17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

entre os <strong>do</strong>is conjuntos. Daí o para<strong>do</strong>xo: os <strong>do</strong>is conjuntos são equicardinais, mas um<br />

contem o outro – o to<strong>do</strong> é igual a uma parte.<br />

Segun<strong>do</strong> Radice (1981), foi com gran<strong>de</strong> simplici<strong>da</strong><strong>de</strong> que Cantor clarificou que, no<br />

caso <strong>de</strong> um conjunto infinito, po<strong>de</strong> acontecer que o conjunto e a sua parte, embora não<br />

idênticos, sejam equipotentes, tenham a mesma potência, o mesmo cardinal. E aqui está<br />

a gran<strong>de</strong> diferença entre Cantor e Bolzano. De acor<strong>do</strong> com Wal<strong>de</strong>gg (1991), a teoria <strong>de</strong><br />

Cantor representa um ponto <strong>de</strong> viragem <strong>do</strong> infinito actual em matemática. É a partir<br />

<strong>de</strong>ste momento que o infinito atinge uma posição permanente como objecto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />

com operativi<strong>da</strong><strong>de</strong> própria.<br />

Cantor <strong>de</strong>senvolveu uma teoria que explicava os diferentes conjuntos infinitos, a<br />

teoria <strong>do</strong>s números cardinais transfinitos, basea<strong>da</strong> num tratamento matemático ao<br />

infinito actual. Criou então, um novo tipo <strong>de</strong> número: o transfinito; <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> aos números<br />

1, 2, 3, 4 … não permitirem a contagem <strong>do</strong>s elementos <strong>do</strong>s conjuntos infinitos,<br />

existin<strong>do</strong> <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> finito, um transfinito que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma precisa. Ao<br />

conjunto numerável atribui o menor cardinal transfinito ℵ 0 e ao continuo um número<br />

transfinito maior.<br />

Para <strong>de</strong>senvolver os seus trabalhos em Análise foi necessário fazer uma construção<br />

rigorosa <strong>do</strong>s números reais que assentasse apenas na aritmética. Para isso era necessário<br />

utilizar certos conjuntos <strong>de</strong> pontos, efectuar operações sobre esses conjuntos, consi<strong>de</strong>rar<br />

sucessões <strong>do</strong>s mesmos. Tal como Cantor, De<strong>de</strong>kind e Weirstrass sentiram essa<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong>, porém este foi mais longe.<br />

No século XIX, estava mais ou menos aceite que a existência <strong>de</strong> uma bijecção entre<br />

<strong>do</strong>is conjuntos permitia concluir a igual<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong>s seus elementos. Mas<br />

será que po<strong>de</strong>mos estabelecer uma bijecção entre <strong>do</strong>is conjuntos infinitos? Em caso<br />

afirmativo, os conjuntos têm o mesmo cardinal, caso contrário po<strong>de</strong>mos concluir que<br />

existem infinitos <strong>de</strong> tamanhos diferentes.<br />

Cantor mostrou que, <strong>de</strong> facto, existem infinitos <strong>de</strong> tamanhos iguais e diferentes e foi<br />

mais além que De<strong>de</strong>kind, ao afirmar que os conjuntos infinitos não eram to<strong>do</strong>s iguais<br />

em tamanho. Numa <strong>da</strong>s cartas que escreveu a De<strong>de</strong>kind, facto que era habitual, afirmou<br />

que os conjuntos <strong>do</strong>s números naturais e <strong>do</strong>s números reais não podiam ser postos em<br />

bijecção. Fican<strong>do</strong> então prova<strong>do</strong> que os subconjuntos infinitos <strong>de</strong> têm o mesmo<br />

19

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!