17.04.2013 Views

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

“Passemos agora à consi<strong>de</strong>ração duma particulari<strong>da</strong><strong>de</strong> altamente notável que po<strong>de</strong><br />

ocorrer na relação entre <strong>do</strong>is conjuntos quan<strong>do</strong> ambos são infinitos, e que na ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

ocorre sempre, mas que até agora tem si<strong>do</strong> <strong>de</strong>scura<strong>da</strong>, com prejuízo <strong>do</strong> reconhecimento<br />

<strong>de</strong> algumas ver<strong>da</strong><strong>de</strong>s importantes tanto na Metafísica como <strong>da</strong> Física e <strong>da</strong> <strong>Matemática</strong>,<br />

e que certamente também agora, quan<strong>do</strong> eu a proferir, será em tal grau ti<strong>da</strong> como<br />

para<strong>do</strong>xal que seria bem necessário <strong>de</strong>morar um pouco mais na sua consi<strong>de</strong>ração. É<br />

que eu afirmo: <strong>do</strong>is conjuntos, que sejam ambos infinitos, po<strong>de</strong>m estar em tal relação<br />

entre si que, por um la<strong>do</strong> é possível ligar num par ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s coisas pertencentes a<br />

um <strong>do</strong>s conjuntos com uma <strong>do</strong> outro, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que nenhuma <strong>da</strong>s coisas em ambos os<br />

conjuntos fique sem ligação num par e também que nenhuma ocorra em <strong>do</strong>is ou mais<br />

pares; e por outro la<strong>do</strong> é ao mesmo tempo possível que um <strong>de</strong>stes conjuntos contenha o<br />

outro como uma mera parte, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que as multiplici<strong>da</strong><strong>de</strong>s que [os conjuntos]<br />

representam, quan<strong>do</strong> consi<strong>de</strong>ramos to<strong>da</strong>s as suas coisas como iguais, isto é, como<br />

uni<strong>da</strong><strong>de</strong>s, têm entre si relações mais varia<strong>da</strong>s”. (Cita<strong>do</strong> em Meschkowski, 1990)<br />

Segui<strong>da</strong>mente, para esclarecer as suas afirmações, Bolzano exemplifica com o caso<br />

<strong>do</strong> conjunto <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>zas compreendi<strong>da</strong>s entre 0 e 5 e o conjunto <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>zas<br />

compreendi<strong>da</strong>s entre 0 e 12, explican<strong>do</strong> a existência <strong>de</strong> uma bijecção entre eles, embora,<br />

com o seu critério, o conjunto <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>zas entre 0 e 5 seja menor <strong>do</strong> que o outro<br />

conjunto.<br />

“Se tomarmos duas gran<strong>de</strong>zas (abstractas) arbitrárias, por exemplo 5 e 12, é claro<br />

que o conjunto <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>zas compreendi<strong>da</strong>s entre 0 e 5 (ou que são menores <strong>do</strong> que<br />

5), tal como o conjunto <strong>da</strong>s gran<strong>de</strong>zas que são menores <strong>do</strong> que 12, é infinito; e é<br />

igualmente certo que o último <strong>de</strong>stes conjuntos se <strong>de</strong>ve dizer maior <strong>do</strong> que o primeiro,<br />

pois este é incontestavelmente apenas uma parte <strong>da</strong>quele. (…) Mas não menos ver<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> que tu<strong>do</strong> isto é o que se segue: se x <strong>de</strong>signar uma qualquer gran<strong>de</strong>za compreendi<strong>da</strong><br />

entre zero e 5 e <strong>de</strong>terminarmos a relação entre x e y através <strong>da</strong> igual<strong>da</strong><strong>de</strong> 5y=12x,<br />

então também y será uma gran<strong>de</strong>za situa<strong>da</strong> entre zero e 12;e reciprocamente, sempre<br />

que y estiver compreendi<strong>da</strong> entre zero e 12, x estará compreendi<strong>da</strong> entre 0 e 5. Também<br />

<strong>de</strong>corre <strong>da</strong>quela igual<strong>da</strong><strong>de</strong> que a ca<strong>da</strong> valor <strong>de</strong> x apenas correspon<strong>de</strong> um valor <strong>de</strong> y e<br />

reciprocamente. Mas <strong>de</strong>stes <strong>do</strong>is [factos] fica claro que, para ca<strong>da</strong> uma = x no<br />

16

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!