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O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

Nos Diálogos Relativos a Duas Novas Ciências consi<strong>de</strong>ra que os infinitos<br />

transcen<strong>de</strong>m o entendimento finito (este será um assunto que abor<strong>da</strong>remos novamente<br />

mais à frente). Fazen<strong>do</strong> a correspondência, <strong>de</strong> um para um, entre to<strong>do</strong>s os números<br />

naturais e os quadra<strong>do</strong>s perfeitos, <strong>de</strong>parou-se com a proprie<strong>da</strong><strong>de</strong> fun<strong>da</strong>mental <strong>de</strong> um<br />

conjunto infinito: uma parte po<strong>de</strong> ser equipotente ao to<strong>do</strong>. Embora Galileu afirmasse<br />

que o número <strong>de</strong> quadra<strong>do</strong>s perfeitos não é menor que o <strong>do</strong>s números naturais, não<br />

conseguiu concluir que são iguais, argumentan<strong>do</strong> antes que os atributos “igual a”,<br />

“maior que” e “menor que” não <strong>de</strong>veriam ser utiliza<strong>do</strong>s para comparar quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

infinitas. Assim, Galileu <strong>de</strong>fendia que não se po<strong>de</strong>ria dizer que um conjunto infinito era<br />

maior, menor ou igual a outro conjunto infinito. Como refere Boyer (1984), Galileu, à<br />

semelhança <strong>de</strong> Moisés, chegou à terra prometi<strong>da</strong> mas não conseguiu lá entrar.<br />

Cavalieri, professor na Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Bolonha, <strong>de</strong>senvolveu as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Kepler<br />

no livro Geometria indivisibilius continuorum, que permitiu um maior entusiasmo <strong>do</strong>s<br />

matemáticos relativamente a problemas relaciona<strong>do</strong>s com os infinitesimais. Mais tar<strong>de</strong>,<br />

1<br />

Jonh Wallis escreveu pela primeira vez ∞, para representar , utilizou expoentes<br />

0<br />

negativos, fraccionários e imaginários, introduziu séries infinitas. Este estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> séries<br />

infinitas apoiou Isac Newton na teoria <strong>de</strong> fluxões, on<strong>de</strong> Newton <strong>de</strong>nominou os<br />

infinitesimais <strong>de</strong> momentos <strong>de</strong> fluxões e introduziu a noção <strong>de</strong> limite embora <strong>de</strong> uma<br />

forma muito confusa.<br />

Assim como Newton, também Leibniz encontrou o novo cálculo, mas este tinha uma<br />

abor<strong>da</strong>gem mais geométrica, ao contrário <strong>da</strong> abor<strong>da</strong>gem <strong>de</strong> Newton que era<br />

essencialmente cinemática. Devemos a Leibniz a notação matemática que usamos no<br />

cálculo <strong>de</strong> hoje, bem como os nomes calculus differentialis e calculus integralis.<br />

Leibniz, numa <strong>da</strong>s suas cartas a Foucher, elogia Grégoire <strong>de</strong> Saint Vicent por ter<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> o local exacto on<strong>de</strong> Aquiles iria encontrar-se com a tartaruga, ten<strong>do</strong><br />

resolvi<strong>do</strong> este para<strong>do</strong>xo <strong>de</strong> Zenão, aceitan<strong>do</strong> assim o infinito actual. No entanto, há que<br />

salientar que Leibniz só concebia o infinito/infinitesimal como facilita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> cálculo e<br />

cujo resulta<strong>do</strong> se exprimia sempre em função <strong>de</strong> quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s finitas.<br />

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