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Taciano - Discurso Contra os Gregos - Ibpan.com.br

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At<strong>os</strong>a. Portanto, deixai de lado esse v<strong>os</strong>so orgulho e não frente a elegância de v<strong>os</strong>sas palavras, vós que,<<strong>br</strong> />

ao elogiar-v<strong>os</strong> a vós mesm<strong>os</strong>, tendes para v<strong>os</strong> aplaudir <strong>os</strong> de v<strong>os</strong>sa própria casa. O homem que p<strong>os</strong>sui<<strong>br</strong> />

inteligência deve esperar o testemunho d<strong>os</strong> outr<strong>os</strong> e concordar <strong>com</strong> eles quando fala. Acontece, porém,<<strong>br</strong> />

que só a vós sucede que não coincidis nem em v<strong>os</strong>sa maneira de falar.<<strong>br</strong> />

Com efeito, <strong>os</strong> dóri<strong>os</strong> não falam <strong>com</strong>o <strong>os</strong> atenienses, nem <strong>os</strong> eóli<strong>os</strong> pronunciam <strong>com</strong>o <strong>os</strong> jôni<strong>os</strong>.<<strong>br</strong> />

Havendo, pois, tão grande discussão entre vós onde não deveria existir, eu me acho em dúvida so<strong>br</strong>e a<<strong>br</strong> />

quem deveria dar o nome de grego. O mais estranho de tudo é que favorecestes expressões não castiças<<strong>br</strong> />

e, abusando de palavras bárbaras, transformastes a v<strong>os</strong>sa fala numa verdadeira algaravia. Por isso<<strong>br</strong> />

renunciam<strong>os</strong> à v<strong>os</strong>sa sabedoria, por mais que algum de nós tenha sido extremamente ilustre nela. De<<strong>br</strong> />

fato, segundo o cômico, tudo isso não passa de "galh<strong>os</strong> sec<strong>os</strong>, palavrório afetado, escolas de andorinhas,<<strong>br</strong> />

corruptores da arte", e <strong>os</strong> que se deixam dominar por isso sabem apenas roncar e emitir grasnad<strong>os</strong> de<<strong>br</strong> />

corv<strong>os</strong>. A retórica que <strong>com</strong>pusestes para a injustiça e a calúnia, vendendo a peso de ouro a liberdade de<<strong>br</strong> />

v<strong>os</strong>s<strong>os</strong> discurs<strong>os</strong>, e muitas vezes o que de imediato v<strong>os</strong> parece justo, logo o apresentais <strong>com</strong>o coisa não<<strong>br</strong> />

boa; a poesia, porém, v<strong>os</strong> serve para cantar as lutas, <strong>os</strong> amores d<strong>os</strong> deuses, e a corrupção da alma.<<strong>br</strong> />

Zombaria contra <strong>os</strong> filósof<strong>os</strong><<strong>br</strong> />

2. Com a v<strong>os</strong>sa fil<strong>os</strong>ofia, o que produzistes que mereça respeito? Quem, d<strong>os</strong> que passam pel<strong>os</strong> mais<<strong>br</strong> />

notáveis ficou isento de arrogância? Diógenes, <strong>com</strong> a <strong>br</strong>avata do seu barril, <strong>os</strong>tentava a sua<<strong>br</strong> />

independência; depois <strong>com</strong>eu um polvo cru e, atacado por cólicas, morreu de intemperança; Arístipo,<<strong>br</strong> />

passeando <strong>com</strong> o seu manto de púrpura, entregava-se à dissolução mantendo a aparência de gravidade;<<strong>br</strong> />

Platão, <strong>com</strong> toda a sua fil<strong>os</strong>ofia, foi vendido por Dioniso por causa de sua glutonaria. Aristóteles, que<<strong>br</strong> />

nesciamente estabeleceu limites para a providência e definiu a felicidade pelas coisas de que ele<<strong>br</strong> />

g<strong>os</strong>tava,. agradava muito depressa o rapaz louco Alexandre que, por certo muito aristotelicamente,<<strong>br</strong> />

colocou numa jaula um amigo seu porque este não quis adorá-lo, e o levava em todo lugar <strong>com</strong>o um urso<<strong>br</strong> />

ou um leopardo. Ao men<strong>os</strong> obedecia fielmente a<strong>os</strong> preceit<strong>os</strong> do seu mestre, m<strong>os</strong>trando o seu valor e a<<strong>br</strong> />

sua virtude n<strong>os</strong> banquetes, e atravessando <strong>com</strong> a sua lança o mais íntimo e querido de seus amig<strong>os</strong>,<<strong>br</strong> />

depois chorando e negando-se a <strong>com</strong>er para fingir tristeza, a fim de não atrair o ódio d<strong>os</strong> seus.<<strong>br</strong> />

Também poderia rir-me d<strong>os</strong> que até agora seguem as doutrinas de Aristóteles que, afirmando que as<<strong>br</strong> />

coisas aquém da lua carecem de providência, apesar de estarem mais perto da terra do que a lua e mais<<strong>br</strong> />

baixo do que o curso desta, elas provêm o que a providência não alcança; <strong>os</strong> que não têm beleza, nem<<strong>br</strong> />

riqueza, nem força corporal ou no<strong>br</strong>eza de origem, segundo Aristóteles também não p<strong>os</strong>suem felicidade.<<strong>br</strong> />

Que estes continuem fil<strong>os</strong>ofando.<<strong>br</strong> />

3. Não p<strong>os</strong>so aprovar Heráclito, quando diz:"Eu ensinava a mim mesmo", por ser autodidata e também<<strong>br</strong> />

soberbo. Nem o louvaria por ter escondido o seu poema no templo de Ártemis, para que depois a sua<<strong>br</strong> />

edição ficasse envolta em mistério. Os que se interessam por essas questões dizem que o poeta trágico<<strong>br</strong> />

Eurípedes foi lá, leu o livro e propagou de memória e <strong>com</strong> todo empenho as trevas de Heráclito. Mas o<<strong>br</strong> />

que pôs em evidência a sua ignorância foi o modo <strong>com</strong>o morreu: atacado de hidropisia, e tratando a<<strong>br</strong> />

medicina <strong>com</strong>o a fil<strong>os</strong>ofia, envolveu-se <strong>com</strong> estrume de boi e, quando este endureceu, produziu<<strong>br</strong> />

convulsões em todo 0 seu corpo e ele morreu de espasmo. Também se deve rejeitar Zenão, quando ele<<strong>br</strong> />

afirma que por meio da conflagração universal <strong>os</strong> mesm<strong>os</strong> homens ressuscitarão para as mesmas ações:<<strong>br</strong> />

Amito e Meleto para acusar Sócrates; Busíris para matar seus hóspedes e Herácles para repetir seus<<strong>br</strong> />

trabalh<strong>os</strong>. Na hipótese da conflagração, Zenão admite mais maus do que bons, pois houve apenas um<<strong>br</strong> />

Sócrates e um Herácles e outr<strong>os</strong> do mesmo tipo, que sempre foram pouc<strong>os</strong> e não muit<strong>os</strong>. Segundo ele,<<strong>br</strong> />

sempre haverá mais maus do que bons, e o próprio Deus aparecerá <strong>com</strong>o autor do mal ao ter que morar<<strong>br</strong> />

em cloacas, entre vermes e malfeitores.

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