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O Infinito - Departamento de Matemática da Universidade do Minho

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Perspectiva histórica <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> <strong>Infinito</strong> Capítulo 2<br />

ser duplica<strong>da</strong>, mas também duplica<strong>da</strong> ao infinito. (…) Tal infini<strong>da</strong><strong>de</strong> conjunta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />

os números é que escapa à ciência <strong>de</strong> Deus, que compreen<strong>de</strong> certa quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

números e ignora os <strong>de</strong>mais? Quem o dirá, por mais louco que esteja? ”<br />

A obra <strong>de</strong> Santo Agostinho apresenta-se como o expoente máximo <strong>de</strong>sta época e irá<br />

influenciar a filosofia medieval <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o século IX até o século XII. Entre os séculos V e<br />

IX (chama<strong>do</strong>s séculos em branco) não surgiram novas i<strong>de</strong>ias nem discussões sobre o<br />

infinito.<br />

No século XIII, São Tomás <strong>de</strong> Aquino <strong>de</strong>scobre que as traduções <strong>de</strong> Aristóteles não<br />

correspondiam às <strong>do</strong>utrinas originais e conseguiu mostrar que as ver<strong>da</strong><strong>de</strong>iras teorias <strong>de</strong><br />

Aristóteles eram compatíveis com as <strong>do</strong>utrinas cristãs e até as podiam sustentar <strong>do</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista filosófico. Assim, a noção <strong>de</strong> infinito continuava meramente potencial,<br />

com excepção <strong>do</strong> infinito absoluto representa<strong>do</strong> por Deus.<br />

2.3. No século XVII<br />

Foi já no século XVII, apesar <strong>de</strong> <strong>de</strong>sconhecerem o méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> Arquime<strong>de</strong>s, que<br />

Cavalieri, Torricelli e Galileu fizeram renascer a i<strong>de</strong>ia <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> divisão <strong>de</strong> um<br />

contínuo num conjunto infinito <strong>de</strong> partes indivisíveis.<br />

Cavalieri fun<strong>do</strong>u e Torricelli <strong>de</strong>senvolveu a “geometria <strong>do</strong>s indivisíveis”, sobre a<br />

qual viria mais tar<strong>de</strong> a fun<strong>da</strong>mentar o cálculo infinitesimal. Galileu, por razões<br />

filosóficas e físicas, afirmou, <strong>de</strong> uma maneira mais clara e ousa<strong>da</strong> que os seus discípulos<br />

Cavalieri e Torricelli, que era possível reduzir um contínuo limita<strong>do</strong> em elementos<br />

“primeiros” infinitos indivisíveis.<br />

Galileu foi o primeiro a perceber que este facto poria em evidência certos para<strong>do</strong>xos<br />

e por isso teve alguma prudência em termos matemáticos. Preocupou-se mesmo com a<br />

comparação <strong>de</strong> dimensões <strong>de</strong> conjuntos infinitos pelo processo que ain<strong>da</strong> hoje usamos:<br />

a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> correspondências.<br />

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