PENSANDO A RELAÇÃO TEORIA E PRÁTICA NA ... - CCE
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conhecimento acadêmico retomado, desenvolver nossa proposta de discussão sobre a<br />
relação teoria e prática na formação docente, chegamos ao momento em que<br />
procuramos responder a pergunta que deu origem às nossas reflexões:<br />
As participantes vêem a relação entre teoria e prática em seu fazer diário?<br />
Apesar de a relação entre teoria e prática ter sido abordada em diferentes<br />
estágios das discussões do grupo, houve um momento em que um dado texto trouxe este<br />
tema à tona. Estamos nos referindo à discussão do texto de Wallace (1995), durante a<br />
qual, utilizando uma colocação do autor, dirigi às participantes a seguinte pergunta: e se<br />
nós pensarmos a respeito da nossa prática, vocês teriam isso que o autor chama de<br />
justificativa intelectual para a sua prática?<br />
Como resposta a esta pergunta tivemos diferentes manifestações das<br />
participantes. Eduarda disse ter uma teoria própria, fruto de todas as teorias que conhece<br />
aplicadas à sua realidade. Suzana e Cláudia discordaram de Eduarda enfatizando a<br />
influência de alguns fatores, dentre eles a própria maneira em que foram ensinadas, em<br />
sua prática como professora. A participante Patrícia não respondeu diretamente à<br />
pergunta, mas retomando uma passagem do texto, ela afirmou que a teoria do professor<br />
aparece quando reavaliamos uma dada proposta de acordo com o nosso contexto de<br />
atuação.<br />
Poderíamos embasar nossa resposta nas colocações apresentadas, contudo, é<br />
necessário levar em consideração as reelaborações que o período de formação<br />
colaborativa proporcionou. Dessa forma, temos em nosso sétimo encontro um momento<br />
em que Eduarda retoma suas colocações acerca da relação entre teoria e prática,<br />
demonstrando um novo entendimento sobre o assunto. Aqui, não poderíamos deixar de<br />
ressaltar a importância do grupo de reflexão como promotor da revisão que Eduarda faz<br />
em torno de suas concepções.<br />
Eduarda revelou que foi em nossos encontros que começou a pensar sobre<br />
teorias. Até então tendia a rejeitá-las como algo que era proposto por alguém que<br />
desconhecia sua realidade. Ela acrescentou que suas considerações foram motivadas<br />
pela leitura de um texto que discutimos em grupo. Apesar de não conseguir precisar em<br />
qual exatamente, ela reconhece que sua prática possui uma base teórica (acadêmica e<br />
pessoal). Todavia, a participante mantém a relevância de seu papel na interação com as<br />
teorias acadêmicas, para que estas possam ser relevantes em seu contexto de atuação.<br />
A partir do que observamos, poderíamos dizer que, em princípio, a relação entre<br />
o conhecimento acadêmico e a prática não estava clara para algumas participantes.<br />
Contudo, o período de reflexão serviu também a este propósito, fazendo com que<br />
pudessem reconhecer a presença de conhecimentos que subjazem ao seu fazer<br />
pedagógico. Não aprofundamos esta questão a ponto de as participantes conseguirem<br />
precisar quais princípios servem de base para seu ensino. Entretanto, a existência da<br />
relação entre conhecimentos acadêmicos e pessoais de cada professor com a prática que<br />
realiza foi reconhecida.<br />
Além disso, a participante Eduarda trouxe para a discussão um importante<br />
elemento: a existência de uma teoria criada pelo próprio professor. Isso enriqueceu<br />
ainda mais o processo que intencionávamos promover, pois as participantes não apenas<br />
reconheceram que conhecimentos acadêmicos estão presentes em suas ações, mas que a<br />
interação promovida entre esses conhecimentos e o dos professores dá origem a novas<br />
teorias. Como ressalta Pimenta (2002), é a articulação entre os saberes dos professores e<br />
os conhecimentos acadêmicos que permite a ressignificação de ambos.<br />
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