 1895, <strong>de</strong>scobriu que não podia haver o conjunto <strong>de</strong><br />

20

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!