17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

Para Cantor estes eram <strong>do</strong>is conceitos essenciais, sem os quais seria impossível<br />

estabelecer uma teoria completa sobre o infinito actual. Mesmo assim, é inegável a<br />

admiração que Cantor sentia por Bolzano, quer na sua tentativa <strong>de</strong> mostrar que os<br />

para<strong>do</strong>xos podiam ser explica<strong>do</strong>s, quer pela sua ousadia em <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r a introdução <strong>do</strong><br />

infinito actual em matemática.<br />

Duas <strong>de</strong>zenas <strong>de</strong> anos mais tar<strong>de</strong>, Cantor e De<strong>de</strong>kind introduziram novamente a<br />

questão <strong>do</strong> infinito em acto, mas <strong>de</strong>sta vez sem ambigui<strong>da</strong><strong>de</strong>s, obscuri<strong>da</strong><strong>de</strong>, misticismo.<br />

De<strong>de</strong>kind, foi professor na Techishe Hochschule <strong>de</strong> Brunswick, elaborou uma teoria<br />

rigorosa sobre irracionais, ten<strong>do</strong> como fonte <strong>de</strong> inspiração a teoria <strong>da</strong>s proporções <strong>de</strong><br />

Eu<strong>do</strong>xo <strong>de</strong> Cni<strong>do</strong>. De<strong>de</strong>kind criou os números reais e estabeleceu uma correspondência<br />

biunívoca entre pontos <strong>da</strong> recta e os números reais.<br />

Como já foi referi<strong>do</strong>, Galileu consi<strong>de</strong>rava para<strong>do</strong>xal a existência <strong>de</strong> uma bijecção<br />

entre um conjunto infinito e um subconjunto nele estritamente conti<strong>do</strong>. Bolzano<br />

afirmou, embora vagamente, que esse caso “ocorre sempre” em conjuntos infinitos, mas<br />

não concluiu na<strong>da</strong> mais.<br />

Ora, De<strong>de</strong>kind encontrou neste para<strong>do</strong>xo a melhor maneira <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir um conjunto<br />

infinito e expõe as suas i<strong>de</strong>ias no livro Was sind und was sollen die Zahlen? (O que são<br />

e para que servem os números?). Deste mo<strong>do</strong>, “diz-se que um sistema [conjunto] S é<br />

infinito quan<strong>do</strong> é semelhante a uma parte própria <strong>de</strong>le mesmo, caso contrário S diz-se<br />

finito” (cita<strong>do</strong> em Boyer, 1998 [1968]), ou seja, um conjunto S é infinito se e só se é<br />

equipotente a uma parte própria e esta é a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> conjunto infinito mais<br />

correntemente utiliza<strong>da</strong> até hoje. Note-se que sempre se <strong>de</strong>finiu uma quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> infinita<br />

pela negativa, isto é, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> infinita aquela que não é finita. Daí que esta<br />

<strong>de</strong>finição tenha si<strong>do</strong>, também neste senti<strong>do</strong>, uma novi<strong>da</strong><strong>de</strong>.<br />

Mas foi Cantor quem fez com que os conjuntos infinitos se convertessem<br />

<strong>de</strong>finitivamente em objecto <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> matemático.<br />

Relembremos então o para<strong>do</strong>xo que tanto atormentou Galileu: uma parte não po<strong>de</strong><br />

ser igual ao to<strong>do</strong>. Consi<strong>de</strong>remos o conjunto <strong>do</strong>s números naturais e o conjunto A,<br />

constituí<strong>do</strong> pelos seus quadra<strong>do</strong>s. Apesar <strong>de</strong> ser claro que nem to<strong>do</strong>s os números são<br />

quadra<strong>do</strong>s, também não é difícil compreen<strong>de</strong>r que se po<strong>de</strong> estabelecer uma bijecção<br />

18

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!