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Gaspar<br />
e o bebé<br />
Naquele dia, os pais do Gaspar<br />
pareciam um pouco atrapalhados.<br />
O que teriam eles? - perguntava-se o<br />
nosso amigo, vendo que o pai estava<br />
sempre a andar de um lado para o<br />
outro e que a mãe não parava de<br />
mexer as mãos. Até que ambos<br />
se sentaram no sofá e chamaram o<br />
nosso amiguinho.<br />
Pai – Temos uma coisa muito<br />
importante para te dizer, Gasparzito.<br />
A nossa família vai aumentar...<br />
Mãe – Sabes, filho, a mamã vai ter um<br />
bebé e tu vais ficar<br />
com um irmãozinho ou uma irmãzinha.<br />
Vamos ficar muito felizes!<br />
Mas Gaspar não ficou nada contente<br />
com a ideia. Nunca mais<br />
seria o filho único a receber todos os<br />
miminhos a que estava habituado. E<br />
tinha a certeza, certezinha, que os pais<br />
iriam deixar de gostar dele, ou, pelo<br />
menos, gostariam mais do irmão.<br />
Os meses foram passando e tudo<br />
piorava: parecia que o mundo<br />
girava em volta da barriga da mãe<br />
que, entretanto, não parava de crescer.<br />
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Mãe – Olha, Gaspar, o bebé está a<br />
mexer-se! Sente!<br />
Gaspar – Mamã, achas que ele vai ser<br />
cor-de-rosa como eu?<br />
A mãe, percebendo a sua inquietação,<br />
procurou tranquilizá-lo.<br />
Mãe – Gasparzinho, não estejas<br />
preocupado tu és único no mundo e<br />
eu e o papá vamos gostar<br />
sempre muito de ti.<br />
Mas Gaspar não se convencia disso e<br />
desconfiava até que os seus amigos<br />
iriam deixar de gostar dele, pois<br />
estavam todos entusiasmados com a<br />
ideia de verem o bebé.<br />
No quartinho novo destinado ao bebé<br />
os amiguinhos distribuíam as tarefas.<br />
Xavier – Eu pinto a parede do quarto!<br />
Matilde – Eu vou oferecer-lhe a mais<br />
bonita bola de futebol que tenho.<br />
Ele vai ficar contente!<br />
Xico – Matilde, nós não sabemos ainda<br />
se vai ser um ele ou uma ela.<br />
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Gaspar – Tenho a certeza que vai ser<br />
um irmão e que vai ter a mesma cor<br />
que eu: cor-de-rosa. Vou deixar de ser<br />
o único cão-de-rosa do mundo!<br />
Mimi – Gaspar, não digas isso! A<br />
Natureza é maravilhosa e nunca se<br />
repete. Repara nas flores; por muito<br />
parecidas que sejam têm sempre uma<br />
pequena diferença entre elas. Todos<br />
somos diferentes. Por isso, mesmo que<br />
tenhas um irmão cor-de-rosa, vais<br />
continuar a ser único, o nosso Gaspar<br />
de quem tanto gostamos.<br />
Pinguick – E já viste como é bom ter<br />
um irmão, Gaspar? Um bebé é o<br />
nascimento de uma nova vida e isso<br />
traz muita felicidade ao mundo. Todos<br />
gostaríamos de estar no teu lugar...<br />
Tomás – E vais ter um novo amiguinho,<br />
que brincará muito contigo e a quem<br />
poderás ensinar tudo o que sabes!<br />
Gaspar – Oh! Vai é roubar-me os meus<br />
brinquedos!<br />
Todos se riram da nova preocupação<br />
do Gaspar, que já estava mais<br />
contente e até ajudava a decorar<br />
o quarto. Ele que sabia fazer tantas<br />
coisas diferentes e que tinha ideias<br />
tão giras deu um toque especial a<br />
tudo: decidiu pintar o quarto de corde-rosa,<br />
mesmo não sabendo se teria<br />
um irmão ou uma irmã.<br />
Gaspar – Assim fica com a minha cor,<br />
eh, eh, eh!<br />
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Fez lindos desenhos que colou nas<br />
paredes e usou uns brinquedos velhos,<br />
mas ainda bonitos, para enfeitar<br />
o resto.<br />
Tudo estava finalmente pronto quando<br />
o telefone tocou.<br />
Gaspar atendeu e trouxe uma grande<br />
notícia: o bebé acabara de nascer!<br />
Ao chegar junto dos pais, no hospital,<br />
Gaspar teve a maior surpresa da sua<br />
vida: tinha uma linda irmã, tão<br />
pequenina que encantava qualquer<br />
um!<br />
Gaspar – A minha mana é tão bonita!<br />
É branquinha como a neve!<br />
Mãe – Agora já somos quatro na<br />
família.<br />
Pai – E para te provarmos que<br />
gostamos muito de ti, dos dois,<br />
vais ser tu a escolher o seu nome.<br />
Gaspar ficou orgulhoso e nem sabia<br />
como agradecer aos pais.<br />
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Gaspar – Hum... eu gostava que ela<br />
se chamasse... hum... Margarida,<br />
porque ela parece uma flor<br />
branquinha!<br />
Gaspar lembrava-se da lição sobre a<br />
Natureza que a Mimi lhe tinha dado.<br />
Gaspar – Mãe, posso dar-lhe banho?<br />
E já agora queria vestir-lhe<br />
a roupinha nova... e brincar com ela<br />
no jardim... e penteá-la... e...<br />
Gaspar estava encantado! Tinha<br />
percebido finalmente o valor da vida<br />
e sabia que os seus pais nunca o<br />
deixariam de parte. Ele e Margarida,<br />
a sua nova irmã, eram únicos no<br />
mundo!<br />
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